Cargo 1932 era “aposta eficiente” da Ford em 2011

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Após o Teste Comparativo Cargo 1932 e 1933, a série Baú da TRANSPORTE MUNDIAL traz ao internauta o teste com o Cargo 1932, que, na época de seu lançamento, chegou oferecendo consumo amigável, condução agradável ao motorista e que recebia cabine-leito. Veja a matéria da época:

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Depois de triunfar no mercado de caminhões com sua família Cargo, quando tinha em torno de 18% de participação no Brasil, a Ford apresentou um novo projeto de cabine que, atenta aos interesses do transportador brasileiro, incorporou a cabine-leito, a primeira no portfólio da marca, até então. Contudo, manteve o trem de força, o motor Cummins ISC 315 de potência intermediária, 320 cv, e o câmbio mecânico Eaton com 12 relações, que estava mais caprichado e sincronizado. Trata-se de uma mecânica que atende as operações de curtas a médias distâncias, sobretudo no transporte de cargas volumosas sem grande densidade.

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Outro atributo desse modelo é a relação de diferencial longa (3,58:1), que, em trabalho com o motor, se traduz em agilidade e economia de combustível. Para se ter uma ideia, na rota São Paulo a Botucatu, pela rodovia Castelo Branco, a qual percorremos com o caminhão que estava sendo avaliado também pela Brastransportes, o veículo superou rapidamente as demandas do pedal do acelerador e do câmbio. 

A cifra de torque que oferece o ISC, cerca de 128 mkgf a 1.300 rpm, vai bem nas retomadas, mas já com o caminhão em ação. Nas saídas, com o veículo parado, por exemplo, num semáforo, deixa um pouco a desejar. “Mas nada que comprometa a condução”, lembra Vitor Elias dos Santos, motorista da Brastransportes.
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Tivemos uma mostra disso durante a saída de São Paulo, para acessar o Rodoanel Mário Covas. Na saída de um semáforo, Vitor teve de arrancar com o caminhão e rapidamente pular para 3ª marcha para que ele pudesse ganhar embalo. Nesse momento o caminhão estava a 30 km/h a 1.500 rpm. Mas na opinião do motorista, todo o conjunto motriz parece contribuir para uma condução altamente eficiente. 

A presença de um câmbio com uma relação longa só não é muito favorável em rodovias com muitos aclives, circunstância que obrigara caixa FTS – 16112 da Eaton a trabalhar reduzindo marchas. O que não foi o caso durante essa avaliação. Pelo perfil da rodovia, com poucos aclives e declives, não foi possível tirar a impressão do câmbio num trabalho árduo, porém, por exigir muitas trocas de marchas, graças às oscilações da estrada, conseguimos averiguar que a transmissão trabalha em plena harmonia com o motor e as trocas realmente estavam mais macias e precisas. Razão da decisão acertada da Ford em manter na linha o mesmo conjunto.
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Na prática, por mais que o motorista alcance uma alta velocidade mesmo que em pouca marcha, em pista plana, o motor não sai da linha verde da rotação, que nesse modelo fica entre 1.200 e 2.000 rpm. Isso se traduziu em econômia de combustível, pois no teste que teve percurso de 211,4 km, o caminhão consumiu 52,83 litros ou seja, 4 km/l. 

Do lado de dentro, os elementos atrativos não faltam ao Cargo 1932; é perceptível o nível de acabamento interno e a qualidade do material utilizado. O conforto é sentido também graças à suspensão da cabine, isso deixou o caminhão mais macio. Sem entrar na seara de comparativos, mas vale ressaltar que na cabine anterior o habitáculo estava praticamente rígido no chassi. A nova suspensão é composta por quatro amortecedores, dois dianteiros e dois traseiros, e resultam em menos impacto do caminhão das oscilações nas estradas.

O painel, até então um projeto com cerca de 20 anos, nessa repaginada ganhou um desenho mais moderno e recebeu material mais amigável ao meio ambiente tendo o cizal na composição, o que colaborou para a redução do nível de ruídos e vibração internas, além de minimizar os efeitos dos raios solares, deixando o ambiente interno menos abafado.

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Com o conceito “Vida a Bordo” a Ford quis trabalhar os espaços e o uso dos materiais que compõem o habitáculo para deixá-lo o mais confortável possível para quem vai enfrentar longos períodos dentro da cabine. Por isso, além da atenção especial dada ao painel, que está mais ergonômico, com os comandos mais próximos do motorista, o ambiente incorporou mais porta-objetos, incluindo porta-copos, garrafas e espaço para colocar documentos entre os bancos. Dentro desse conceito, a Ford aprimorou alguns itens, como os vidros elétricos que são de série e as travas opcionais.

O sistema de ar foi outro ponto a favor, as saídas estão mais bem distribuídas e contribuiram para deixar a cabine mais arejada. O caminhão também possui escotilha que permite a circulação de ar com opção de abertura para frente e para trás. Cada assento tem um sistema de iluminação próprio, o que permite, por exemplo, o acompanhante mantê-la acesa sem incomodar o motorista quando estiver dirigindo.

Os bancos ganharam um formato mais anatômico, com espuma de alta densidade que contribui para uma posição mais cômoda e confortável para o motorista e acompanhante, este também conta com espaço para movimentar as pernas mesmo estando sentado, pois o piso é amplo, possibilitando esticá-las.

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Embaixo do banco do passageiro há um compartimento para guardar macaco, triângulo e chave de roda. Ainda vale acrescentar que o banco do motorista possui suspensão pneumática de série com regulagem de altura e profundidade. O mesmo nível de acabamento se tem na área de descanso. Nas palavras do motorista Vitor Elias: “achei a largura da cama uma das maiores, eu conheço os caminhões que fazem concorrência com esse aqui, e acho que essa cama é a mais ampla.”

Na área de descanso há espaço para guardar a bagagem e uma rede para guardar objetos como livros e revistas. Por fora, o design se sobressai, tanto é que nessa avaliação sua nova “cara” chamou a atenção de vários motoristas na estrada. Numa rápida parada para um café, muitos caminhoneiros pediram para ver de perto a nova cabine, e o resultado não poderia ser melhor, foi unânime, todos gostaram do novo desenho e, a primeira vista, aprovaram o espaço interno. Mas além da estética, o caminhão ganhou detalhes que o deixaram mais aerodinâmico.

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A visibilidade também foi pensada nesse projeto, pois há uma ampla área envidraçada. Dois defletores aliam o efeito visual de movimento e contribuem para criar um fluxo de ar nas laterais da cabine, que, além de serem funcionais do ponto de vista aerodinâmico, segundo a Ford, ajuda a manter as portas limpas. As escadas permitem o fácil acesso, e o motorista conta com apoio de duas alças posicionadas junto a porta.

Não precisa ser um expert para afirmar que a Ford desenvolveu um produto competitivo e que vai render muitos frutos para a marca, além de tornar a vida de muitos transportadores mais produtiva, porque trata-se de um caminhão eficiente. o Ford Cargo 1932, ano 2011, hoje é encontrado a partir de R$ 90 mil.