Conforme a TRANSPORTE MUNDIAL noticiado na edição de nº 172, a Ford Caminhões lançou uma nova família Cargo, denominada como Cargo Power. O principal destaque do lançamento é o motor Cummins ISB6.7 302 de 306 cv, que passa a ser o mais potente entre os caminhões equipados com motores até 7 litros. São modelos que vão cobrir a necessidade do transporte na categoria entre 17 t e 30 t de PBT (Peso Bruto Total) com configurações de eixo 4×2, 6×2, 6×4 e 8×2.

O carro-chefe da nova família é o Cargo 2431 6×2. A razão disso é a demanda maior por caminhões trucados principalmente para distribuição (baú, frigorífico e bebidas), carroceria aberta e tanques de combustível. Do total de vendas de caminhões, o segmento 6×2 fica com 17%, o 4×2 com 14% e 6×4 com 4%.

A renovação do Cargo 2431 tem foco em conquistar clientes do VW Constellation 24.280, líder do segmento há 12 anos, e do Mercedes-Benz Atego 2430, segundo colocado em 2017. Ainda disputam o segmento o Iveco Tector 240E30, Volvo VM 270 e Scania P 310. Veja na reportagem a partir da página 38, uma análise da posição e características de cada um desses modelos.

Nesta reportagem vamos focar no 2431. Vale destacar que o 2429 continuará no portfólio da marca como versão de entrada no segmento 6×2 e apenas com a opção do câmbio manual de 6 velocidades e redução nos cubos.

Trem de força reforçado

Para melhorar a competitividade do Cargo 2431 diante dos principais concorrentes, a Ford não só aumentou a potência como também reforçou diversos componentes para garantir durabilidade e, mesmo com desempenho maior, reduzir o consumo de combustível.

Para o aumento da potência de 286 cv para 306 cv e o torque de 96,9 mkgf para 112,2 mkgf não foi feita apenas a calibração e a parametrização do software no novo módulo eletrônico. Foi adotado novo turbocompressor, com geometria redesenhada, rotor mais potente e aumento da pressão de trabalho.

O intercooler teve a capacidade de resfriamento aumentada e, para o maior fluxo de ar, a capacidade do filtro foi ampliada. Tudo isso para que mais potência não signifique mais consumo e, sim, melhor eficiência na mistura ar/diesel. Por outro lado, maior geração de calor pede maior eficiência do resfriamento do motor, por isso, foi adotado ventilador do radiador com hélice maior.

Segundo Nelson Palmerio, gerente de engenharia do trem de força da Ford, além dos ganhos de potência e torque, essas alterações promovem uma combustão mais homogênea e garantem melhores retomadas.

De fato, no teste feito na pista da Ford em Tatuí (SP), foi perceptível a maior rapidez no ganho de velocidade graças à chegada no torque máximo a apenas 1.100 rpm. Como os bicos injetores passam a ser mais exigidos, eles receberam tratamentos de nitretados para garantir maior durabilidade devido a maior temperatura.

Se o motor entrega mais torque e de forma mais rápida para roda, toda a transmissão precisou ser redimensionada. Foram adotadas nova calibração da transmissão, embreagem reforçada, novos eixos cardãs e novas relações do eixo motriz. Agora as reduções são: 3,91:1 ou 4,30:1 (câmbio manual) e 3,73:1 / 3,91:1 / 4,10:1 / 4,30:1 (transmissão automatizado).

A caixa manual é Eaton ES-11209 de 9 velocidades e a automatizada (Torqshift) é Eaton ES-11109LA de 10 velocidades. Segundo Oswaldo Ramos, diretor de vendas e marketing da Ford, a tendência este ano é que 70% das vendas do 2431 seja da versão Torqshift, considerando que, em 2017, 50% da demanda já foi pelo câmbio automatizado.

“O cliente que compra o caminhão com câmbio manual é aquele que olha apenas o preço inicial. Já o que opta pelo automatizado é quem faz a conta completa, como consumo menor e redução de gastos com manutenção. Isso, fora a maior segurança devido ao menor estresse do motorista”, argumenta.

As demais características técnicas do Cargo 2431 seguem mantendo as do Cargo 2429, com capacidade do tanque de combustível de 275 litros (550 litros opcional), capacidade de carga de 23.000 kg de PBT (Lei da Balança) e 24.150 kg de PBT técnico. A capacidade de tração é 38.000 kg, portanto, além do peso sobre o chassi, tem força para puxar um reboque de 16.000 kg (reboque mais carga).

Também não houve mudança no sistema de freios, já que não teve alteração na capacidade de carga. O sistema é a ar, tipo “S” Cam com circuito duplo, dianteiros e traseiros a tambor, com ABS, ASR (controle de tração) e EBD (controle da distribuição da força de frenagem).

Mercado

Com o lançamento do Cargo 2431, a Ford foca a liderança do segmento 6×2, responsável por 17% de toda a indústria de caminhões. Além do 2431 e do Cargo 2429, o Cargo 2423 completa a linha Ford de chassi rígido 6×2.

Segundo Oswaldo Ramos, as 500 primeiras unidades do Cargo 2431 serão vendidas pelo preço do 2429. Conforme pesquisa Fipe, o preço médio tem sido R$ 242.882. No caso da versão Torqshift, deve se acrescentar mais R$ 15 mil. Após o fim das 500 unidades, o valor acrescido será de R$ 3 mil, portanto, entre R$ 245 mil e R$ 246 mil. Os valores variam em função da região do país e da negociação feita individualmente com cada cliente.

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).