Descarte irregular é destaque em fórum da Abrapneus

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Desde que o Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) começou a obrigar os fabricantes de pneus a realizar a coleta e reciclagem dos pneus após a vida útil deles, em 1999, as imagens de montanhas de pneus em aterros ou terrenos vagos passaram a serem raras. Para isso, atender a exigência no Conama, a indústria brasileira de pneus, por meio da associação delas (Anip), criaram a Reciclanip e, atualmente, um volume equivalente a pouco mais de 100% dos pneus fabricados no país são reciclados. Porém, em razão dos pneus importados, ainda é possível encontrar muitos pneus abandonados país afora, principalmente nas regiões do Nordeste, Norte e Centro-Oeste.

Para discutir o problema, a Abrapneus (Associação Brasileira dos Revendedores de Pneus) realizou no último dia 29 de setembro, em São Paulo, o 1º Fórum de Debates da entidade, reunido empresário do setor, tendo à frente o jornalista e diretor de redação da revista e site TRANSPORTE MUNDIAL, Marcos Villela, o gerente geral da Reciclanip, César Faccio, o CEO da Campneus, Maurício Canineo e Dirceu Delamuta, presidente da Abrapneus.

Durante o fórum os debatedores ressaltaram a importância das empresas do setor automotivo, em especial os revendedores de pneus, em trabalhar o tema sustentabilidade diretamente com o público final. “Precisamos colocar em questão o que ocorre com o pneu após ele ser vendido. O consumidor precisa ter consciência de destinar o item à reciclagem em empresas certificadas e que tenha práticas sustentáveis regulamentadas pela lei”, declarou Delamuta.

O CEO da Campneus, Maurício Canineo, declarou que a companhia vende mais de 40 mil pneus por mês, mas entrega para a Reciclanip apenas 17 mil. “No Nordeste a cadeia é mais longa pela dificuldade logística. Custo logístico pode ser um entrave porque recair sobre o custo do pneu ainda não está aprovado pelas partes interessadas. É muito importante que se faça conscientização dos clientes para que ao trocarem pneus ele deixe o pneu para reciclagem”.

Cesar Faccio explicou que a Resolução 416/09 possui mais de mil pontos de coleta e a ideia é trabalhar com consórcios de municípios. “As Secretarias de Saúde são grandes parceiras por conta da questão do acúmulo de pneus que pode gerar zika e dengue. Atualmente Sul e Sudeste representam 72% da coleta. Nosso maior desafio é aumentar essa coleta no Nordeste”. Dados da Reciclanip amostram que as cimenteiras são o principal responsável pela utilização dos resíduos, com 67% da utilização, com 26 parceiros, 18 locais fazem a trituração e 11% vai para pisos sintéticos.

Faccio destacou ainda que a Reciclanip tem R$114 milhões da indústria para a reciclagem este ano. “O rateio do custo de reciclagem varia de acordo com o Market share da indústria” Villela completou dizendo que “a indústria que usa o pneu reciclado deveria ser incentivada a crescer para que o processo seja sustentável”. Os debatedores ressaltaram que é preciso mapear as microrregiões de volta para ser viável a coleta logisticamente.


O presidente da Abrapneus disse que a rastreabilidade do produto que passa pela revenda é algo simples de controlar; o desafio é mapear os pneus que não passam. “Estamos avançando nesse sentido, porém a informalidade é uma grande pra preocupação. Outros canais de venda não têm essa regulamentação para que seja possível rastrear o pneu. E com isso temos esse grande problema que é o descarte irregular”.

O público presente participou do debate com perguntas sobre o tema, estimulando mais ainda a conversa sobre sustentabilidade. “É bom perceber que estamos alinhados com um mesmo objetivo: regulamentar o setor e diminuir o impacto ambiental. Tenho certeza que saíram boas ideias e que logo estarão em pratica no mercado”, finalizou Dirceu Delamuta.