O fabricante holandês de caminhões DAF Trucks está espalhando suas asas. Ele lançou a nova série XF e CF no início do ano, está expandindo seus mercados mundialmente e está aumentando sua produção de forma constante. Desde o ano passado, a DAF Trucks tem um americano, Preston Feight, no comando. Nós o visitamos em seu escritório, em Eindhoven, na Holanda, e discutimos vários tópicos. Veja os principais:

Preston

TRANSPORTE MUNDIALPode descrever sua posição no mercado de caminhões da União Europeia?

Preston Feight • Nossa participação no mercado de caminhões pesado europeu aumentou de 14,6%, em 2015, para 15,5% no ano passado. Três anos atrás, introduzimos a DAF Transport Efficiency. Esta filosofia visa reduzir continuamente os custos de propriedade de nossos clientes ao reduzir o consumo de combustível e os custos de manutenção, e, ao mesmo tempo, oferecer o maior tempo de atividade possível.

TMCavalo mecânico e chassi rígido: como você planeja alcançar o equilíbrio?

Feight • Aí há desafios. A DAF, tradicionalmente, é muito forte no mercado de cavalo mecânico. Mas eu quero que a DAF seja dominante no segmento rígido também. E isso é certamente possível. No Reino Unido, temos um bom equilíbrio. Na Holanda vendemos uma porcentagem proporcionalmente maior de rígidos também. Não vejo porque não podemos ter igual sucesso em todos os lugares.

TM • Você vai continuar investindo?
feight • Investir está em nossos genes. Estamos finalizando a construção da nova fábrica de pintura de cabine. Não é exagero dizer que esta unidade de pintura terá qualidade de tinta geralmente associada aos melhores carros de luxo. E há mais, como uma nova prensa de estampagem, a instalação de novos equipamentos de usinagem de blocos e cabeçotes na fábrica de motores e instalações de moagem de engrenagem altamente sofisticadas para os diferenciais do eixo traseiro.

TM • Qual retorno sobre os novos XF e CF você obteve do mercado?

Feight • Até agora tivemos uma excelente resposta dos nossos clientes. A geração atual do nosso Euro 6 DAF CF e XF não são apenas os caminhões mais confiáveis que já construímos. Eles estabelecem novos padrões. Este foi um desafio significativo para dizer o mínimo, mas o resultado é impressionante. A equipe redesenhou todo o trem de força. Dos motores MX-11 e MX-13, transmissão, eixos e pós-tratamento de gases. Ao dirigir a velocidades de cruzeiro, os motores agora funcionam cerca de 1.000 rpm. E a partir de 900 rpm, os motores oferecem torque máximo. A combinação de silêncio na cabine, a ausência de vibrações e a força em baixas rotações garantem colocar um sorriso no rosto de cada motorista.

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Assim, o New CF e o New XF executam muito bem quando se trata do conforto do condutor. Mas para o proprietário é ainda mais importante saber que nossos novos caminhões oferecem 7% de economia de combustível em relação aos caminhões atuais. E, para provar esta impressionante melhoria de 7%, estamos executando testes com nossos clientes e esses testes confirmam que nossos novos caminhões estão entregando essa eficiência de combustível.

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TM • Reduzir o consumo de combustível e o CO2: Qual a estratégia da DAF?

Feight • Com o New CF e XF, fizemos avanços significativos. Em geral, você pode dizer que o consumo de combustível diminuiu em média cerca de 1% ao ano durante a última década. Eu acho que isso é uma ótima conquista. Manter o mesmo ritmo no futuro será um desafio, mas estamos otimistas. Para conseguir maior eficiência de combustível e menores emissões de CO2, estamos trabalhando com a Comissão Europeia para definir uma legislação que permita esse desempenho.

Um dos principais itens é a nova legislação sobre massas e dimensões. Estamos ansiosos para receber diretrizes claras sobre o que seremos permitidos, o que abrirá o caminho para novas gerações de caminhões que oferecem vantagens aerodinâmicas e de segurança significativas. No entanto, outras conquistas podem ser colhidas imediatamente, como uma permissão em toda a Europa para aplicação em veículos mais longos e mais pesados – o “eco-combis”.

TM • Novas tecnologias e linhas de transmissão: qual delas parece mais promissora?

Feight • Obviamente, a DAF Trucks está investindo em tecnologias para o futuro. Três pilares são eletrificação/híbridos, autônomos e conectividade. Nós somos ativos em todas essas áreas e estamos trabalhando com funcionários do governo e com nossos clientes para definir abordagens comercialmente viáveis. Por exemplo, os veículos elétricos somente podem preencher um nicho em ambientes urbanos de baixa classe de peso, mas é discutível se o caminhão elétrico será a resposta certa para aplicações de longo curso.

TM • Qual é a sua visão do futuro próximo?

Feight • Nossa estratégia é simples. Se continuarmos a crescer todos os anos, nos chegaremos ao topo. Dê uma olhada na nossa produção de caminhões no ano passado. Temos que voltar para 2008 antes que possamos encontrar números como esse. E a produção ainda está aumentando. No final de setembro, aumentaremos a produção de CF e XF para 216 caminhões por dia. E talvez possamos ir para níveis ainda mais elevados. E a economia mundial continua a avançar. O mercado é forte, o frete está em movimento, os preços do diesel são baixos e o sentimento econômico é positivo. No ano passado, o mercado de caminhões pesados na União Europeia foi dimensionado em pouco mais de 300 mil unidades. Nós estimamos que o mercado de 2017 será forte novamente, com 290.000 a 310.000 vendas previstas para o mercado de pesado de toda a Europa.

TM • Estratégia: no futuro, você planeja concentrar mais sua empresa nas receitas pós-venda?

Feight • Eu li que algumas marcas decidiram se concentrar mais em pós-venda e serviços do que nos próprios caminhões. Mas deve ser ambos. Se eu operar um negócio de transporte, preciso do melhor caminhão e quero que um parceiro cuide também desse caminhão para mim.

TM • Pegada global: como você julga a presença da DAF em todo o mundo?

Feight • A Paccar já está equipando cerca de 50% de seus caminhões nos EUA e no Canadá com os motores MX-11 e MX-13 projetados pela engenharia de Eindhoven, na Holanda. Ao mesmo tempo, a DAF está aumentando sua pegada em todo o mundo. Dê uma olhada no Brasil e na Austrália. No Brasil, abrimos uma fábrica e crescemos de forma constante.

TM • Semelhanças e diferenças: você viu os dois lados do Atlântico. O que você gosta de cada mercado de caminhões?

Feight • Sim, eu vi ambos os lados do Atlântico. E para ser honesto, existem mais semelhanças do que diferenças. Uma das semelhanças que mais gosto são as pessoas que possuem e dirigem empresas de transporte rodoviário. Seja eles pequenos ou grandes, americanos, europeus ou em algum outro lugar. Todos estão trabalhando duro para manter a economia em movimento. Seus negócios são desafiadores e complexos e requer grande habilidade. Nós consideramos nossa responsabilidade ajudando-os a ter sucesso. Então, tentamos ver o negócio não apenas em sua perspectiva, mas também na perspectiva de nossos clientes.

Claro, existem diferenças. O mercado EUA-Canadá é um idioma único e pode ser abordado usando uma estratégia. Que tipo de desafio a Europa apresenta? Bem, a Holanda não é a Itália nem a Espanha e a França não é a Alemanha. Não é bom ou ruim, mas trata-se de entender cada mercado e de descobrir como atender a cada uma das necessidades de nossos clientes. Nada é mais divertido e gratificante para nossa equipe do que fornecer os melhores caminhões e serviços do mundo a cada um de nossos clientes em seus ambientes operacionais únicos.

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).