F-4000 On-road ou OFF

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Em 2012, quando a Ford parou a produção de sua linha F, muitos clientes correram para as concessionárias da marca para garantir o que restava no estoque. Isso porque o caminhão com cara de picape alcançou fama de polivalente ao fazer sua trajetória transportando mercadorias pelo interior do Brasil. A mecânica simples e robusta e a cabine bicuda agradavam os clientes, que vão de empresários a autônomos, sendo estes a maioria.
Nova F-4000
Não foi por acaso que o Ford F-4000 retorna com o mesmo desenho, mas com trem de força aprimorado. Vale ressaltar que o desenho da família, nos Estados Unidos, é totalmente novo e mais bonito, porém, a Ford achou o custo muito alto para sua introdução no Brasil.

O modelo é equipado com um motor Cummins de 2,8 litros e potência de 150 cv a 3 200 rpm e torque de 36,7 mkgf entre 1 800 a 2 700 rpm. O câmbio é um Eaton, manual de 5 velocidades – que também está presente nos caminhões leves Ford Cargo 816  e 1119. Há motores mais potentes na concorrência, mas a cavalagem é bastante satisfatória para o PBT do F-4000.

Outra novidade é que os freios ABS trazem a tecnologia EBD (Distribuição Eletrônica de Frenagem), sistema de gerenciamento da pressão nos freios. Isso significa mais equilíbro na distribuição da força de frenagem nas rodas, resultando em mais segurança. O novo trem de força está 6% mais econômico, segundo a Ford. Mas isso é que dizem os fabricantes de caminhões quando lançam um modelo Euro 5. A justificativa é simples. Esse Cummins atende a norma P7, equivalente a Euro 5, utilizando a tecnologia SCR – técnica de pós-tratamento composta por um catalisador que recebe os gases expelidos pelo motor.

A esses gases é adicionado o reagente químico Arla 32, que reduz o nível de monóxido de carbono saído dos escapes. Além de ser mais econômico e menos poluente, o propulsor teve os níveis de ruído e vibrações reduzidos, impactando positivamente no ambiente a bordo da cabine. Além disso, o habitáculo não teve grandes mudanças. Continua com uma aparência de picape, ganhou novo painel, mais clean e com computador de bordo de simples leitura e ar-condicionado de série. Vidros e travas elétricas e rádio ainda não estão disponíveis para esses veículos.

Território off
A
TRANSPORTE MUNDIAL foi conhecer in loco as novidades introduzidas nessa nova fase da F-4000. Para tanto, a Ford montou um circuito em que simula uma operação em estrada de terra, com o modelo da versão 4×2 e outro bem mais off-road, com lama, rampas e buracos para o 4×4. O que ambos têm em comum é a força do torque de 36,7 mkgf. Chama a atenção a estabilidade do veículo, e mesmo em velocidade mais alta, a 60 km/h, a versão 4×2 supera qualquer obstáculo em estradas de terra. A firmeza da suspensão colabora bastante, tanto que os 2 000 kg que carregava na caçamba não interferiram na sua desenvoltura. Numa subida íngreme em 2ª marcha, o veículo vai praticamente sozinho, pois basta tocar no acelerador que ele já obedece.

Na versão 4×4, os obstáculos não impediram que o caminhão seguisse o seu caminho, e sem atolar, ao contrário, parece que andava mais forte em pisos de baixa aderência, muito em função do rearranjo da suspensão de eixo rígido com barra estabilizadora e amortecedores telescópicos de dupla ação.  Nessa versão, o veículo foi capaz de ultrapassar rampas com ângulo de entrada de 25° no modo low do sistema de tração – que dispensa que o motorista tenha de pisar no acelerador. 

Foi uma decisão acertada da Ford trazer para o mercado a série F renovada, pois ainda são muitos os discípulos dela.