Hoje (24 de abril), no Painel transporte coletivo ou individual, qual o futuro”, durante o Fórum Mitos&Fatos promovido pela “Rádio Jovem Pan”, foi debatido o estágio atual da cidade de São Paulo para incentivar o uso dos meios públicos de transportes. As questões debatidas são válidas para todas as capitais brasileiras.

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Walter Barbosa, diretor de vendas e marketing de ônibus da Mercedes-Benz do Brasil. Foto: Arquivo

O evento contou com as presenças de Walter Barbosa, diretor de vendas e marketing de ônibus da Mercedes-Benz Brasil, Sergio Avelleda, secretaria municipal dos transportes de São Paulo, Andre Loureiro, gerente-geral do Waze no Brasil, e Francisco Christovam, presidente da SP Urbanuss (sindicato das empresas de transporte de passageiros da capital paulista). O que vale a pena destacar sobre o que foi debatido:

Metrô vs. ônibus

A pergunta tema central do painel é óbvia e a resposta também. Todos concordam, já há tempos, que o transporte coletivo precisa ter prioridade sobre o individual, mesmo que a pessoa tenha grande resistência para ser usuária do sistema coletivo.

Porém, a grande questão é: quem está deixando o carro em casa para ir e voltar ao trabalho por meio do transporte público? Esta pessoa faz uso do transporte coletivo por consciência ou questões econômicas?

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Para percursos até 50 mil passageiros por hora/sentido, ônibus mostram melhor viabilidade econômica e flexibilidade. Para maior intensidade de passageiros, metrô é mais recomendável. Foto: Arquivo

Walter Barbosa, da Mercedes-Benz, explica que os meios metrô e ônibus precisam trabalhar em conjunto. O metrô é viável economicamente para percursos que tenham demanda de 50 mil passageiros por hora/sentido. Abaixo desse volume, o ônibus é muito mais barato e eficiente pela flexibilidade. Além disso, o ônibus é necessário para levar o passageiro da casa dele até uma estação de metrô.

O secretário municipal Andre Loureiro disse que o ônibus precisa ser mais atrativo para as pessoas. Isso significa ter confiabilidade de passar no horário mais preciso e também em intervalos menores, o que não é possível devido aos engarrafamentos e, por isso, a necessidade de vias exclusivas e prioridade sobre o uso das ruas e avenidas. Além disso, é preciso ser mais confortável, o que está longe disso, por estarem sempre lotados, poucos com ar-condicionado. A frota precisa ser renovada com modelos mais modernos e confortáveis, com Wi-Fi, ar-condicionado, motor traseiro, câmbio automático ou automatizado e suspensão pneumática, quando possível.

Walter Barbosa lembra que 62% da frota de 14.700 ônibus são modelos que usam tecnologia de emissões antiga (Euro 3 ou Proconve P5) e que apenas 38% utilizam tecnologia Euro 5 (Proconve P7). Caso a frota Euro três fosse trocada para 100% Euro 5, teríamos uma redução significativa emissões de particulado (-80%) e de NOx (-60%). Além disso, modelos novos poderiam ser equipados com Wi-Fi e ar-condicionado, tornando-os mais atrativos aos passageiros.

Ainda sobre emissões, o diretor da Mercedes-Benz, disse que o uso do biodiesel B20, em vez do diesel convencional, traria outra contribuição para reduzir emissões. Além disso, há outras tecnologias que podem ser discutidas. O ônibus elétrico será a solução mais avançada, porém, as baterias ainda precisam evoluir muito, pois diferentemente de cidades europeias, onde as distâncias são curtas, em São Paulo as distâncias são longas e o atual estágio das baterias não atenderiam as nossas necessidades de eficiência e custo.

Aprendizado com Seul

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Em Seul, na Coreia do Sul, não há punição para quem usa o carro, mas bônus para quem trocar o transporte individual pelo coletivo. Foto: Pixabay

Em recente visita à capital da Coreia do Sul com o prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB), Andre Loureiro comenta que lá não existe punição, como rodízio ou pedágio, para o uso do carro, mas sim, incentivos para que os habitantes deixem o carro na garagem e use o transporte público.

Todos os carros possuem chips que transmitem informações para os gestores da mobilidade, informando, por exemplo, se a pessoa usou o carro e quantos quilômetros rodou. O proprietário do carro tem uma meta de quilometragem para rodar por dia e caso fique abaixo dessa meta, ele recebe um bônus do município para abater nos impostos a pagar. No Brasil, a colocação de chips de fábrica nos carros está em discussão há anos, porém, não avança por alguns motivos, como direito à privacidade e infraestrutura de telecomunicação para conectar com os carros.

Seul tem praticamente a mesma população de São Paulo (mais de 10 milhões de habitantes), 320 km de metrô e 8 mil ônibus. A capital paulista possui cerca de 80 km de metrô e 14.700 ônibus.

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).