Iveco Hi-Way 6×4

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Hi-way

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Eleito o “Caminhão do Ano 2013” pela imprensa especializada em veículos comerciais da Europa, o Hi-Way é um marco para a Iveco, pois a partir dele, a montadora entrou para o grupo das marcas que produzem caminhões premium – algo que faltava em seu escopo. E o bacana é que a Iveco, visionária com relação ao mercado brasileiro, promoveu esse feito quase simultaneamente ao mercado Europeu. Com exceção do motor – aqui equivalente ao Euro 5 e lá Euro 6 –, o Iveco Hi-Way é basicamente um produto global, capaz de atender às demandas do transporte rodoviário de longas distâncias. E para ser lançado com essa característica, o modelo foi colocado em prova tanto nos tapetões das estradas europeias como nas mais difíceis intempéries das regiões latino-americanas e nas complicadas estradas brasileiras, onde rodou mais de 2 milhões de km. 

O segmento de caminhões rodoviários considerados premium representa cerca de 20 000 unidades faturadas em 2013, e com as perspectivas de crescimento da economia e a demanda de produtos do gênero para atender à safra, que este ano promete, é possível que o número das vendas de caminhões com esse perfil aumente, mesmo num mercado em retração. Isso porque o transportador ficou mais maduro e entendeu que um caminhão confortável e equipado pode ser mais rentável para o seu negócio. Outra justificativa também é a falta de motorista qualificado, o que faz necessário, muitas vezes, o uso um veículo com tecnologia embarcada de ponta.

E inteligência não falta ao Hi-Way. Ele é equipado com motor FPT Cursor 13, de 13 litros e 6 cilindros em linha, que possui três opções de potência/torque: 440 cv/418 mkgf, 480 cv/230 mkgf e 560 cv/255 mkgf sempre na faixa de 1 000 a 1 550 rpm.

A versão avaliada pela TRANSPORTE MUNDIAL é a de 560 cv 6×4 que estava atrelada a um bitrem com 53 t de PBTC. Para atender à norma P7 (Euro 5) que reduz a emissão de poluentes, a Iveco optou pela tecnologia SCR, em que há a necessidade do tanque de Arla 32, de 55 litros. De série há o tanque duplo de combustível de 600 e 300 litros.

Denominado Motor 800S56TZmotor desse traçado ainda tem como característica o uso de materiais mais leves, o cabeçote, por exemplo, é produzido em alumínio. Faz parte do propulsor o filtro de óleo ultrafino denominado Green Filter, que tem o poder de reter impurezas por menor que elas sejam, resultando em maior intervalos de manutenção.

A versão de 560 cv utiliza a turbina VGT de geometria variável e aftercooler. Trata-se de uma turbina inteligente, pois não possui calibração fixa e seu funcionamento varia conforme a necessidade do motor. Se o caminhão está a uma velocidade de cruzeiro, não há necessidade de a turbina trabalhar 100%, o que traz economia de combustível, já que reduz a operação do turbo. Outra vantagem da VGT é a redução do desgaste que ele vai sofrer por não ter de trabalhar o tempo todo.

O caminhão traz ainda a caixa ZF ASTronic de 16 velocidades, sendo 1 overdrive e relação de 3,73, e as opcionais 3,42 e 3,91. Esse câmbio, na Iveco, chama-se Eurotronic e seu maior atributo são as trocas rápidas e precisas e com o diferencial de, no modo manual, serem feitas no painel do veículo.

O freio-motor funciona por descompressão no primeiro estágio e borboleta no segundo, tendo uma potência de frenagem de 415 cv, e na versão avaliada ele trabalhava com o Intarder, neste caso, a potência passa para 978 cv, um adicional para a segurança. Ainda nesse sentido, o Hi-Way traz de série ajustador automático de freios, sensor do nível de desgaste da lona e freios ABS – obrigatório em 100% da produção de caminhões desde janeiro deste ano. Fica só devendo alguns itens de segurança aplicados nos modelos vendidos na Europa, com o ESP (controle eletrônico de estabilidade).

O caminhão é oferecido com duas opções de suspensão: mecânica e pneumática full air, esta conta com sistema especial para manter a altura do chassi em trânsito e ajustar durante o carregamento e descarregamento em docas, por exemplo. O conforto ao motorista e à carga, sobretudo, se for sensível, é outro ponto a se destacar sobre a full air.

O basculamento da cabine é elétrico e leva em torno de 1 min 15 s.  E para fazer o levantamento basta acionar uma tecla no painel de instrumentos. Vale ressaltar, ainda, que a garantia do veículo é de quatro anos, a maior do segmento de caminhões pesados.

À MODA ITALIANA

Entrar no Iveco Stralis Hi-Way impressiona. O caminhão na primeira olhada transmite segurança e conforto, e a amplitude da cabine traz a sensação de estar a bordo de um caminhão robusto, que logo é conferida na estrada.

Para se ter uma ideia, o conceito de design e alguns estudos de ergonomia foram todos inspirados no Glider, caminhão-conceito que a Iveco apresentou no Salão de Hannover, na Alemanha, em 2010.

O acabamento é de primeira qualidade e prova que o caminhão foi concebido para operar em grandes distâncias rodoviárias. Com largura externa de 2,5 m, o habitáculo foi desenvolvido sem para-lama para otimizar o espaço interno e a aerodinâmica.

Os bancos, assim como o revestimento das portas, possuem acabamento em couro, são pneumáticos, têm apoia-braço e cinto de segurança integrado. Ponto negativo para o encosto do banco do acompanhante, que incomoda um pouco por ser muito para frente, isso em função da cama, que em contrapartida, é ampla. Caso o companheiro queira viajar mais deitado tem de puxar o banco para frente e deitar a parte lombar.
Painel
O painel de instrumentos é bem curvo, e o motorista tem fácil acesso aos comandos sem ter de se movimentar. O ar-condicionado é digital, e o rádio tem sistema USB e MP3. O computador de bordo traz diversas funções como consumo instantâneo, pressão da turbina, horímetro, diagnose de falhas etc.

Completa os itens de acabamento a geladeira, posicionada embaixo da cama e o suporte para o computador. O ambiente está espalhado de porta-objetos, que somados são equivalente à litragem do porta-malas de um carro sedã médio, em torno de 600 litros. A área de descanso conta com luz de leitura e uma cama que possui dois colchões, evitando, assim, possíveis deformações com o tempo. Os únicos itens opcionais são a cama beliche, freio auxiliar intarder, roda de alumínio e defletores laterais. Os retrovisores duplos, frontal e de manobra são de série, e para compor o design do Hi-Way a lanterna é fumê e os faróis possuem acabamento cromados, além das lâmpadas de LED no defletor.

NA ESTRADA

No início da serra, pela rodovia Anchieta, Otacir José Mendes, motorista de demonstração da Iveco, utilizou 25% do Intarder. Estávamos entre 35 e 40 km/h, em 9ª marcha a 2 000 rpm. Praticamente percorremos quase que todo o trecho nessa velocidade, e o importante é que durante todo o percurso, sem a necessidade de Mendes ter que colocar o pé no pedal de freio, a não ser num momento em que o trânsito parou de vez, mas por poucos minutos. Logo conseguimos vencer op trecho com destino ao nível do mar, rodando entre 80 e 85 km/h em 16ª marcha, sem ultrapassar os 1 250 rpm. A faixa verde do caminhão e ideal na velocidade de cruzeiro é entre 1 000 e 1 600 rpm.

Na subida, com destino ao Planalto Paulista, pelo fato de o início da subida pela Rodovia dos Imigrantes ser mais íngreme pensamos que o caminhão, que puxava um bitrem, somava 53 t de PBTC não passaria dos 30 km/h comumente enfrentados no trecho. Foi um engano. O Hi-Way entrou na Imigrantes a 45 km/h em 12ª marcha a 1 400 rpm. Nesse trecho, conforme mostrava no computador de bordo, ainda estávamos com folga, já que 75% da turbina estava sendo usada. Conforme o caminhão foi vencendo etapas da serra, ia alcançando mais velocidade, mas por questão de segurança optamos, na maior parte do trecho de serra, por não ultrapassar os 50 km/h e ainda assim não ultrapassamos os 90% da turbina. O que impressiona mesmo são as rápidas respostas que o caminhão dá às solicitações do pedal do acelerador. Seu motor de 560 cv tem fôlego de sobra.