Mercedes-Benz Atego 2430 6×2

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Atego 2430

Atego 2430

Recentemente, a Mercedes-Benz apresentou seu conceito Econfort, que une economia, conforto e força inspirados no Actros, agora, num modelo semipesado. Trata-se do Atego 2430 6×2, um caminhão completo que traz como maior novidade o câmbio automatizado PowerShift, o colocando como o primeiro semipesado da marca equipado com o item. 

PainelA vantagem, segundo a engenharia da Mercedes-Benz, está na economia de combustível, que pode chegar a 6% em relação ao seu antecessor. É uma caixa MB G-211 de 12 velocidades que dispensa anéis sincronizadores, reduzindo, assim, peças para a manutenção. Também dispensa o pedal de embreagem – uma tendência de mercado que facilita a condução do motorista. Apesar do nome PowerShift, não é a mesma caixa que equipa os caminhões pesados da marca, como o Actros. A versão do Atego 2430 foi desenvolvida para atender a aplicação semipesada.

É uma caixa fácil de ser manuseada, e sua inteligência se dá por três funções de direção: Power, que permite as trocas de marchas em rotações mais elevadas, adequada em  ultrapassagens e subidas íngremes; Manobra, que limita a rotação do motor a 1 000 rpm e dessa maneira o motorista pode usar e abusar do acelerador. Outra vantagem dessa função é modular a atuação da embreagem, evitando trancos. A função EcoRoll é o modo mais econômico, pois um módulo coloca a transmissão em neutro de forma segura e controlada em situações que o veículo pode rodar só no embalo. O procedimento é executado sem a intervenção do motorista. 
Motor OM-926         
O câmbio está combinado ao motor, também de fabricação Mercedes-Benz, OM-926 LA de tecnologia BlueTec 5 para atender a norma de redução de emissão poluente Proconve P7. 

Esse motor, que está numa arquitetura de 6 cilindros em linha, desenvolve 286 cv de potência a 2 200 rpm. Mas os predicados, segundo Wilson Baptistucci, engenheiro de produto e marketing de caminhões da Mercedes, está no torque de 127,5 mkgf na faixa de 1 100 a 1 200 rpm que, mesmo reduzido em relação ao antecessor, permite que o motor trabalhe em velocidades altas, mantendo a rotação baixa.

No que se refere à manutenção, com esse motor o intervalo de troca de óleo, na aplicação rodoviária, foi estendido para 60 000 km. O caminhão também ganhou uma nova geração de eixo traseiro de simples velocidade, o HL4 estampado, 100 kg mais leve em relação ao antecessor em aço fundido.

Essa configuração rendeu em menor nível de ruído da cabine. O Atego 2430 tem a versatilidade como parte de seu DNA, tanto que foi desenvolvido para operações rodoviárias de médias a longas distâncias – o que, com o novo câmbio automatizado vai ajudar na qualidade de vida do motorista a bordo – e para quem, eventualmente, faz entregas dentro das cidades e precisa de um caminhão forte, com um motor capaz de oferecer desempenho. 

Baptistucci explica, ainda, que o modelo configurado como 6×2 tem PBT (Peso Bruto Total) de 23 t, mas sua capacidade ultrapassa as 24 t, tendo robustez de sobra. O modelo pode receber diversos tipos de implementos como baú, sider ou mesmo tanque e silo, entre outros. Essa pluralidade se dá graças às versões de entre-eixos de 3 600 mm, 4 800 mm e 5 400 mm e de cabines: simples, estendida e leito teto baixo ou alto.
 
Nova geração

Mas além do novo trem de força, a Mercedes-Benz quis dar uma nova roupagem ao caminhão, que agora possui uma cabine mais confortável e ampla. Faz parte do conceito Econfort o sistema de suspensão de cabine que reduz os impactos das irregularidades das rodovias. 

A bordo complementa o conforto o sistema pneumático do banco do motorista e as oito posições de regulagem com sistema de memória. Há apoio para os braços dos dois lados do banco do condutor, sendo que o do lado direito integra a PowerShift e é rebatível, facilitando a saída do motorista em direção ao ambiente de descanso.

Chama a atenção os novos revestimentos internos, incluindo piso, parede e teto com isolamento termo-acústico, sendo a parede confeccionada com tecido de fácil limpeza. A cama e os bancos também receberam tecidos mais modernos e de simples limpeza. Alguns detalhes que foram incorporados também dão o conforto e fazem toda a diferença a bordo, como os porta-objetos, porta-óculos, a cortina que veda bem o caminhão na hora do descanso e os para-sóis laterais.
A cama com 120 mm de espessura possui tecido macio e removível para a lavagem. O teto-solar traz mosqueteiro, tela com blecaute e acionamento elétrico. A luz da cabine noturna é verde para não ofuscar a visão do motorista que dirige à noite.

Opcionais

A Mercedes-Benz dispõe de um pacote de itens opcionais que são ar-condicionado, travas, vidros e regulagens dos retrovisores (anti-embaçante) com acionamento elétrico. Há também a versão com câmbio manual Mercedes G-131 de 9 velocidades que conta com mapa de engate do tipo H sobreposto, o que facilita o engate das marchas.

Para as cabines leito teto baixo ou alto é oferecida a cama king size (com meio metro a mais de largura) que aumenta o conforto do condutor na hora do descanso. Vale destacar que a versão mais completa do veículo – que inclui todos os opcionais mais a caixa automatizada – custa R$ 240 000.

A Mercedes sabe da importância que tem o segmento semipesado no Brasil, tanto que o objetivo da marca é oferecer ao mercado um veículo completo e robusto a um preço amigável. 
No ano passado o segmento inteiro participou com 30% das vendas do mercado total de caminhões, ficando em segunda colocação e só a configuração 6×2 foi responsável por 70% das vendas desse montante. Por essa razão é que o engenheiro Baptistucci salienta que a “ideia é tornar o Atego 2430 o rei do segmento.”
 
Caindo na estrada

Quando saímos da fábrica da Mercedes-Benz rumo à Baixada Santista pela rodovia Anchieta, a manhã de outono estava bem ensolarada, porém, logo no início da serra uma forte neblina baixou com a queda brusca de temperatura no trecho, o que nos limitou a descer com mais cautela, em torno de 20 km/h.

Depois da curva da onça, foi possível recuperar velocidade e manter os 50 km/h a 2 500 rpm entre 7ª e 8ª marchas usando o freio-motor Top Brake, que apesar de ter um único estágio, dá conta de segurar o veículo graças ao seu poder de frenagem de 245 cv. Pode ser conjugado ao pedal de freio ou direto (sistema borboleta). Ao nível do mar chamou a atenção o conforto para o motorista que, em velocidade de cruzeiro, 80 km/h sem ultrapassar 1 200 rpm, em 12ª marcha traz baixíssimo nível de ruído e agradável dirigibilidade, muito parecida com a de um automóvel.

Já rumo ao Planalto Paulista é que o caminhão mostrou toda a força de seu trem de força. Vale ressaltar que o caminhão estava quase em sua totalidade, com 22,9 t de PBT. É um modelo que obedece ao pedal do acelerador prontamente. Tamanha polivalência se percebe na subida serra, em que o caminhão tem força suficiente para, entre 9ª e 10ª marcha, subir a 60 km/h não ultrapassando os 1 400 rpm.