À prova de fogo – Scania P 440

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P 440

P 440

Graças ao seu conceito de produção modular, a Scania foi a marca eleita pela Lavrita Engenharia para produzir os chassis(combinação de cabine com motor que não existe no catálogo) em que foi montado o CCI-AP2-Fênix, caminhão de combate a incêndio aeroportuário que está sendo entregue à SAC (Secretária de Aviação Civil).

No primeiro lote foram entregues 33 unidades, mas o acordo prevê a entrega de mais 31 modelos até o final deste ano, totalizando um valor aproximado de R$ 102 milhões.

Painel de operaçãoOs caminhões que têm 85% de componentes nacionais, podendo ser adquiridos via crédito Finame – o que não ocorreu nessa compra – foram desenvolvidos com uma parceria entre a fabricante Scania e a Lavrita Engenharia. A austríaca Rosenbauer forneceu o kit com bombas da água, mangueiras e outros componentes de combate a incêndio.

Durante a cerimônia de entrega dos 33 caminhões, Moreira Franco, ministro da aviação civil, explicou que essa compra faz parte do programa de investimentos em logística que abrange aeroportos, do governo federal, cuja proposta é levar a aviação comercial aos locais onde os voos ainda são apenas domésticos, hoje cerca de 170 aeroportos. Mas a proposta é homologar mais de 270 aeroportos para operarem regularmente, e isso inclui modernização e compra de equipamentos como os caminhões CCI-AP2-Fênix.

Aeroportos de pequenas cidades de 13 Estados serão contemplados com os novos veículos, como Marabá (PA), Barreiras e Vitória da Conquista (BA), Juazeiro do Norte (CE), Fernando de Noronha e Caruaru (PE), entre outras.
Wilson Molina Ribas, diretor técnico da Lavrita Engenharia, explica que a Scania foi eleita para produzir a plataforma do P 440 devido à disponibilidade de entrega desses modelos e também porque o veículo similar que já é produzido na Suécia para atender o mercado europeu atende às normas nacionais e internacionais de combate a incêndios em aeroportos.

“Desde 2009 temos a intenção de trazer esses veículos para o Brasil, desenvolvê-los e produzi-los aqui, com os nossos componentes, e agora conseguimos tornar isso viável, porque o Brasil possui essa tecnologia”, salienta Molina.

A Scania leva em torno de dois meses para fabricar os 33 primeiros veículos, já a Lavrita leva um mês para fazer as adaptações dos modelos, incluindo a montagem da caixa da casa de máquinas (implemento) e dos equipamentos produzidos pela Rosenbauer.

Nas pistas dos aeródromos

O CCI-AP2-Fênix (que significa carro de combate a incêndio do tipo ataque principal classe 2, modelo Fênix) é o único caminhão 4×4 produzido no país que atende a norma norte-americana NFPA contra incêndio em aeroportos, por isso, o modelo possui algumas particularidades. A primeira delas é o motor de 440 cv montado numa cabine P – cavalagem necessária para atender a norma, uma vez que esse motor de 13 litros é capaz de acelerar de 0 a 80 km/h em 35 segundos e com velocidade final acima de 113 km/h. 

Essa combinação não existe no portfólio de veículos da marca. Hugo Souza, engenheiro de produto da Scania Latin America, explica que o motor de 440 cv numa cabine P poderia superaquecer se rodar muitos quilômetros, por isso a engenharia da fabricante não recomenda. “Mas como o caminhão vai rodar apenas dentro da pista do aeroporto, recomendamos para essa operação esse conjunto como a melhor solução”, conclui.

O propulsor DC 13 está combinado a uma caixa Allison HD 4500 de 6 velocidades. Trata-se de uma transmissão que tem como diferencial as duas saídas de força, uma para tracionar o caminhão e outra para fazer o motor da bomba de água funcionar simultaneamente.

Para suportar tamanha velocidade e força, sua relação de diferencial é de 5,14 e a distância de entre-eixos, de 3 900 mm. O caminhão traz sistema de freios ABS/EBS, suspensão pneumática, e o condutor ainda poderá desfrutar do conforto que é comum aos caminhões da marca, mesmo no modelo P, como ar-condicionado, computador de bordo e banco do motorista com suspensão a ar. 

Cada modelo pode transportar 6 100 litros de água para a produção de espuma e conta com reservatórios de LGE Bomba d(Líquido Gerador de Espuma) de 780 litros e de PQS (Pó Químico Seco) de 200 kg. A vazão da bomba de água é de 5 500 litros por minuto, e cada caminhão ainda é equipado com dois canhões, sendo o superior localizado no teto do veículo com capacidade de alcance mínimo de 70 metros e o inferior, na parte frontal da cabine, com alcance mínimo de 46 metros, que juntos disparam até 5 000 litros de água, espuma ou pó químico por minuto.

Todos esses detalhes são necessários para atender a norma norte-americana NFPA, inclusive no que diz respeito à vida útil, que no caso desses caminhões é de 20 anos.