Após Mercedes-Benz, Ford Caminhões e Volvo, agora foi a vez da Scania expressar otimismo pela saída da pior crise econômica brasileira e acreditar na volta da recuperação do mercado de caminhões.

A empresa acredita que o crescimento em 2018 será de 30%. O percentual pode parecer alto, mas devemos lembrar que estamos saindo do fundo de um poço. Pelo período dos últimos quatro anos, o mercado de caminhões caiu cerca de 80%, de 172 mil caminhões para cerca de 50 mil. Este ano, deverá ser de cerca de 65 mil unidades considerando todos os segmentos acima de 3.500 kg. Se considerarmos somente os segmentos nos quais a Scania atua, será de 32 mil caminhões entre semipesados e pesados.

Existem duas empresas Scania no Brasil:

1 — Scania Latin America. Ela é responsável pela fábrica de São Bernardo do Campo (SP) e somente se ocupa da produção para os “clientes internos”: Scania Brasil, Scania Chile, Scania Argentina, Scania “mundo afora”.

Ela faz parte de um sistema de produção global e a matriz decide para quais mercados ela vai produzir, priorizando, obviamente, sempre o interno.

A Scania Latin America sofreu com a crise, mas um pouco menos, pois a matriz direciona a produção dela para os mercados compradores. Por exemplo: em 2013, a Scania Brasil comprava 70% da produção dela e os 30% eram exportados para as Scania de diversos outros países. Em 2017, após anos seguidos de queda, a produção da Scania Latin America se inverteu: 30% ficava no Brasil e 70% foi exportada. Mas lógico que, sendo o Brasil o principal cliente, ela também sentiu bastante a crise, afinal, exportar do Brasil não é tarefa fácil devido à buracracia e o custo Brasil.

Expectativa é que o Scania R 510 substitua o R 480, mas Scania manterá a produção dos dois para que o mercado decida. Foto: Arquivo

Se em 2013, a Scania Latina America produziu 25.255 caminhões. Em 2016 (último número disponível pela Anfavea), a produção foi de 9.832 unidades (queda de 61,07%) na produção.

2 – Scania Brasil. Esta unidade cuida do mercado brasileiro. Se no melhor ano dela, em 2013, ela licenciou 19.698 caminhões e 1.063 ônibus, em 2017, o resultado foi de 5.754 (queda de 70,79%) e 522 (-50,89%). Portanto, crescer 30% (para 7.480 unidades) é um crescimento diante seguidas queda. Mas, lógico, ainda está longe dos bons resultados de 2013, que só devem voltar na próxima década e novas tempestades políticas não surgirem. (Veja reportagem exclusiva sobre ônibus neste link).

Caminhões conectados

Segundo a Scania, já são 8 mil caminhões conectados com a fábrica por meio de um equipamento de telemetria que sai instalado no caminhão. De forma gratuita, o cliente pode acionar o pacote básico de serviço com seis informações sobre o modo de condução do motorista. Para o dono do caminhão são informados, por exemplo, consumo médio e acionamentos dos freios, por exemplo. O pacote mais completo tem o custo mensal de
R$ 200 e são fornecidas 30 informações sobre o modo de condução do motorista.

Vice-presidente das operações comerciais da Scania Brasil

Segundo Roberto Barral, vice-presidente de operações comerciais da Scania Brasil, o objetivo em 2018 é que 90% dos caminhões saem de fábrica com o serviço de telemetria ativado. Informou que alguns clientes, ou cerca de 10%, acabam não acionando o serviço porque no Brasil, por lei, o cliente é obrigado a assinar um contrato de permissão, como, por exemplo, a permitindo a montadora sempre saber a localização do caminhão. É o mesmo tipo de contrato de somos “obrigados” aceitar se quisermos usar qualquer aplicativo que baixamos no celular.

R 440 vs R 450

É indiscutível o sucesso de vendas do Scania R 440, modelo (ou versão) líder do mercado com 3.033 unidades emplacados em 2017 e mais de 28 mil desde o lançamento, em 2012. Agora a aposta da montadora é que o novo R 450, lançado na Fenatran do ano passado, vá substituindo, aos poucos, o R 440. A vontade da Scania dessa substituição é expressa no entusiasmo ao falar sobre as vantagens do R 450 sobre o R 440, principalmente, na prometida economia de até 5% de consumo de diesel. Ela lançou também o R 510, candidato a substituir o R 480.

Se o R 440 é um vencedor na sua faixa de potência, a Scania quer eleger o R 510 como o anti-Volvo FH 540, atualmente o pesado mais vendido da fábrica de Curitiba (PR) e o pesado mais próximo em vendas do R 440, com 2.008 unidades licenciadas no ano passado.

O respaldo para acreditar em um crescimento de 30% este ano está nas vendas realizadas de cerca de 1 mil caminhões em janeiro e fevereiro. Os números deverão ser confirmados com os emplacamentos dos próximos meses.

Segundo o diretor de vendas caminhões Scania Brasil, Ricardo Vitorasso, os principais clientes foram G10, Jolivan, Kothe, Tombini, Transmaroni e Transporte Cavalinho. “Muitos modelos dessas compras já foram do R 450 e R 510”, acrescenta. O G10 foi o cliente a receber as primeiras unidades do R 450 e R 510. A maior parte da compra dessas empresas foi para renovação de frota e para atender novos clientes devido ao fechamento de muitas transportadoras.

Estimam que mais de 20 mil transportadoras fecharam as portas nos últimos anos de crise econômica.

Veja mais sobre os novos R 450 e R 510

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).