A tecnologia tarda, mas chega

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Há algum tempo que especialistas em engenharia da mobilidade dizem que tecnologia virou commodity. Lógico que, ao dizerem isso, não estão comparando sistemas complexos e avançados com soja ou minério, mas apenas fazem uma analogia de que a tecnologia está acessível a todos os fabricantes de veículos no mundo. O que as marcas decidem é como e quando vão usá-las, conforme a estratégia adotada.Obviamente que também há os desenvolvimentos próprios com suas respectivas patentes. Vamos pegar o câmbio automatizado, que tornou-se padrão nos caminhões pesados, como exemplo.

A Volvo, a Mercedes-Benz e a Scania desenvolveram os seus próprios equipamentos. As demais marcas usam essa tecnologia de fornecedores, sendo a ZF a principal fabricante no mundo. Hoje ela é acessível a todas as marcas. Agora vejamos como cada marca começou a oferecer essa transmissão.

A Scania foi a primeira a lançar o seu câmbio Opticruise, em 1999. Porém, foi de forma muito tímida, pois era um equipamento muito caro e pouco compreendido na época. Em 2003, a Volvo lançou a caixa I-Shift, porém, somente depois de 2006, após muito esforço de venda da marca, a I-Shift decolou em vendas e hoje já equipa mais de 90% de seus caminhões pesados e está chegando a 50% nos semipesados. Diante de tal sucesso, as demais marcas passaram a oferecer a caixa automatizada, e muitos transportadores não compram o caminhão se não estiver equipado com ela. Essa história se repete com outras tecnologias.

E, assim, novamente, assistimos uma ousadia que, mais cedo ou mais tarde, também será incorporada pelo mercado. O quanto antes isso acontecer, melhor, pois o maior beneficiado, com certeza, será o transportador e, principalmente, o caminhoneiro, usuário final de quase todas as tecnologias aplicadas nos caminhões.                                    

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).