O título acima é questionável, dependendo da situação, mas também pode ser uma verdade dentro do conceito que a TRANSPORTE MUNDIAL foi até à Suécia para conhecer. O projeto de eletrificação de estradas para uso de caminhões híbridos, movido por motores elétrico e a combustão biodiesel ou gás metano. A iniciativa é do governo da Região Gävlebord, um estado que reúne 10 municípios e conta com muitas industrias produtoras de aço e papel, além de contar com um dos portos mais importantes do país. 

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Scania G 360 4×2 híbrido, com sistema Siemens de pantógrafos. Foto: Scania/Tobias Ohls

Scania e Siemens são uns dos principais parceiros do projeto. O trecho de dois quilômetros de estrada eletrificada, instalada na rodovia E16, foi construída para demonstração do sistema à potenciais investidores em transporte da própria Suécia e de outros país.

Primeira rodovia do mundo

A eletrificação de vias públicas é bastante antiga. Os trólebus de São Paulo, por exemplo, existem desde 1949. Apesar disso, a rodovia E16 é a primeira do mundo com eletrificação aérea e a estreia foi feita com um caminhão Scania G 360 4×2 híbrido com pantógrafos.

A novidade e o que está em estudo é o uso desta tecnologia para a logística do transporte de cargas em rodovias que são importantes corredores de carga. Isso somente passou a ser viável com o desenvolvimento de caminhões híbridos, pois os mesmos precisam fazer os trechos eletrificados e os não eletrificados. Assim, o mesmo caminhão pode ser usado amplamente, viabilizando o investimento no equipamento. 

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O projeto de estrada eletrificada está em demonstração na Suécia.

Em uma aplicação no Brasil, por exemplo, poderia ser na ligação do Porto de Santos e os principais trechos rodoviários, como a rodovia Presidente Dutra, Fernão Dias e Régis Bittencourt. É conhecido de que a subida da rodovia Anchieta ou Imigrantes provoca um alto consumo de diesel e, por consequência, a geração de muita emissão de poluentes. Caso este trecho fosse eletrificado, os caminhões híbridos teriam uma vantagem competitiva sobre os caminhões convencionais. Esses caminhões híbridos poderiam seguir viagem para qualquer outro lugar do país com o motor a combustão. E, assim, trechos eletrificados poderiam ser instalados em diversas rodovias de alto tráfego de caminhões.

Segundo Magnus Ernströn, representante do governo da Região Gävlebord, a eletrificação de uma rodovia já existe custa 10% do valor da construção de uma ferrovia. Além disso, oferece uma flexibilidade de uso que o trem não tem como oferecer, pois, a estrada continua sendo usada por todos os outros tipos de veículos automotores. Na Suécia, as distâncias não são longas, por isso, 86% do transporte rodoviário de carga é feito por rodovias. A Alemanha já é um dos países interessados em adota a tecnologia de estradas eletrificadas.

Scania híbrido

O desenvolvimento do Scania híbrido foi feito com um motor elétrico acoplado à caixa de marchas, chamado também de sistema híbrido paralelo. O motor a combustão também foi pensado para ser mais sustentável do que o convencional a diesel. Ele pode ser movido a biodiesel, diesel sintético, etanol ou gás. O peso acrescentado ao caminhão é de 300 kg, mas a engenharia da marca acredita que este peso poderá ser reduzido com a evolução da tecnologia.

A conexão à rede elétrica instalada na faixa da direita da rodovia é feita por meio de pantógrafos instalados atrás da cabine. O caminhão pode se conectar e desconectar livremente das linhas aéreas enquanto está em movimento.

 

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).