Há cerca de 90 dias, a Ambev já testava uma versão 100% elétrico do VW e-Delivery 4×2 de 9 toneladas de PBT (Peso Bruto Total). Hoje (13/11), as duas empresas, a Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) e Ambev, apresentaram os resultados de 30 dias de atividade real em entregas urbanas com o VW e-Delivery 6×2 de 14,2 toneladas de PBT. O teste piloto faz parte de um projeto ambicioso das duas companhias para apresentarem soluções para a redução as emissões de poluentes, principalmente, do CO2 (dióxido de carbono), gás responsabilizado pela maioria dos especialistas em meio ambiente para a priora das condições climáticas no planeta.

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O projeto piloto mostra resultados em redução de poluentes, como também na redução de ruídos nas cidades, mas também precisará mostrar viabilidade econômica.

Os testes dando certo, segundo Rodrigo Figueiredo, vice-presidente de sustentabilidade e suprimentos da Cervejaria Ambev, resultará no cumprimento do acordo de parceria, que prevê a aquisição de 1.617 caminhões elétricos da VWCO, além dos serviços de manutenção até 2023. Este é o maior acordo no mundo neste sentido.

Este volume de caminhões representaria hoje 35% da frota de distribuição da cervejaria. Porém, Figueiredo disse que, dependendo dos resultados, o número de caminhões a ser adquirido poderá ser maior. O objetivo da companhia é reduzir em 25% as emissões de CO2 de toda a cadeia logística, incluindo as das transportadoras que prestam serviços para a empresa.

O valor dos caminhões e o custo do projeto não foram revelados, mas fontes dos bastidores informaram que a compra dos caminhões poderá contar com linhas especiais de financiamento para questões climáticas do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Os resultados do VW e-Delivery 6×2 na vida real

Local

São Paulo

Período

30 dias

Entregas realizadas

369 – 6 mil caixas de bebidas – 149,1 toneladas

Tempo de recarga das baterias

4 horas por dia

Quilometragem rodada

932 km / 224 horas em rota

Diesel economizado

200 litros (R$ 784 que seria gasto em diesel preço SP)

Economia em uma frota de
1.617 caminhões elétricos

R$ 1.267.728/mês

Consumo de energia elétrica

950 kWh – 1 kWh por km

Custo da energia elétrica¹

R$ 257,33

Gosto dessa frota com energia

R$ 416.102

Economia (diesel vs energia elétrica)²

R$ 851.626

Redução de emissão de CO2

700 Kg x 30 dias x por veículo

Outras reduções de emissões

Micropartículados e NOX

  • 1) Fonte: Eletropaulo. Valor apenas para referência, pois a energia elétrica consumida pelo caminhão foi produzida pela própria Ambev por meio de energia solar.
  • 2) Esta economia mensal de R$ 851.626 é na hipótese que a energia fosse comprada da Eletropaulo. Porém, no projeto da Ambev, a energia será toda de produção própria por usinas de energia solar, podendo significar uma economia muito maior.
  • 3) Anualmente, a redução de emissões de CO2 pode chegar a 30,4 toneladas.

IMG 0662Segundo o vice-presidente de engenharia da VWCO, Rodrigo Chaves, o VW e-Delivery 6×2 foi homologado para 14,2 toneladas de PBT. Assim, ele consegue ter uma capacidade que compensa o peso de cerca de 700 kg das baterias, garantindo uma capacidade de carga útil superior (+300 kg) quando comparado com um modelo médio 6×2 convencional a diesel de 13,2 toneladas de PBT. O implemento para o segmento de bebidas também permanece o mesmo do utilizado em caminhões a diesel, evitando custos de novo desenvolvimento.

A autonomia do caminhão é superior a 200 km por carga da bateria, superior a necessidade diária da Ambev (média de 73 km/dia). A recarga de 30% da bateria pode ser feita em 15 minutos e de 100% em 3 horas, mas na prática, segundo divulgado pela Ambev, tem sido de 4 horas, o que não prejudica em nada o projeto, pois é feita no período noturno. Além disso, há uma aproveitamento de 40% de recarga por regeneração de energia, o que feito quando o caminhão está em modo de desaceleração ou frenagem. 

Chaves informa ainda que a maior eficiência do motor elétrico utilizado no e-Delivery se deve também pela utilização do motor elétrico por magnético permanente, mais eficiente do que o motor por indução, como o utilizado pela Tesla.

Custo total de operação

Até aqui tudo indica que o projeto está indo muito bem, mas algumas dúvidas somente serão sanadas com o tempo, como o TCO (custo total de operação) após um período mais longo de utilização, o que envolverá a recuperação, por exemplo, de um caminhão após uma colisão e o descarte ou revenda após a sua vida útil. Porém, segundo estudos preliminares, indicam que o investimento inicial (estimado entre duas a três vezes o de um caminhão a diesel) pode ser pago em três anos. Daí em diante a economia com diesel e manutenção vai significar maior rentabilidade com a operação.

Mais sobre o e-Delivery

Volksbus e-Flex

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Veja vídeo do e-Delivery 6×2:

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).