Em dezembro de 2011, o mercado se perguntava se os caminhões bicudos ainda tinham espaço. Bom, se os caminhões bicudos já estivessem na berlinda, então por que fabricantes como Mercedes-Benz e Ford manteriam modelos do gênero na sua linha de produção? No mercado de usados, entre os modelos semileves mais vendidos estão os bicudos Ford F-350 e Ford F-4000. História semelhante ocorre com os Mercedes-Benz 1318 e 1620. Veja reportagem da época no Baú da TRANSPORTE MUNDIAL:
Ainda há muito espaço para os modelos no mercado de usados. A proposta dos caminhões com motor avançado caiu por terra nos anos 2000, com a necessidade do melhor aproveitamento do espaço e da carga. Mesmo com a tendência atual da exclusão dos bicudos, muito antes a Mercedes já lançava no Brasil o Mercedes-Benz L-321 (de 1958), o primeiro caminhão vendido com a cabine avançada. Antes da “caça” aos bicudos, as fabricantes já desaceleravam a produção para que houvesse a atualização da linha de produção aos caras-chatas, um exemplo dessa tirada de pé para o ingresso de outro aconteceu com o decreto do Volvo NH, em 1999.
A ideia da cabine frontal é deixar que o transportador utilize implementos maiores, consequentemente levando mais carga. A legislação brasileira considera o tamanho das composições acrescidas ao cavalo mecânico. Ou seja, a Lei da Balança estabelece que as composições tenham no máximo 18,15 metros (carretas de três eixos) e 19,8 metros (bitrens). Logo, os frontais têm vantagens quando as cargas se encaixam nas seguintes características: alto valor, maior volume e menos peso.
Levando em conta o raciocínio acima, os bicudos não estão mais na mão das grandes transportadoras, sendo a tendência dos modelos com o motor à frente para a utilização nas distâncias mais curtas e com cargas de baixo valor. Por isso é importante que o motorista veja qual a sua área de atuação. Em determinadas situações é preferível levar um bicudo a um cara-chata. Os modelos com desenho antigo ainda têm representatividade em mercados em expansão como na construção civil e no transporte de cargas secas, por exemplo.
Scania – L111 e T113
O tempo passa, mas os bicudos da Scania, conhecidos como Jacarés, continuam em alta nas revendas. Numa simples busca pelo site de classificados Na época, o site Mercado Livre oferecia mais de 50 ofertas do caminhão, com preço médio de R$ 40.000. O lançamento do L-111 ocorreu em 1976, com 10 957 unidades vendidas, o modelo teve a sua produção encerrada em 1981. O Jacaré mais famoso é de 1979, equipado com motor D11 03 de 203 cv e tração 4×2. A transmissão do modelo da Scania fabricado no ano citado é a GR860 (10 velocidades) e o seu PBT técnico é de 17 000 kg. Pegando carona na cauda dos Jacarés surgiram os T-113. O modelo mais procurado da família “T” é o fabricado em 1995. O motor é o DSC11 23 (360 cv) e a caixa de mudanças é a GR871 (10 velocidades). O valor cotado para o T113 H (ano 2011), com tração 4×2, é de R$ 110.000.
Volvo NH e N12
Os modelos da marca sueca são muito procurados. Suas principais atuações estão no setor agrícola ou na construção civil. “Não há mercado para os caminhões ‘N’ nos grandes centros”, coloca o vendedor Reert Nogueira, da loja MCS Multimarcas. Os NH12 mais procurados são os da “safra” 2005. Trata-se dos modelos equipados com o motor D12D de 380, 420 e 460. O interessado em comprar um NH deve observar se existe o sistema I-Shift. Uma transmissão automatizada, oferecida como item opcional, mas que facilita a vida do motorista e o bolso do frotista, devido à economia de combustível. Os PTB dos modelos variam de 16 a 33 t.
Família F
O F-350 ganhou um aumento na procura pelo fato do setor das entregas rápidas ter crescido. “A vantagem do F-350 é que a sua aplicação pode variar muito. Com ele o usuário pode aplicar baús, carroceria para carga seca ou até mesmo a caçamba no estilo pick-up. Outro segredo da procura está no motor de fácil reparação, muito conhecido pelos reparadores”, explica o vendedor Renato Barrio, da loja Carga Pesada, em São Paulo, especializada em caminhões leves e médios. A boa herança deixada pelo modelo de entrada da família F também rendeu bons frutos aos seus irmãos maiores. O F-4000 é muito procurado para quem pretende trabalhar no segmento da construção civil, tema abordado na edição de número 97.
Mercedes-Benz – 1113 – 1620
Depois do modelo 1113, o segundo mais citado pelos revendedores é o Mercedes-Benz L -1620. A principal aplicação do modelo é no transporte de cargas, tanto na cidade como em médias distâncias rodoviárias. O motor mais famoso do Mercedes-Benz é o OM-906 LA, de 6 cilindros, de 245 cv. Na época, o valor médio para o L-1620 era de R$ 72.000 para um modelo fabricado em 1993 e de R$ 120.000 para um fabricado em 2004. Outro modelo que foi bem citado durante a apuração da reportagem foi o MB 1113.