Primeiramente, me desculpe pela anáfora no título, mas foi necessária. O vice-presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, anunciou no domingo (3) a desistência de assumir a presidência do conselho da Petrobras. O texto dele é ótimo (leia no parágrafo seguinte) e, mesmo que ele não tenha dito isso o que vou escrever após a fala dele, tudo indica que ele tem prioridades para a vida dele e da família dele. Leia:
“Apesar do tamanho e da importância da Petrobras para o nosso país, e da enorme honra para mim em exercer este cargo, gostaria de informá-lo que resolvi abrir mão desta indicação, concentrando todo meu tempo e dedicação para o ainda maior fortalecimento do nosso Flamengo”.
Agora, vamos fazer um esforço de interpretação da fala dele. A fala dele tem 274 letras. Se me pedissem para resumir em seis letras (função de qualquer editor), eu resumiria: “é fria”. Agora, vamos entender o porquê. O assunto é complexo, mas vamos tentar pensar com poucas palavras
A Petrobras é enorme e importante? Em comparação a quem? A JBS? Vale? Podemos comparar as maiores do mundo no setor dela, independemente se estatal ou privada? Será que a comparação não deveria ser com empresas produtoras de energia, como EDF, TEPCO, KEPCO, Engie etc. Ok, vamos comparar com as maiores empresas que produzem energia a partir de combustível fóssil e poluente: Sinopec Group, China Nacional Petroleum Corporation, Saudi Aramco, Rosneft etc.
Como jornalista da área de mobilidade, transporte e logística, eu acumulo muitas perguntas sem respostas. Abaixo, não vou escrever todas, apenas algumas.
Por que a Petrobras não consegue abastecer o Brasil inteiro com diesel S-10 como manda a legislação ambiental do IBAMA (Proconve)?
Por que a Petrobras não tem refinarias modernas para refinar o nosso petróleo do pré-sal?
Por que há muitas “caixinhas pretas” (trecho excluído pelas mesmas razões que Galileu Galilei desistiu da teoria de que a “terra não era o centro do Universo”.
Por que as maiores empresas do mundo do mesmo setor da Petrobrás não investem no Brasil (não confundir as áreas de refinaria com distribuição combustível)? É verdade que o monopólio não existe mais, porém… investir no Brasil para concorrer com uma empresa paraestatal com muitos privilégios, é como disputar uma maratona na qual o investidor parte do Km Zero e a Petrobras no Km começa no Km 21? (uma maratona tem 42 km).
Por que a Europa lidera na produção de biogás sendo que o Brasil tem maior potencial do que qualquer país europeu?
Por que a Coreia do Sul lidera na produção de caminhões movidos a hidrogênio (Hyundai), com a Europa correndo atrás do atraso, e o Brasil tendo um dos maiores potenciais, mas ainda na fase praticamente zero?
Vou parar os “por quês” por aqui, pois são muitos e preciso encerrar este texto.
Concluindo, a minha humilde forma de pensar, eu deixo as últimas perguntas: os problemas da Petrobras são por causa de ter o governo como principal acionista, mesmo sendo uma empresa de capital misto? Por falhas da legislação e regras do jogo? Em países onde há políticos honestos e boas regras, as estatais funcionam? E como funcionam em as estatais que os políticos fazem uso da empresa para interesses partidários? É muito difícil entender onde está o problema?