XF 105: aposta DAF para rentabilizar o transporte

797

Em julho de 2014, a edição 133 da revista trouxe na capa nossas impressões a bordo do DAF XF105-460. Confira como foi avaliado o caminhão, na série Baú da TRANSPORTE MUNDIAL.      


Historicamente, a DAF nunca foi partidária de caminhões com motores de altas potências, pois seu foco está no desenvolvimento de mecânicas eficientes e cabines confortáveis e adequadas para o dia a dia nas estradas.
Essa fórmula deu tão certo que a fabricante de origem holandesa está entre as cinco maiores grifes de caminhões do mercado europeu, sendo líder em países como Holanda, Bélgica e Grã-Bretanha. 


E nesta nova etapa de sua trajetória – recém-chegada à América Latina, começando pelo Brasil – sua estratégia não seria diferente, afinal em time que está ganhando não se mexe. A fabricante chega ao país, trazendo o mesmo caminhão, motores e opções de cabine comercializados no mercado europeu – a não ser pela tecnologia de emissões, na Europa é a Euro 6 e no Brasil, a P7 (equivalente à Euro 5). 


Ambas, porém, utilizam o motor Paccar MX13, de 12,9 litros. Seu sólido bloco de 6 cilindros em linha o coloca na categoria de motores compactos. Possui um sistema de injeção direta com um bico injetor por cilindro desenvolvido exclusivamente para os motores da marca e conta com um turbo de geometria variável que otimiza o rendimento em qualquer regime.


Para atender a norma de redução de emissão de poluentes Proconve P7 o MX13 possui o sistema SCR (Redução Catalítica Seletiva). Vale ressaltar que esse motor existe no mercado desde 2007, quando a Europa entrou na fase Euro 5 de redução de poluentes, por isso acumula 28 milhões de quilômetros rodados.

Para se ter uma ideia, durante essa trajetória, a DAF conseguiu reduzir em 25% o número de peças do motor, aumentando, assim, sua disponibilidade e reduzindo o custo com manutenção, já que diminuiu a quantidade de componentes. Sua robustez é comprovada, por ser o mesmo propulsor que também é equipado nos caminhões norte-americanos Peterbilt e Kenworth.

No Brasil, para atender as necessidades locais (topografia, temperatura, etc), esse motor rodou 2 milhões de quilômetros. Destaque para o bloco, cabeçote e virabrequim fundidos e o chicote elétrico protegido por uma espuma injetada, atendendo, assim, às demandas locais.

INTERMEDIÁRIO AMIGÁVEL
Por conta da boa relação velocidade e consumo, o Brasil parece ter adotado a faixa de potências entre 420 cv e 480 cv na categoria de caminhões pesados rodoviários. No ranking das vendas, os mais bem cotados estão entre essa faixa de motorização. E a DAF, que sempre foi comprometida com relação ao rendimento de seus produtos, no Brasil não faria diferente. 


O Paccar MX possui três versões de potência para o XF: 410 cv, 460 cv e 510 cv – esta ainda não está à venda no Brasil. No entanto, a versão de 460 tem tudo para ser a mais competitiva, por isso, nesta reportagem vamos tratar desse modelo. O XF105 460 é dotado de um motor de 460 cv de 1 500 a 1 900 rpm, e possui um torque máximo de 234,7 mkgf numa curva linear entre 1 050 a 1 410 rpm.

Esse propulsor está combinado a uma caixa de câmbio ZF AS-Tronic automatizada de 16 velocidades – mas a DAF ainda tem em seu portfólio as versões ZF AS-Tronic automatizada de 12 velocidades e a ZF Ecosplit, manual de 16 velocidades. Trata-se de uma transmissão otimizada para executar trocas de marchas mais suaves e ágeis. O freio-motor possui poder de frenagem de 430 cv a 2 100 rpm.


Contudo, o caminhão incorpora um Intarder que, juntamente com a relação mais rápida do eixo traseiro, resulta na melhor combinação de desempenho. Sua relação de diferencial é de simples redução e com opções de relações a partir de 2,85:1, o que contribui para a economia de combustível. A distância entre-eixos é de 3 200 mm na versão 6×2 e 3 500 mm, na versão 6×4. Na configuração de 460 cv 6×4 atrelado a uma carreta convencional de 3 eixos, chamou a atenção o baixíssimo nível de ruído do veículo.

BOM DE ESTRADA
A aparência do XF denota muita coisa a seu respeito, como a robustez. Fato! A parte frontal tem aparência agressiva por conta da grade com aberturas amplas que permitem a melhor circulação de ar e as saídas de ar laterais possuem aletas posicionadas para jogar o ar para baixo – formas de prover a aerodinâmica. Complementa a cara de valente do DAF o seu conjunto ótico e os nomes DAF e XF destacados, um de cada lado do veículo. Atrás do para-choque há uma barra de segurança, para evitar que veículos menores entrem debaixo do caminhão em caso de acidentes.


A DAF oferece duas opções de cabine para o XF105, Comfort Cab e Space Cab, o que as diferenciam basicamente é o nível de acabamento. Enquanto na versão Comforto o painel é preto, nas versões Space há as opções de acabamento em alumínio ou madeira. Mas aquele conforto que faz a diferença no dia a dia para o condutor está disponível em ambas as versões, como banco com suspensão a ar, descanso para o braço, diversos níveis de regulagens de altura e profundidade e painel em formato de cockpit. Na versão Space o banco do passageiro também dispõe de suspensão e descanso para o braço.

O computador de bordo chama a atenção pela grafia de fácil compreensão e ampla, o que ressalta aos olhos do motorista. Acima do painel há uma mesa para computador que suporta 100 kg, o que mostra toda a robustez do material utilizado. O volante é multifuncional, e o motorista pode acessar o rádio, o PX (o caminhão vem preparado para receber a instalação de ambos) e o computador de bordo.

Apesar do túnel do motor ter altura de 1 730 mm, o motorista não fica com dificuldade para acessar a estação de descanso, pois a largura do caminhão surpreende, tanto que a cama é ampla – possui 2 100 mm de comprimento e 810 mm de largura. Na parte inferior da cama rebatível é possível guardar objetos em um espaço de 65 litros e mantimentos na geladeira. Na área de descanso, há uma cortina que graças ao sistema de trilhos veda totalmente o ambiente, o que ajuda o motorista a ficar mais relaxado.

Para prover a segurança do motorista na hora do descanso o caminhão dispõe da ferramenta Nigth Lock – uma trava de aço que impede a abertura das portas. O ASR (Controle de Tração), o bloqueio de diferencial, assim como ar-condicionado, vidros e retrovisores com ajustes elétricos dos dois lados são de série. O DAFXF 105 é produzido em Ponta Grossa (PR) e 60% de suas peças são nacionalizadas o que permite financiamento via Finame. A versão traçada de 460 cv, na cabine Space Cab, foco desta reportagem, custa R$ 527 560.

DO MUNDO PARA O BRASIL 
A DAF é uma marca com 85 anos de história. Sua trajetória começou em 1928 em Eindhoven, Holanda, quando os irmãos Hub e Wim van Doorne criaram uma oficina de ferreiro. 5 anos mais tarde o que era um empreendimento modesto se tornaria uma fábrica de trailers, que posteriormente, em 1949, produziria o primeiro caminhão DAF. Em 1996, a fabricante tornou-se subsidiária do grupo norte-americano Paccar, o fortalecendo como o quarto maior fabricante de caminhões do mundo – já que congrega as marcas Kenworth e Peterbilt. Juntas, as três fabricantes estão em mais de 100 países.


A fábrica da DAF no Brasil foi inaugurada em 2013 e produz atualmente dois caminhões por dia, com capacidade para 10 000 veículos por ano. A rede é composta por 20 concessionárias e já há 16 grupos com contratos assinados para a abertura de mais 60 concessionárias. A projeção é de até 2017 ter um total de 100 pontos de atendimento espalhados pelo país. Um concessionário DAF terá de desembolsar cifras a partir de R$ 10 milhões para a estrutura e, além da capacidade de investimento, é necessário um plano de sucessão.
 
Serão três modelos de casas: Premium com 3 000 m² de área construída, 10 boxes de atendimento cujo valor de investimento é de R$ 20 milhões; intermediário com espaço de 2 500m² e 8 box de atendimento, no valor de R$ 15 milhões e o modelo mais simples possui 1 800 m² de área construída, 5 box e investimentos de R$ 10 milhões.
Um diferencial da rede é que suas oficinas são estruturadas para atender os produtos da concorrência. 

Segundo Jorge Medina, diretor de marketing da DAF Brasil, a ideia é tornar ainda mais produtiva a operação do cliente. “Se um caminhão da concorrência tiver algum problema e a concessionária mais próxima for a DAF, temos como dar assistência, pois a rede terá estrutura de peças da concorrência e de atendimento profissional.”