2015: vamos cair na real

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Depois de tantas falsas promessas, agora podemos enxergar um cenário mais realista do Brasil. Por todo o país, se veem aumento das tarifas de pedágios, aumento de tarifas de ônibus e a volta dos impostos sobre os combustíveis, gerando mais e mais custos. Tudo isso com uma perspectiva não muito animadora da economia. Para alguns analistas, uma indicação de altas taxas de inflação que preocupa. Será um ano difícil, com muitas restrições ao crédito e juros altos.
Posto tudo isso, nos resta ser cautelosos em nossas previsões para 2015. Mas, mergulhando em temas específicos, como as tarifas de pedágios, tenho a convicção de que os valores arrecadados hoje são mais do que suficientes para manter as rodovias e suprir os investimentos realizados pelas administradoras. Mas, por alguma razão, os números não fecham. Daí vêm as revisões de preços, previstas em contratos, que permitem um crescimento desordenado das tarifas. Até quando vamos aceitar essas manobras sem uma apresentação de números de forma transparente aos usuários? Apesar do tamanho do nosso país, os custos de manutenção das estradas não podem ser tão diferentes por região, mas o que se vê é a cobrança de tarifas totalmente desequilibrada em relação a elas. Faço aqui um convite às administradoras para apresentarem seus números, dando maior transparência aos usuários. Situação igual ou parecida acontece com as passagens de ônibus na cidade de São Paulo. A exemplo do que pude ver numa pesquisa recente, de acordo com a inflação, medida pelo IPCA (IBGE), a passagem de ônibus, que custava R$ 0,50 em 1994, deveria custar
R$ 2,16 em maio de 2013. De lá para cá, a alta da inflação foi de 332,22%. Já o valor do metrô, seguindo o mesmo índice, deveria ser R$ 2,59 e não os R$ 3,50 cobrados atualmente. Isso mostra nitidamente que, se não agirmos com contundência, a exemplo do que faz o Movimento Passe Livre, vamos pagar caro por nossa aceitação e conformismo. Sabemos que os custos relacionados ao setor do transporte de modo geral influenciam diretamente os preços dos produtos acabados e, consequentemente, provocam uma mudança que contribui na formação dos índices da economia do Brasil. Resta-nos cairmos na real e buscarmos formas de fiscalizar e acompanhar a evolução do Custo Brasil sem perder a esperança em um país mais justo e equilibrado.