Um ali, outro lá. Assim, os ônibus elétricos vão conquistando seu espaço. A encomenda de 12 unidades pela cidade de São José dos Campos (SP) foram suficientes para a BYD nacionalizar o modelo articulado D11B de 22 metros de comprimentos e a sua montagem será na fábrica de Campinas (SP). Na verdade, esta fábrica é mais um polo industrial para exportação para os outros países da América Latina. A realidade da maioria das cidades brasileiras é o ônibus com chassi similar ao de caminhão, suspensão metálica, motor dianteiro, câmbio manual e sistema de freios a tambor.
Trabalho de formiguinha
A verdade é que, no mundo todo, o crescimento da substituição da frota movida a diesel é lenta, no entanto, progressiva. Na Europa, vamos citar exemplos com o Mercedes-Benz eCitaro, um dos projetos mais bem sucedidos no Velho Continente, as últimas compras ou encomendas foram: 16 unidades do eCitaro padrão e 17 articulados eCitaro G — capacidade para 149 passageiros — para Hamburgo (Alemanha); quatro eCitaro para Reutlingen (Alemanha); 10 eCitaro para a cidade Trelleborg (no sul da Suécia), com a aquisição realizada Bergkvarabuss AB, empresa que tem a maior frota de ônibus da Europa (cerca de 1.000 unidades); 56 eCitaro para a cidade de Wiesbaden (Alemanha); e, para ficarmos só dentro de um período de um ano, 27 eCitaro para a cidade de Aachen (Alemanha).
No entanto, a Volvo tem tido sucesso com o 7900 Electric Articulated, com capacidade para 150 passageiros e encomendas também por diversas cidades europeias em números que variam de 49 a 60 no caso específico do modelo articulado.
Os números da BYD são de impressionar qualquer fabricante, sendo que, devemos levar em consideração que uma empresa que nasceu com o propósito da eletromobilidade. Ela entregou, no início de junho deste ano, 34 unidades, sendo 18 do articulado, no país da Scania e Volvo, para as cidades Linköping e Halland. Outras 29 unidades foram entregues para Londres, ampliando a frota em serviço para 269 unidades na cidade londrina. Em novembro do ano passado, a BYD entregou 15 unidades para a cidade de São Paulo, uma gota d’água no meio de uma frota de quase 15 mil ônibus diesel que rodam na Região Metropolitana.
A bateria de fosfato ferro lítio
Foram apenas exemplificações de como andam as vendas de ônibus elétricos no mundo. Vamos voltar para ao tema da nacionalização do BYD D11B. Ele é o primeiro articulado montado no Brasil, tipo de chassi que Mercedes-Benz (eCitaro G) e Volvo (7900) possuem na Europa e que chegariam aqui a preço altíssimo em razão de uma série de outras tecnologias embarcadas, como sistemas de freios avançados, sistemas de seguranças, como o assistente de ponto cedo (foto abaixo) que avisa ao motorista sobre a presença do ciclista, e mais outros custos diferentes entre indústrias do Ocidente e Oriente.
Segundo a BYD, o chassi D11B tem baterias de fosfato ferro lítio (LifePO4) com promessa de autonomia de até 250 km com uma carga completa.
Segundo estudo do Centro de Pesquisa de Energia Elétrica da Eletrobras/Cepel, há cinco tipos de baterias de lítio mais utilizados pelo setor automotivo e sempre há vantagens e desvantagens entre elas.
No caso da bateria LifeP04, ela tem como vantagem vida longa e segurança. Ela é similar a mais outros dois tipos em potência específica e performance. A desvantagem da bateria de fosfato ferro lítio é o alto custo e energia específica. A vida útil de todos os cinco tipos fica em torno do ciclo de 3 mil descargas profundas.
Bateria de estado sólido
A exceção e de forma pioneira, o recém-lançado Mercedes-Benz articulado eCitaro G contará com a opção das baterias de estado sólido. Este tipo de bateria, ainda inédito em ônibus, traz as vantagens de maior densidade energética e uma vida útil mais longa. Com sete baterias, o eCitaro G alcança uma notável capacidade total de 441 kWh e, portanto, garante faixas típicas das operações de ônibus urbanos de maior cobertura.
Configuração do BYD D11B
Segundo o gerente de P&D da BYD Brasil, Rafael Furquim, os ônibus articulados D11B terão quatro motores ligados aos eixos, com potência máxima de 201 cv cada e potência nominal de 148 cv cada motor. Os ônibus terão tempo de recarga média de até 3 horas (de 0% a 100%). O chassi possui coluna de direção regulável, regulagem de altura do chassi, ajoelhamento bilateral, sistema antichamas, tacógrafo digital, rodas de alumínio e suspensão pneumática integral.