A edição de julho deste ano da revista “Harvard Business Review Brasil” traz o artigo “Como deixar sua empresa à prova de escândalos” muito interessante que deve ser lido pelos líderes das empresas, inclusive, das transportadoras e das fornecedoras de produtos e serviços para o setor de transporte. Mas é válido para todos os habitantes do planeta. 

O artigo é longo, mas compensa a leitura. Vamos pontuar aqui alguns “drops” para você tirar a sua própria conclusão se interessa ou não em ler o artigo. Ele foi escrito a partir de pesquisas realizadas por universidades de negócios e de pesquisadores de outras universidades, da Transparência Internacional, Banco Mundial, entre outras fontes:

– O artigo mostra que o sistema de compliance (departamento interno das empresas para garantir que os funcionários estão agindo dentro da lei e da ética) não é suficiente, apesar dos gastos milionários, para evitar os crimes de colarinho branco.

– A pesquisa aponta que o problema não está no sistema, mas nas lideranças falhas que colocam metas de resultados de vendas perversas, que forçam os funcionários a trabalharem para a empresa aumentar os lucros delas a qualquer preço. É uma cultura corporativa que precisa mudar, pois em análise feita pelos pesquisadores é de que boa parte do comportamento ilegal tinha sido motivada pela pressão dos líderes para atingir metas de vendas extremamente agressivas associadas à bônus e promoções.

– No final, o principal prejudicado é a maioria dos funcionários da própria empresa, pois eles acabam pagando pelo erro de uma minoria com poder de decisão.  

– O artigo mostra caminhos para soluções, alguns óbvios mas difíceis de serem seguidos, mas outros, como melhorar a transferência na comunicação.

– Os crimes de colarinho branco, como fraude, apropriação indébita, suborno, lavagem de dinheiro — exemplifica a revista — destruíram quantidade enorme de valor para acionistas de companhias como Alstom, Odebrecht, Airbus, Rolls Royce, Siemens, entre centenas de outras grandes empresas que o setor de transporte tem estreito relacionamento.

– As perdas são em multas bilionárias, como a de US$ 1,6 bilhão paga pela Siemens em multas, custos corporativos — porque os gestores precisam aplicar energia para limpar a sujeira e negociar acordos, em vez de se preocuparem com a concorrência —, prejuízos na reputação, impacto nas vendas, perda de lucros e no valor da empresa, perda de produtividade, desmotivação dos colaboradores honestos e aumento na rotatividade dos funcionários.

– As agências reguladoras de vários países, principalmente, dos Estados Unidos, fizeram com que as empresas invistam pesadamente em compliance para impedirem os delitos, porém, na prática, não somente aumento do controle não garante que os crimes sejam detectados antecipadamente, como foi observado em pesquisas. Os crimes não só continuam, como estão crescendo no mundo, principalmente, em países em desenvolvimento, com leis mais brandas.

– O artigo sugere que o problema continua não por causa da ineficiência dos departamentos de compliance, mas por causa das lideranças e da cultura corporativa por resultados a qualquer custo, necessidade de superar concorrentes e impressionar os acionistas. É uma cultura que sobrepõe a preocupação de como as metas são atingidas.

– A solução pede líderes com boa reputação, honestidade, transparência e integridade de caráter para inspirar toda a organização a fazer o que é correto e criar um clima de segurança psicológica.  

 

 

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).