Envelhecimento da frota humana x falta de novos caminhoneiros

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Pesquisa divulgada pela Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) aponta para a falta de novos caminhoneiros. Somente 2% dos entrevistados têm menos de 25 anos e 17% estão na faixa etária entre 26 e 35 anos. Por outro lado, 19% têm entre 56 e 65 anos e 4% possuem 66 anos ou mais. A maior parte dos caminhoneiros tem entre 36 e 55 anos (58%).

Foram ouvidos 1006 caminhoneiros em São Paulo (SP), Santos (SP), Contagem (MG), Paranaguá (PR), Feira de Santana (BA), Rondonópolis (MT) e Talismã (TO), entre 15 e 29 de maio de 2024, por entrevistadores da empresa AGP Pesquisas.

A baixa adesão de jovens na profissão preocupa o setor e mostra um envelhecimento da frota humana. Recentemente também, o Instituto Paulista do Transporte de Cargas (IPTC) divulgou um estudo sobre o perfil dos motoristas no setor do transporte rodoviário de cargas.

De acordo com a pesquisa, as faixas etárias entre 31 e 50 anos dominam o mercado, representando mais de 75% das admissões. Em particular, condutores na faixa etária de 36 a 45 anos representam uma parte significativa, somando mais de 37% das contratações. Esses números sugerem uma preferência das empresas e recrutadores por motoristas em faixas etárias consideradas maduras, devido à experiência e estabilidade associadas a esses perfis.

Novos caminhoneiros: falta de segurança, capacitação são os principais motivos 

Para José Alberto Panzan, Presidente do Sindicato das Empresas de Transportes e Cargas de Campinas e Região (SINDICAMP) e Diretor da Anacirema Transportes, o perfil de motoristas no Brasil é preocupante.  “A idade média dos motoristas ativos está maior, sinal de que menos profissionais estão seguindo a carreira de motorista profissional, seja por falta de interesse dos novos ingressantes pela falta de valorização da profissão, e até mesmo, por conta da falta de segurança, infraestrutura e capacitação”.

A escassez de novos caminhoneiros já se tornou um problema . O aumento dos custos, valor do frete, prazos apertados, estradas perigosas, pedágios filas de espera para carga e descarga, falta de segurança, são alguns dos fatores de desinteresse na profissão de caminhoneiro e que tornam a vida do carreteiro uma dura e pesada jornada cheia de desafios a ser vencida diariamente.

Além disso, essas situações que cercam o cotidiano dos profissionais do volante transformaram a profissão numa das mais estressantes e causadoras de doenças físicas e emocionais. Lidar com condições extremas de trabalho pode causar muito mais do que simples dores de cabeça aos motoristas.

Novos motoristas: mais fiscalização e treinamento podem ajudar a atrair jovens 

Encontrar soluções para atrair jovens e reduzir a escassez de motorista são os grandes desafios da atualidade. É preciso investir em iniciativas para mostrar aos jovens as vantagens da carreira e o que significa, de fato, ser um motorista profissional. Por parte do governo é necessário ações para melhorar a infraestrutura na estrada e dos pontos de descanso dos motoristas. A fiscalização também é importante para aumentar a segurança na profissão.

Para Panzan, a valorização dos motoristas é um dos pontos mais importantes neste momento. “Temos que valorizar o motorista, capacitá-lo com olhar mais humanístico, caso contrário, teremos um colapso no transporte. Como empresários, devemos olhar para esses profissionais com acolhimento e respeito, buscando instruí-los e remunerá-los”, opinou