MAN se diz pronta para nova realidade brasileira

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A MAN Latin America reuniu a imprensa hoje (13 de maio) para comunicar a conclusão das medidas tomadas e o que fará para sobreviver à crise de confiança que o Brasil atravessa. A empresa, que já chegou a produzir 350 veículos por dia (caminhões e ônibus), tralhando três turnos cinco dias por semana em sua fábrica de Resende (RJ), com 5.500 funcionários, hoje produz 110 veículos por dia, em um único turno, quatro dias por semana e 3.500 colaboradores.

“Voltamos ao mercado do século passado, mas agora, já fizemos os ajustes internos para nos adaptarmos a uma indústria que reduziu 70% e, a partir de agora, começamos uma nova fase para crescermos dentro de nova realidade, buscar novos clientes, em novos segmentos e com novos produtos. Queremos virar a chave para retomar o crescimento”, diz o presidente da MAN Latin America, Roberto Cortez.

O primeiro trimestre do melhor ano da indústria de caminhões e ônibus foi de mais de 47 mil caminhões em 2011. O primeiro trimestre deste ano foi de cerca de 15 mil veículos, o que significa uma redução de cerca de 70%. A capacidade instalada, considerando todas as fábricas e marcas, é de 440 mil caminhões e ônibus. Projeções da Anfavea (associação das montadoras) indicam que o mercado até o final de 2016 emplacará 62 mil caminhões e 12 mil ônibus. Com as exportações, o número deverá chegar ao máximo a 100 mil unidades. Isso significa que há uma ociosidade de 80% da indústria. “O momento é grave. A indústria de caminhões e ônibus vive a pior crise de vendas das últimas décadas, por isso, precisamos agir”, acrescenta Cortes.

Para piorar a situação, a indústria está sofrendo pressão por aumento de custos médios de 50% e os preços dos caminhões caíram 6% em média. Com isso, há uma defasagem de 20% nos preços dos veículos. “Trabalhamos com grande prejuízo. Mas hoje estamos mais enxutos. Com menos gente, temos menos hierarquia, menos burocracia e mais foco no cliente”, diz Roberto Cortes.

O executivo disse que não dá para precisar se já chegamos ao fundo do poço, mas que os ajustes mais difíceis já foram feitos e, se necessário mais ajustes, esses serão pequenos e mais fáceis. “Mas confiamos nos fundamentos do mercado e do país, pois temos instituições fortes e imprensa livre. O mercado voltará a crescer com as necessidades de investimentos em infraestrutura, renovação da frota e no crescimento do agronegócio”.

INVESTIMENTOS MANTIDOS
Roberto Cortes reafirmou que os R$ 400 milhões previstos para encerrar o ciclo de investimento de R$ 1 bilhão entre 2013-2017 estão mantidos, pois a empresa precisa estar pronta e competitiva quando a crise de confiança passar. A única diferença é que o valor que seria investido no aumento da capacidade de crescimento não faz mais sentido e essa parte dos recursos será realocada. Em breve será inaugurado a maior pista de teste da indústria de caminhões, com 35,5 mil m2 em Resende (RJ) e um novo centro de treinamento para clientes de 7 mil m2 em São Bernardo do Campo (SP).

Ricardo Alouche, vice-presidente de marketing e vendas da MAN, destacou que novas modalidades de vendas tem ajudado a empresa a enfrentar a crise, destacando o leasing operacional lançado no final do ano passado como projeto piloto e com 100 contratos fechados até o momento. Por enquanto, o leasing operacional está disponível apenas para o modelo MAN TGX, mas a empresa estuda disponibilizar esse tipo de operação também para os modelos Volkswagen, mas sem data definida. “Mas com certeza o leasing operacional veio para ficar”, comenta Alouche.

Malagrine

INTERNACIONALIZAÇÃO
Com a falta de mercado no Brasil, a MAN Latin America reforça seus investimentos nos mercados de sua região, que inclui o continente africano. A partir do segundo semestre deste ano, kits de caminhões Worker serão montados na Nigéria, com potencial para chegar a 400 unidades. Outros 117 veículos, sendo 84 caminhões e 33 ônibus estão sendo exportados para Angola.