Um estudo inédito feito pelo BCG (Boston Consulting Group) e apresentado pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) aponta que, em 2030, 10% das vendas de veículos comerciais poderão ser de modelos elétricos, considerado o cenário atual do Brasil, sem estímulos governamentais. O estudo aponta que os veículos com novas tecnologias serão adquiridos por demandas específicas e por grandes clientes. Em um cenário favorável, como ocorrer em países europeus, o percentual de renovação de frota por caminhões e ônibus elétricos pode subir para 26% até o final desta década.

Como estamos no Brasil, é dentro deste cenário que a Mercedes-Benz do Brasil está lançando o seu primeiro ônibus elétrico no Brasil, sem muito otimismo para grandes volumes de vendas a curto prazo, no máximo, 150 unidades em 2022, primeiro ano de produção comercial do eO500U. 

Até então, a opção era chassis da chinesa BYD. Nos sete primeiros meses de 2021, os Detrans de todo o País emplacaram 8.808 ônibus, segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). Deste total, 8.788 foram ônibus com chassi das associadas da Anfavea (Agrale, Iveco, VW, Mercedes-Benz, Scania e Volvo, todos a diesel). De outras marcas, foram 20 unidades. Como não há dados de emplacamentos de ônibus na entidade que a BYD é associada — Abeifa —, é óbvio que os números da BYD estão dentro das 20 unidades informadas pelo Denatran.

A Mercedes-Benz sempre foi cobrada para oferecer ônibus e caminhões elétricos no Brasil e ele sempre esquivou desse tipo de questionamento, deixando apenas que haveria a hora certa. Mas óbvio que a Mercedes-Benz estava trabalhando nos bastidores.

Publicamente, a hora certa foi o dia 25 de agosto de 2021, mas, logicamente, um ônibus totalmente desenvolvido no Brasil não começou a ser trabalhado há poucos dias, mas há alguns anos. Faz parte do jogo industrial guardar secretos. 

O eO500U em dados

O eO500U é um chassi de ônibus urbano elétrico que vai usufruir dos 65 anos de história da Mercedes-Benz no País, o que vai dificultar o mercado para marcas mais recentes no Brasil.

Os veículos elétricos existem há cerca de uma dezena de décadas, porém, nunca conseguiram a viabilidade econômica e comercial. Muita coisa evoluiu de 100 anos para cá e, mesmo assim, o uso de veículo comerciais elétricos continuam requerendo boa infraestrutura de recarga de bateria, capacidade de caixa financeiro ou de crédito bancário, além de muito conhecimento sobre os sistemas de recargas, uso consciente e manutenção. Por isso, as vendas de veículos comerciais no mundo todo tem sido feito de uma forma muito cuidadosa, pois nas mãos de uma pessoa que não sabe usar, a chance de fracasso é altíssima.

O chassi eO500U é um modelo Padron 4×2 da linha O 500. Com piso baixo, poderá receber carroçarias de até 13,2 metros de comprimento. Sua autonomia chegará a 250 km. Com motor elétrico integrado ao eixo traseiro, o eO500U virá equipado com freio eletrônico EBS e sistema de regeneração de energia. O trem-de-força trará para o motorista uma experiência nova de condução, ainda mais suave, confortável, além de totalmente silenciosa (após alguns atropelamentos, principalmente de pessoas com deficiência auditiva, vão criar uma lei que vai obrigar os veículos elétricos a emitir algum som, como já ocorreu na Europa).

O chassi eO500U foi desenvolvido pela Mercedes-Benz do Brasil para a realidade brasileira, tendo sido testado na Alemanha, onde contou com a expertise da Daimler em ônibus elétricos. Outras versões estão em desenvolvimento. “São, justamente, todos esses processos pelos quais submetemos os nossos produtos e que consolidam a confiança do mercado na nossa marca. Unimos a experiência do nosso time de eletromobilidade na Europa com o nosso entendimento da voz dos clientes sobre a realidade do Brasil”, afirma Roberto Leoncini, vice-presidente de Vendas e Marketing Caminhões e Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil.

“Mais do que lançar um novo produto no Brasil, o chassi de ônibus elétrico representa um novo passo da companhia na direção de um ecossistema que inclui também serviços exclusivos e dedicados aos veículos elétricos”, ressalta Roberto Leoncini. “Nessa entrada na era da eletromobilidade, daremos todo o suporte necessário para que os clientes trabalhem com total segurança em sua operação e em seus negócios”.

A gama de serviços incluirá uma consultoria especializada às empresas de ônibus e aos gestores do transporte coletivo urbano no que se refere ao funcionamento do veículo, à infraestrutura de abastecimento de energia e de recarga das baterias e à gestão de frota com ônibus elétricos.

As fontes de energia continuam

Roberto Leoncini acrescenta: “Além do elétrico, a Mercedes-Benz seguirá apostando em alternativas, como os biocombustíveis biodiesel e HVO, que também podem auxiliar na redução de CO2. Além disso, o diesel, cujo uso é na maioria das frotas no Brasil e no mundo, já vem apresentando alto potencial de melhorias em eficiência, consumo e redução de emissões”.

 

 

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).