R 480: alto torque e custo operacional amigável

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A Scania, fabricante conhecida como uma das poucas a produzir supermotores V8 de 16 litros, agora promove o cavalo mecânico R 480 6×4, que pode ser considerado o melhor de dois mundos, por unir o conforto digno de um automóvel de luxo com um motor de menor capacidade, logo, mais econômico, mas que nem por isso deixa de ser dotado de alto torque. Nada menos do que 245 mkgf de 1 000 a 1 350 rpm, números suficientes para que obtenha ótimo desempenho em estradas com topografia irregular e constantes aclives e declives. O torque, além de manter velocidade média alta, ajuda para que o caminhão opere com o motor sempre em menor rotação, tendo como principal benefício o menor consumo de diesel.


Com a necessidade de veículos que possam transportar mais cargas, por meio de conjuntos como bitrenzão e rodotrem, cresceu ainda mais a necessidade de caminhões que ofereçam menores custos operacionais. Por essa razão, o torque é um dos principais fatores que realmente definem a performance no transporte. A velocidade média mais alta reduz o tempo de viagem, o que, dependendo da operação, gera maior produtividade.

Outro motivo que torna o R 480 uma aposta nas operações rodoviárias de longas distâncias é o apelo ecológico do veículo. Por meio do conceito Streamline, o R 480 se diferencia quanto a nível de equipamentos, design (voltado à aerodinâmica) e economia em torno de 4% de combustível se o compará-lo a modelos similares da marca da geração P7 que não carregam esse conceito.

No que se refere à tecnologia embarcada, a transmissão automatizada traz quatro modos de condução. Chamada Opticruise, a caixa possui como novidade o sistema de lubrificação do câmbio que garante melhor performance por oferecer maior refrigeração. Isso, por consequência, reduz o atrito interno e ajuda nas trocas de marchas mais rápidas. Os quatro modos de condução são Econômicos, que ao desabilitar o kickdown (acionamento de aceleração rápida), evita o desperdício de combustível e possibilita trocas manuais quando o veículo estiver acima de 50 km/h.

Caso o condutor programe o piloto automático em uma mesma velocidade, em parceria com o modo Econômico, ambos vão encontrar a melhor solução para manter a redução na queima de diesel. No modo Potência, o veículo alcança maior desempenho em situações como ultrapassagens e subidas, mesmo o veículo carregado. No modo Padrão, o caminhão trabalha combinando economia e potência. A quarta função, Off-Road, permite que o motor gire em rotações mais amplas. Essa caixa trabalha em harmonia com o motor Scania DC 13, de 13 litros e 6 cilindros em linha,com potência de 480 cv a 1 900 rpm.

 
O modelo ainda traz algumas opções de relação de diferencial. Na versão avaliada por TRANSPORTE MUNDIAL, a relação é 3,07:1, mais longa para atender o alto torque do motor, sobretudo quando trafega em estradas mais retas, de poucos declives ou aclives, onde o caminhão pode operar em rotações mais baixas. Como essa avaliação ocorreu no rodoanel Mário Covas e na Regis Bittencourt, por causa da restrição da composição de 9 eixos em rodovias como a da nossa tradicional rota São Bernardo/Peruíbe, foi possível avaliar que essa relação faz real diferença em operações dessa natureza.
 
Começamos o teste pelo rodoanel, com 72 t de PBTC. Nesse trecho, por estar bem asfaltado e não possuir curvas, aclives ou declives, o masterdrive, Aylon José dos Santos, não teve de utilizar muitos recursos da transmissão, a não ser o modo Econômico, sempre convidativo, mesmo a uma velocidade de cruzeiro entre 70 km/h e 75 km/h a 1 300 rpm, com a caixa variando entre a 11ª e  a 12ª marchas. Vale ressaltar que o ápice da economia do R 480 fica entre 
1 100 e 1 400 rpm.

Na rodovia Regis Bittencourt, a caixa Opticruise mostrou toda a sua desenvoltura. No primeiro trecho, mais íngreme, o condutor optou pelo modo Potência para vencer a subida, mas sem ultrapassar a faixa verde. Para tanto rodou a 
30 km/h em 7ª marcha a 1 400 rpm. No km 299, sentido Curitiba (PR), enfrentamos mais trechos íngremes e de muitas curvas, e surpreendeu é que, mesmo pesadão, o Scania R 480 teve força rodou a 75 km/h em 10ª marcha elevando a rotação para 2 000 rpm.

Na Serra do Cafezal, o condutor teve de usar o retarder por medida extra de segurança, já que o veículo estava quase em sua capacidade de carga máxima permitida. Nesse trecho rodamos entre 7ª e 8ª marchas a 60 km/h a 1 900 rpm, e em nenhum momento, Aylon teve de pisar no pedal de freio. 

Em 80% do trecho de declive foi usado até o 3º estágio do retardador. Nos 20% restantes, devido ao tráfego que se formou, houve necessidade de usar até o quinto estágio e, ainda assim, o pedal de freio foi poupado. O desempenho do caminhão ganha mais um reforço graças ao eixo traseiro R885, com capacidade máxima de tração de 78 t ante as 66 t anteriores.

DOTADO DE INTELIGÊNCIA
O pacote Streamline traz de série piloto automático, freio retarder e o Scania Drive Support, uma das melhores ferramentas desenvolvidas para ajudar o operador a melhorar a performance do motorista. Essa ferramenta tem como função avaliar ao final de cada viagem como o caminhão foi manuseado.

Por meio dos dados do veículo coletados no trajeto, como quantidade de frenagens, acelerações etc., o equipamento faz uma análise contínua e estimula a atenção para boa maneiras que não estão sendo exploradas ao volante, como o uso correto do freio e a troca eficiente de marchas, por exemplo. 

Completa o pacote Streamline a cabine aerodinâmica, que ganhou formas mais arredondadas nas grades e mais curvilíneas nas laterais acima dos faróis e colaboram para reduzir a resistência do ar. O desenho do quebra-sol ajuda a refinar o controle do fluxo de ar no contato com o teto durante a viagem. O para-choque foi rebaixado, assim controla bem melhor a saída do ar por baixo do veículo.


O interior desse traçado possui o que há de melhor em conforto e bem-estar do motorista para desempenhar um bom trabalho e desfrutar do ambiente nos momentos de descanso. O computador de bordo conta com visor com tela de 6,5 polegadas, o que facilita a leitura. Os itens do painel se completam pelos acessórios como o novo rádio com conexões Bluetooth, USB, AUX, SD-Card e integrado à navegação via GPS.


Os assentos ganharam novo estofado, de tom mais claro e em veludo, trazendo a sensação de aconchego e de conforto também em função da suspensão a ar e dos vários níveis de posição. A área de descanso também é ampla e iluminada, e os tecidos que revestem cama, paredes e piso seguem o mesmo padrão da estação de trabalho. A cabine Streamline chega com um novo controle da suspensão a ar, e,  para contribuir ainda mais com o dia a dia do operador, a Scania adicionou dois botões de memória no controle remoto eletrônico da suspensão, totalizando quatro funções disponíveis.

OS TOPS DO BRASIL

O segmento de caminhões traçados é bastante plural no Brasil. Há opções para todos os bolsos e necessidades. Os modelos que disputam mercado com o Scania R 480 6×4 são mais sofisticados, carregam conforto e dispõem de muita tecnologia embarcada. De série são equipados com cabine com suspensão pneumática, ar-condicionado, trio elétrico, caixa automatizada, itens de segurança etc.

Contam com cabine desenvolvida justamente para atender o motorista que atua nas longas distâncias rodoviárias, dotadas de amplo ambiente, porta-objetos e acabamento que promove o conforto e o bem-estar. Além disso, dispõem de design arrojado e se ajustam a diversos tipos de implemento e colaboram para uma melhor aerodinâmica.  No que se refere ao motor, os modelos MAN TGX e Iveco Hi-Way possuem propulsor de igual potência comparado ao representante da marca do grifo. Mas para quem precisa mais potência, ainda há as opções do Volvo FH de 500 cv ou 540 cv, e os novatos DAF XF e Mercedes-Benz Actros de 510 cv, cujas vendas começam a partir de março de 2016.

Vale a pena conhecer a ficha técnica de cada um e avaliar qual versão se encaixa melhor ao perfil da operação, sempre levando em conta a qualidade da concessionária que vai lhe atender.

CONCLUSÃO
O   Scania R 480 Stremiline 6×4 é uma excelente opção no transporte que necessita de um veículo premium, mas com baixo custo operacional. E para quem atua em atividades como carga geral, granel, grãos e tanque, por exemplo, em viagens de longas distâncias, terá uma ótima ferramenta de trabalho. O modelo não vigora entre os mais baratos, mas a quantidade de aparatos técnicos e a inteligência a bordo compensam o investimento.