Renovado, Actros 2546 ficou mais rentável

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Na edição 135 da revista, você conferiu o superteste do Actros 2546, que ainda é desajado por milhares de motoristas de caminhão. Veja nosso teste a bordo do modelo, na série Baú da TRANSPORTE MUNDIAL.


 A disputa entre as fabricantes brasileiras de caminhões, cada vez mais acirrada, tem no preço, em muitas ocasiões, o menor dos problemas. Rentabilidade é palavra de ordem, o que envolve veículos mais produtivos, cuja composição de tecnologias faz toda a diferença, por exemplo, no resultado de consumo de combustível e baixa manutenção.


?Razões mais do que suficientes para os departamentos de engenharias das montadoras estarem sempre aperfeiçoando seus produtos. uma novidade ali, outra acolá, e se agradar o cliente, ponto para a marca. E foi nessa direção que a Mercedes-Benz resolveu repaginar alguns de seus modelos. O Atego 2430 com câmbio automatizado é um exemplo de evolução perante a versão 2429, cuja caixa é mecânica.

E não é porque a linha de pesados Actros é a mais premium da marca da estrela de três pontas e está entre as tops do mercado que não passaria por uma renovação. Aqui a máxima é contrária: em time que se ganha é que se mexe. Assim como o semipesado, os pesados Axor e Actros ganharam o conceito Econfort que une atributos de economia, conforto, força e desempenho unidos como nova filosofia de desenvolvimento da fabricante da estrela.

O Actros já é um caminhão que agrega muito conforto. É dono de uma das cabines mais completas, tendo ainda a versão Megaspace Segurança – um suprassumo entre os caminhões da categoria, e divide esse conceito com o Volvo FH na versão com pacote segurança.


No quesito força e desempenho, o Actros é bem resolvido. Possui motor produzido pela Mercedes, o OM 501 LA. Trata-se de um modelo de 12 litros montado em uma arquitetura de 6 cilindros em V com potência de 456 cv a 1 800 rpm e torque de 224 mkgf a 1 080 rpm. O propulsor está combinado com a caixa, também Mercedes, G-281 Powershift de 2ª geração, de 12 velocidades. Por ser automatizado, o câmbio dispensa pedal de embreagem e anéis sincronizadores – este um item a menos para fazer manutenção. Por ter a relação 1:1 o câmbio tem como benefício o melhor escalonamento da marcha, o que resulta em um maior rendimento por não ter que poupar engrenagem.

Assim como no Atego e no Axor, a Powershift no Actros conta com a função Power, que faz as trocas de marchas nas rotações mais altas para ajudar nas subidas e ultrapassagens. Outra função que vai atrair o cliente e, sobretudo, se tornar uma ferramenta auxiliar para o motorista economizar combustível é a EcoRoll, cuja competência é, no momento que o veículo estiver embalado, deixar o motor em neutro automaticamente, evitando consumo de diesel desnecessário.

No mercado, entre motoristas, esse componente é conhecido como “banguela eletrônica”. Vale mencionar que em reportagens feitas pela TRANSPORTE MUNDIAL entre motoristas que trabalham em veículos que possuem esse dispositivo, a ferramenta mostrou-se eficaz e os ajudou a dar resultados positivos para a planilha do “patrão”. O modo Manobra, que também integra a Powershift, tem a função de oferecer a melhor marcha para fazer manobra e movimentações com o caminhão no pátio, além de auxiliar o condutor a ter um controle mais preciso do veículo. A inteligência a bordo se completa com o modo Balanceio, ferramenta que ajuda o motorista a sair de atolamentos. 

Foi a economia, ou seja, resultado de consumo de combustível que a marca de origem alemã mais aprimorou no Actros. E o resultado a reportagem da TRANSPORTE MUNDIAL foi conferir viajando a bordo da versão 2546 6×2, que tem como maior novidade o eixo sem redução nos cubos.

QUALIDADE A BORDO
A Mercedes-Benz oferece três opções de cabines para o Actros na versão rodoviária: leito teto baixo, leito teto alto e Megaspace – esta foi a eleita para a nossa avaliação na tradicional rota São Bernardo do Campo/Peruíbe.


A versão avaliada ainda era dotada do Pacote Segurança, que dispõe de todos os sistemas mais inovadores para veículos comerciais, como orientação de faixa de rolagem, controle de proximidade, piloto automático que se adapta às condições de trânsito, assistente ativo de frenagem (que, quando, por exemplo, detecta o risco de acidente em função da velocidade, como modo de aviso, corta o som do rádio, Bluetooth/celular, para chamar a atenção do motorista, mas se nem assim for tomada providências, o sistema aplica 50% da potência de frenagem, e se mesmo assim nada for feito, ele aplica 100% da frenagem de modo seguro e sem colocar o trânsito em risco); por fim, contempla o pacote o freio auxiliar retarder, que possui uma potência de frenagem de 1 200 cv quando trabalha junto com o Top Brake.


O caminhão tem uma cabine que preza o conforto para motorista e acompanhante, tanto que seu piso é totalmente plano. Sua altura interna é de 1,90 m, e a largura, de 2,26 m. Trata-se de um habitáculo amplo, que permite ao motorista ter mais liberdade a bordo e assim aproveitar mais os espaços, tanto da área de trabalho como de descanso. O banco do passageiro, por ser rebatível, colabora ainda mais com o espaço interno, e há vários portas-objetos.
O bem-estar se completa pelo ar-condicionado digital, que ainda oferece a opção modo Noturno, permitindo que o sistema possa ficar ligado durante a noite mesmo com o motor do caminhão desligado e sem chave no contato. É também uma opção rentável para quem terá de permanecer em longas filas, infelizmente ainda muito comuns às regiões portuárias brasileiras.


O conforto se completa pela suspensão traseira pneumática, item de série e desejável. O conjunto é composto por 4 bolsões de ar por eixo, cuja função é também preservar a carga. Na prática esse sistema também ajuda o motorista a sentir menos os impactos das irregularidades tão comuns em nossas estradas.  Já a suspensão pneumática da cabine ajuda a isolar as vibrações internas e minimizar os solavancos provocados pelos desníveis da rodovia.


MENOS NA BOMBA
Com todas essas alterações, a Mercedes-Benz revela que o Actros pode chegar a uma economia de aproximadamente 6% de diesel em relação ao antecessor – com redutor nos cubos de roda. O maior benefício da utilização desses eixos é a melhora no rendimento mecânico, o que resulta no menor consumo de combustível, até pela leveza do conjunto e, consequentemente, tonando-se um produto mais rentável para o cliente. O eixo que está no novo Actros 2546 6×2 é o modelo HL-8. No entanto, os modelos com redutor HL-7 e HD-7/HL-7 continuam disponíveis na linha, já que há algumas atividades que exigem tais características.

Na descida pela Anchieta, a uma velocidade de 40 km/h, o Powershift elegeu 5ª e 6ª marcha a 1 700 rpm, mesmo com o motor um pouco acima da faixa verde, que está entre 1 100 e 1 400 rpm, não fomos comprometidos, pois a rotação estava coerente com a condição, já que o Top Brake estava acionado. Nesse momento, o freio-motor trabalhava junto com o sensor de proximidade, evitando que o condutor João Moita, instrutor técnico da Mercedes-Benz, em nenhum momento, colocasse o pé no freio. E olha que o imponente veículo estava com PBTC de 50 650 kg.

Ao nível do mar, a velocidade mantida foi a de cruzeiro, sempre variando entre 11ª e 12ª marcha entre 1 100 e 1 200 rpm. Nesse trecho chamou a atenção na Powershift o sensor de inclinação de via, que agregado à marcha mais ágil colabora para o desempenho do caminhão, mesmo que nas situações mais críticas como uma ultrapassagem ou subida, pois, ainda nessas condições, Moita contou com o apoio da função Power que integra a caixa inteligente.  Já de volta, no topo mais íngreme da Imigrantes, fomos surpreendidos pela força do caminhão, que se manteve entre 40 km/h e 50 km/h até tomar fôlego e rapidamente subir para 80 km/h já próximo ao Planalto Paulista.

O Actros 2546 tem um trem de força que surpreende, além disso, é produzido pela Mercedes-Benz, portanto entrega confiabilidade. Além do mais, cumpriu a promessa e fez uma média muito boa para o trecho, de 2,32 km/l.

OS CAVALOS MAIS TOPS
Os cavalos  mecânicos representam mais de 35% do mercado de caminhões e tamanha é a sua importância no Brasil – já que é de caminhão que se transporta mais de 60% de carga – as fabricantes têm feito muito bem a lição de casa para lançar no mercado modelos cada vez mais completos, no que se refere ao conforto, à segurança e à tecnologia embarcada em favor da melhor produtividade. Entre os “mais mais” dessa categoria de gigantes que disputam mercado com o MB Actros 2546 estão: Volvo FH 460, Scania R 440 Streamline, Iveco Hi-Way 440 e MAN TGX 28.440 – todos trucados, configurados 6×2.

Esses caminhões têm muitas coisas em comuns, além das potências equivalentes, suas cabines são as mais amplas do mercado, e de série possuem diferenciais como ar-condicionado, trio elétrico, banco do motorista com suspensão a ar, freios retardadores, e todos são produzidos com caixas automatizadas.

Malagrine

E nesse quesito, o modelo que mais se aproxima à versão da marca da estrela é o Volvo, um dos mais elogiados da categoria por ter em seu câmbio I-Shift a inteligência embarcada, e uma delas é a I-Roll, que faz com que a caixa seja desacoplada em determinadas condições, aumentando a economia de combustível. Essa mesma função é usada através da EcoRoll. Actros e FH também são os que possuem cavalagem mais próxima, 456 cv e 460 cv, respectivamente.  Além disso, esses dois modelos são os mais completos a oferecer componentes de segurança ativa e passiva, sendo a Volvo a primeira a introduzir tais sistemas.

CONCLUSÃO
O Actros 2546 é um caminhão que tem tudo para agradar o motorista, pois seu nível de conforto, graças ao elevado acabamento interno, e dos equipamentos de segurança ativa e passiva vão colaborar para tornar a tarefa mais produtiva. Outra boa nova é que agora, com versão sem redução nos cubos da roda, ele pode se tornar uma alternativa mais rentável ao transportador. Era só o que faltava na MB para se tornar mais competitiva perante os seus concorrentes.