A expectativa da Scania para o mercado de ônibus é crescer 10% no segmento rodoviário e repetir o resultado de 2017 no segmento urbano. “Em urbanos vamos andar de lado, pois os governos inibem investimentos (na renovação de frota das cidades)”, comenta o diretor de vendas de ônibus da Scania Brasil, Silvio Munhoz.
Custo da burocracia
O maior problema para o desenvolvimento do transporte de passageiros urbanos são políticos que diversas prefeituras atravessam. As prefeituras não têm dinheiro para subsídio e, por pressões polulares, não permitem reajuste do preço das passagens, fora o alto índice de gratuidade. Para se ter uma ideia, cada município tem uma legislação diferente. Para entender e cuidade de tanta burocracia, por exemplo, a Scania Brasil tem 70 vezes mais funcionários no departamento tributário do que a Scania Espanha. É um custo que entra para o custo de produção dos veículos.
Nesses últimos anos, as empresas têm comprado mais ônibus básicos, os mais baratos do mercado. São segmentos que Scania e Volvo não são competitivos por seus produtos agregarem mais tecnologia.
Aposta no 8×2
No segmento de rodoviários, a aposta da Scania é nos chassis 8×2 com carroceria de 15 metros, devido a maior rentabilidade. Volvo e Mercedes-Benz estão fazendo a mesma aposta. A concorrência será acirrada e o operador de transporte de longa distância conta com essas três opções no cardápio.
Scania aponta mais três tendências para 2018:
1 – Os ônibus 4×2 de 14 metros vão substituir os ônibus 6×2 no segmento rodoviário.
2 – Os chassis urbanos para encarroçamento urbano de 15 metros vão substituir os articulados de 18 metros.
3 – As vendas de rodoviário serão 40% de 8×2 de 15 metros.
Isso nos faz lembrar do fundador da JCA, Jelson da Costa Antunes (1927-2006), quando da incorporação da Viação Cometa e na apresentação da frota de ônibus 8×2 Double Decker. “Jamais colocaria na minha frota um ônibus de dois andares 6×2. Acho isso de uma irresponsabilidade tremenda”.
Movido a gás
Uma das expectativas da Scania é começar a venda do seu ônibus movido a gás, seja GNV (Gás Natural Veicular) ou biometano. O modelo da marca pode rodar com qualquer um dos dois tipos de gás, inclusive misturados.
O Scania a gás emite 70% menos dos principais poluentes rodando com GNV e 85% menos com biometano, garante Munhoz. Segundo o executivo, a vantagem do ônibus a gás em relação a outras tecnologias limpa é que o custo de aquisição é praticamente o mesmo do modelo a diesel Scania, sem impactar no custo da tarifa ou necessitar de subsídios. “No caso de São Paulo, por exemplo, não haveria problemas de abastecimento como ocorreu no passado, pois já temos mais de 15 mil quilômetros de tubulação de gás”, acrescenta Silvio Munhoz.
Um ônibus elétrico, por exemplo, custa de 150% a 200% mais caro do que um similar a diesel, conforme informações o TFL (Transporte of London) responsável pela gestão do transporte público da capital da Inglaterra. Lá, eles estão testando diversas tecnologias mais limpas, de híbrido, elétrico e a gás. O gestor público, com dinheiro do contribuinte, paga a diferença do preço do ônibus a diesel e do ônibus movido a energia alternativa para este tipo de investimento não impacte o custo do transporte público.