A eletrificação dos veículos é um grande desafio para os fabricantes, pois não dependem somente deles. Há necessidade de investimentos bilionários em geração de energia limpa, distribuição e infraestrutura de abastecimento eficientes. Sem eficiência, as cidades já possuem diversas estações. É necessário também que o Brasil seja capaz de passar um ano com a tarifa na bandeira verde, que é a tarifa com preço padrão. No entanto, a realidade é mais cruel para os consumidores de energia elétrica. Parte do ano, os brasileiros são punidos com tarifas maiores, as chamadas de bandeira amarela e vermelha acrescida com taxas extras punitivas. Além disso, os incentivos para o desenvolvimento e produção dos veículos são praticamente nulos, colocando-os com preço de duas a três vezes mais caros que o modelo convencional. O processo de conversão começou em 2022 e a etapa atual do programa de desenvolvimento é feita a remoção do trem de força a combustão, após, instalado o kit de conversão e o conjunto de baterias, que se aloja no compartimento de carga para evitar adaptação da estrutura. Ainda não fomos informados sobre o que é feito com o conjunto a combustão, se é reciclado, reutilizado ou não. Buscaremos esta informação. Assim que tivermos, atualizamos este artigo. 

Assim, mesmo com a infraestrutura sendo um grande desafio, a Stellantis (com as marcas Fiat, Peugeot, Citroën, Ram, Jeep, entre outras), fez parceria com o Senai A3 da Rota 2030 para o projeto de retrofit (conversão de veículos novos e usados com motor a combustão em elétricos).

Objetivo inicial será realizar o retrofit dos furgões compactos Fiat Fiorino e Peugeot Partner Rapid, e deverá ser estendida para outros modelos. Além da Stellantis, a iniciativa conta com a parceria das empresas Weg e FuelTech. A proposta é oferecer uma solução de mobilidade sustentável com emissão zero e assegurar qualidade na conversão de veículos como equipamento original de fábrica, garantindo segurança, durabilidade e homologação. O retrofit de veículos convencionais em elétricos já é comum nos Estados Unidos. 

Com o projeto, a Stellantis dá mais um passo em direção ao avanço do seu plano estratégico Dare Forward 2030, que acelera e fortalece a estratégia de descarbonização do grupo líder do setor, com a meta de tornar-se carbono neutro até 2038. 

Novo trem de força 

O processo de conversão começou em 2022 e a etapa atual do programa de desenvolvimento é feita a remoção do trem de força a combustão, após, instalado o kit de conversão e o conjunto de baterias, que se aloja no compartimento de carga para evitar adaptação da estrutura. Ainda não fomos informados sobre o que é feito com o conjunto a combustão, se é reciclado, reutilizado ou não. Vamos buscar esta informação. Assim que tivermos, atualizamos este artigo. 

Os testes desses carros serão em vias públicas para identificar os principais fatores técnicos e econômicos envolvendo os componentes locais dos veículos. Gostaria muito de acompanhar esses testes em estações de recarga públicas para eu saber se as experiências negativas foram só minhas. Muito negativas como já descrito no seguinte artigo: https://transportemundial.com.br/perguntas-incomodas-e-algumas-sem-repostas-sobre-os-veiculos-eletricos/

Para isso, será realizada uma coleta de dados para entender melhor o uso e ajustar os parâmetros, caso necessário. A proposta é oferecer veículos elétricos acessíveis, destinados a profissionais com utilização urbana diária média de 100 quilômetros. Os utilitários serão disponibilizados a partir de abril para os clientes B2B seleccionados.

Mobilidade sustentável e acessível

“A Stellantis está na corrida para construir um negócio sustentável e lucrativo que promova a economia circular nos mercados em que operamos. Essa metodologia é mais um passo na direção da oferta de mobilidade sustentável e acessível, que é nossa prioridade”, disse o diretor dos Programas e Planejamento de Produtos da Stellantis para a América do Sul, Breno Kamei. “Nesse momento, essa iniciativa está sendo desenvolvida apenas em frotas de veículos comerciais, mas a intenção é expandirmos para outros modelos, a fim de atender a todos os públicos nas próximas etapas”, acrescentou. 

De cada 10 montadoras de carros no planeta, 10 dizem a mesma frase, mas nos bastidores, a conversa é outra, e o próprio Carlos Tavares, CEO da Stellantis, já deu entrevistas dizendo que está concordando pela fabricação de veículos elétricos pela força de leis criadas por políticos sem conhecimento das diversas alternativas ao combustível fóssil. É só pesquisar que vai achar as falas dele nos maiores jornais da Europa. E o Carlos Tavares não está sozinho. O CEO mundial da Toyota já disse frases similares, e o próprio Grupo Daimler (Mercedes-Benz) emitiu comunicado para a imprensa de que precisaria demitir mais de 10 mil funcionários para criar caixa e fazer economia para investimento em veículos elétricos de resultados duvidosos. As empresas seriam mais assertivas se investissem em bioenergia. E há grandes empresas que estão investindo em bioenergia, como a Shell, Raízen, Ultrapar (Postos Ipiranga e Ultragaz), Vibra (Ex-Petrobras Distribuidora), Iveco, Scania, L’Óreal, WEG,  entre outras. Infelizmente, a Petrobras não está entre as empresas que investem em bioenergia. O foco da Petrobras continua sendo o petróleo. 

Recursos públicos

“Para o Senai, o projeto representa uma oportunidade para desenvolver competências, de forma a contribuir, cada vez mais, para a evolução das tecnologias voltadas para o processo de descarbonização da economia, para a sustentabilidade e economia circular. Aportando recursos, know-how e capital intelectual para o incremento da competitividade da indústria do setor, esperamos compartilhar com os parceiros do projeto os frutos do pioneirismo representado por esta iniciativa”, afirmou o gerente de Operações do Instituto Senai, Leonardo Oliveira. Vale lembrar que o Senai, como todo o Sistema S, precisa dar um retorno grande para a sociedade, pois as entidades são mantidas por contribuições obrigatórias retiradas do salário dos trabalhadores, por sua vez, dos clientes das empresas, pois todo o custo é embutido no preço de produtos e serviços.

Além da obrigação

Em Minas Gerais, como testemunha ocular, a Fiat sempre fez mais do que a lei obriga. A Fiat sempre investiu em educação, seja no Senai, na PUC/MG, no Isvor etc. O projeto de retrofit articula várias áreas de competência da Stellantis. Tem uma forte relação com a SUSTAINera, cujo foco é oferecer aos clientes a opção de manutenção dos veículos com menor custo, através de uma linha de peças remanufaturadas que foi lançada recentemente no Brasil, com garantia total de qualidade e confiabilidade, além de representar o compromisso da Stellantis com soluções de produtos e serviços sustentáveis e acessíveis. O SUSTAINera faz parte da Unidade de Negócios de Economia Circular da Stellantis, cujos principais objetivos são prolongar a vida útil dos veículos e peças, garantindo sua maior durabilidade, e devolver materiais e veículos em fim de vida ao ciclo de fabricação de novos veículos e produtos.

O programa também se articula com o programa de intraempreendedoríssimo da Stellantis Venture Lab e a unidade de negócios global do e-Mobility, que impulsiona o ecossistema de mobilidade elétrica para dar suporte aos usuários dos veículos eletrificados. Assim, o e-Mobility aumenta a acessibilidade dos veículos elétricos no país, em alinhamento às soluções globais voltadas para a mobilidade elétrica e sustentável, a fim de assegurar a melhor experiência ao consumidor.

Retrofit na Europa

As inovações que integram a economia circular se estendem além do Brasil. Na Europa, a Stellantis se uniu à Qinomic, empresa de alta tecnologia especializada em soluções inovadoras e sustentáveis para mobilidade, com o objetivo de atender à necessA eletrificação dos veículos é grande para os fabricantes, pois não dependem somente deles. Há necessidade de investimentos bilionários em geração de energia limpa, distribuição e infraestrutura de abastecimento eficientes. Sem eficiência, as cidades já possuem diversas estações. É necessário também que o Brasil consiga passar um ano com a tarifa na bandeira verde, sendo a tarifa com preço padrão. No entanto, a realidade é mais cruel para os consumidores de energia elétrica. Parte do ano, os brasileiros são punidos com tarifas maiores, as chamadas de bandeira amarela e vermelha, acrescida com taxas extras punitivas. Além disso, os incentivos para o desenvolvimento e produção dos veículos são praticamente nulos, colocando-os com preço de duas a três vezes mais caros que o modelo convencionalidade dos clientes de ampliar a vida útil de seus veículos e continuar as atividades comerciais enquanto acessa zonas de baixas emissões (LEZ) nas cidades.

O projeto confirma o compromisso da Stellantis com a inovação e o empenho de contar com parceiros que apoiem seu plano de eletrificação. A conclusão bem-sucedida deste desenvolvimento conjunto em 2023 e o feedback positivo dos clientes sobre o desempenho dos carros de demonstração levarão à implementação e comercialização a partir de 2024, primeiro na França e depois em toda a Europa.

A extensão da vida útil dos veículos é um dos principais objetivos da Unidade de Negócios de Economia Circular da Stellantis, que impulsiona a iniciativa em colaboração com a Unidade de Negócios de Veículos Comerciais e Stellantis Venture Studio (SVS), uma equipe global com foco em acelerar inovações tecnológicas em novas aplicações de negócios, através de parcerias e de um programa interno de empreendorismo em infraestrutura. 

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).