Transporte rodoviário pode sofrer colapso sem valorização do motorista

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O transporte rodoviário poderá sofrer um colapso se não houver capacitação e valorização do motorista profissional.  A declaração é de José Alberto Panzan, Diretor da Anacirema Transportes e também Presidente do Sindicato das Empresas de Transportes e Cargas de Campinas e Região (SINDICAMP).

Segundo o empresário, é essencial capacitar os profissionais com um enfoque mais humanístico. Em sua visão, o perfil atual dos motoristas é preocupante, porque a média de idade elevada entre os profissionais em atividade indica que cada vez menos pessoas estão interessadas em seguir essa profissão.

Os motivos que explicam a falta de interesse pela atividade são conhecidos. Quem atua no setor sabe que o motivo principal é a desvalorização da profissão. Isso inclui a falta de segurança, infraestrutura inadequada e também a ausência de capacitação profissional. Como resultado, esse desinteresse tem contribuído para o aumento da idade média dos motoristas em atividade.

Idade média dos motoristas está aumentando

Panzan lembra que a média de idade dos motoristas ativos está aumentando, o que sinaliza que menos profissionais estão optando por essa carreira. Ele observa que o crescente uso da tecnologia está transformando o perfil dos motoristas, exigindo deles uma adaptação contínua e o desenvolvimento de novas habilidades.

“Assim, aqueles que conseguem se adaptar a essas mudanças têm maior probabilidade de sucesso em um mercado de trabalho em constante evolução”, afirma.

Motoristas das faixas etárias entre 31 e 50 anos dominam o mercado

Motoristas entre 31 e 50 anos dominam o mercado. De acordo com um estudo recente do Instituto Paulista do Transporte de Cargas (IPTC), motoristas nessa faixa etária representam mais de 75% das admissões.

O levantamento também revelou que os condutores de 35 a 45 anos somam mais de 37% das contratações. Esse dado sugere a preferência das empresas por motoristas com perfis maduros. Isso, devido à experiência e estabilidade associadas a essas idades.

Além disso, o estudo mostrou que houve em 2023 uma redução na quantidade de motoristas jovens nas categorias C, D e E. Por outro lado, se observou um aumento significativo de motoristas na faixa etária de 51 a 60 anos.

Contudo, diante dessas mudanças, Panzan acredita que a valorização dos motoristas é crucial para preparar o setor para o futuro.

“Precisamos valorizar os motoristas e capacitá-los com uma abordagem mais humanística. Caso contrário, o transporte rodoviário de cargas entrará em colapso. Como empresários, devemos olhar para esses profissionais com acolhimento e respeito. Devemos buscar instruí-los e remunerá-los de maneira que possam ser mais do que apenas operadores de veículos. Dessa forma, conseguiremos observar mudanças nesse cenário”, explica.

Escola de motoristas

Nesse contexto, Panzan menciona que a Anacirema criou uma Escola de Motoristas. A unidade oferece a oportunidade para pessoas sem experiência aprenderem e se desenvolverem na profissão.

Panzan destaca também a necessidade de otimizar a logística urbana, solução que pode aumentar a demanda por motoristas especializados em entregas rápidas e eficientes.

Adicionalmente, com a crescente expansão do e-commerce e delivery, Panzan ressalta que as transportadoras já se antecedem para possíveis desafios do setor com o desenvolvimento de veículos e as tecnologias que podem, cada vez mais, impactar no crescimento da profissão.  

Por último, ele comenta que os veículos autônomos poderão ser capazes de reduzir a demanda por motoristas. Entretanto observa que se trata de algo a longo prazo que deverá transformar o setor de transporte.

“Além disso, mudanças na legislação podem impactar as condições de trabalho e os benefícios dos motoristas, especialmente aqueles que trabalham para aplicativos de transporte”, conclui José Alberto Panzan.