VM 330: boa pedida para quem busca um 8×2

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A evolução do Volvo VM segue o mesmo sentido da de seus irmãos maiores da linha F – estes, particularmente, completam a proposta da Volvo de vender no Brasil produtos globais, o que não é o caso do VM, que foi desenvolvido para mercados emergentes. Contudo, um pouco antes da chegada das novidades globais da Volvo, apresentadas no final do ano passado, a fabricante repaginou sua gama de entrada, apresentando a quarta geração da família. Os VM ganharam novo visual, novos acabamentos, tecnologias e versões.

IFrame

Entre os principais atrativos estão a introdução da transmissão automatizada I-Shift como item de série e as novas configurações de tração 8×2 e 8×4. TRANSPORTE MUNDIAL avaliou a versão do VM 330 8×2, equipada com a transmissão I-Shift.Trata-se de um caminhão com o quarto eixo direcional – adequado para operações mistas, comum a veículos dessa natureza, que trabalham em cidades e rodovias – e suspensão pneumática de série. É bom lembrar que para essa configuração são importantes clientes o autônomo e o pequeno frostista, sendo o autônomo um motorista trabalha comumente em operações mistas, muitos deles no Ceasa que vêem o caminhão como um carro de passeio e, por isso, aprecia atributos de conforto. Nesse quesito, a Volvo fez muito bem a lição de casa. 


A bordo do VM nota-se que a ergonomia, um dos pontos fortes dos veículos da marca, foi mantida e isso foi muito bem aceito pelos clientes. No âmbito estético houve mudanças, como os tecidos dos bancos, que na versão avaliada é de couro, o que contrasta, mas de forma harmoniosa, com o tecido da cama na cor azul e com o teto e o habitáculo num cinza claro. Esse modelo no pacote completo, com cabine leito, traz rádio com CD e entrada auxiliar e USB, além do banco revestido em couro. Esse caminhão também traz a opção da cabine simples; o acabamento do painel e das portas também em tons mais sóbrios são macios ao toque e fáceis de limpar.

O veículo ganhou também um painel renovado, curvo, que privilegia a ergonomia, já que todos os comandos estão próximos ao motorista. Tratando-se de praticidade, chama a atenção o volante multifuncional; dele, o motorista pode comandar o computador de bordo e também o piloto automático e o controle de rotação do motor. De série a Volvo equipa o caminhão com ar-condicionado e climatizador. Para maior segurança e comodidade do motorista, os espelhos retrovisores são bipartidos e o modelo é entregue com retrovisor de meio-fio também como item de série. 


O VM tem uma série de compartimentos que, juntos, somam 300 litros. Para se ter uma ideia, isso é um litro a mais em relação ao FH da linha antecessora. 

SOLUÇÕES TÉCNICAS
A transmissão I-Shift que está disponível no modelo é a mesma que equipa o FH – presente em mais de 90% dos caminhões pesados da marca. Trata-se de uma transmissão que dispensa o pedal de embreagem e que dispõe de 12 velocidades – todas indicadas no display do computador de bordo. A vantagem dessa transmissão está no modo automatizado, que elege a melhor marcha conforme o peso do veículo e a pressão do pé do condutor no acelerador.

Além disso, sua versatilidade é também poder ser usada no modo manual, comum em situações mais severas. 
Localizada do lado direito do banco do motorista, a I-Shift conta com o modo E/P (econômico e potência). E como os nomes sugerem, na condição econômica o veículo consome menos combustível por estar em velocidade de cruzeiro, e no modo potência oferece força suficiente para fazer ultrapassagens sem ter que gastar muito combustível.

Localizado mais adiante da caixa estão os sinais mais e menos, em que o condutor faz as trocas de marchas. Outro item inteligente é o modo emergência. “Suponhamos que o motorista passe por uma situação crítica da estrada, ele pode mover o caminhão até um local mais seguro e aguardar um socorro mecânico”, explica Vânio Albino, instrutor ligado à área de competências da Volvo do Brasil. Nesse modo, a caixa disponibiliza a 1ª, 3ª, 5ª marchas e mais a ré. Nessa configuração 8×2 avaliada pela TM, a Volvo ainda oferece de transmissões de 6 e 9 marchas. 

Essa caixa trabalha em perfeita combinação com o motor, um MWM (desenvolvido em parceria com a Volvo) de 6 cilindros em linha, 7 litros que desenvolve potência de 330 cv a 2 200 rpm e torque de 133 mkgf de 1 200 a 1 600 rpm. As opções de entre-eixos são 4 800 mm e 5 150 mm, com relações de reduções de 3,58:1, 3,73:1 (equipada no modelo avaliado, por ser longa e atender operações em regiões de trechos acidentados) e 3,91:1. A embreagem desse veículo é maior, de 395 mm, e possui disco com revestimento reforçado.

Também está equipado com freio-motor VM-EB do tipo borboleta, com capacidade de frenagem de 290 cv – com o sistema acionado sua faixa de rotação adequada é entre 1 200 a 2 400 rpm. Nessa versão, o veículo conta com suspensor de eixo, e, caso o motorista esqueça de abaixá-lo, a partir de 10 km/h o sistema abaixa sozinho.

NA PRÁTICA

O VM está muito bem resolvido em termos de equipamentos e acabamento, por isso, na estrada não poderia deixar a desejar. E não deixou.

Como sempre, passamos pela nossa tradicional rota, São Bernardo do Campo com destino a Peruíbe (trecho de ida e volta). No início da descida de serra, pela rodovia Anchieta tivemos de parar por completo o veículo por causa do tráfego intenso de caminhões, obrigados a descer apenas pelo lado direito da pista. Contudo, em questão de minutos, a velocidade foi retomada, e Vânio recomendou utilizar o modo manual da I-Shift. Entre 6ª e 7ª marchas descemos a uma velocidade entre 25 km/h e 30 km/h a 1 700 rpm, usando 50% da capacidade de frenagem do freio-motor.


Ao nível do mar o VM 330 8×2 trafegou quase o tempo todo em velocidade de cruzeiro, entre 70 km/h e 80 km/h, utilizando o modo automatizado. Na hora de uma ultrapassagem, no modo potência, não se percebe que o motor está pegando fôlego, tudo é muito harmonioso e a rotação não ultrapassa os 1 500 giros. Dirigindo-o nessa condição, nem se percebe que ele estava com 23 190 kg de PBT, pois parece flutuar e que não existem ruídos.

Já a subida, pela rodovia dos Imigrantes, depois de passar pelo trecho de maior declive, a caixa oscilou entre a 10ª e 11ª velocidades, para ficar a 55 km/h sem ultrapassar os 1 400 rpm. Com essa versão 8×2, a Volvo chegou bem competitiva ao mercado, oferece um veículo confortável e com capacidades técnicas adequadas para atender um público bem exigente, como o autônomo.