Quando a TRANSPORTE MUNDIAL anunciou que jovem engenheira sueca Karin Rådström, de 42 anos, deixou a Scania para assumir como executiva-chefe global da Mercedes-Benz Trucks, quisemos valorizar mais as competências dela na escola Scania do que o fato de ser uma mulher assumindo um cargo sempre ocupado por homens. Isso, porque já devemos tratar as conquistas profissionais das mulheres como algo normal, pois estamos em 2021. Mas, lógico, é um grande fato e a Karin Rådström quer que as mulheres cresçam dentro da indústria automotiva.

Ela mesmo concorda após atuar 17 anos na indústria de caminhões: “Depois desse tempo todo nem penso nisso, mas estranho ainda discutir isso”. A executiva, além de ser chefe mundial da Mercedes-Benz Trucks, integra o conselho de administração da fabricante e é responsável pelos mercados da Europa e da América Latina. No último dia 28, por meio de uma reunião on-line com jornalistas de economia e com a TRANSPORTE MUNDIAL, esbanjou empatia, bom humor e conhecimento dos desafios a serem enfrentados no mercado brasileiro.

Brasil é difícil, mas importante

Sobre a situação atual do Brasil, com polarização política, questionamentos sobre os investimentos para cá. Karin Rådström lembrou que o Brasil, mesmo com todas as dificuldades no momento, é responsável por 25% das vendas globais da Mercedes-Benz. “É um mercado difícil, mas importante”, disse, lembrando que a empresa acaba de completar 65 anos no mercado brasileiro e quer continuar por muitos e muitos anos. “O Brasil é um dos mercados mais desafiadores do mundo por causa de sua imprevisibilidade. Na Europa posso prever quantos caminhões vamos vender em 2024, no Brasil não sei como será janeiro próximo. Mas temos forte demanda e estamos crescendo. Adoraria se o País fosse mais estável, com câmbio estável, mas esta é uma realidade que temos de conviver e trabalhar para aproveitar o grande potencial de crescimento que existe aqui”, acrescenta Karin Rådström.

A executiva reconhece que há desafios para sustentar o crescimento no Brasil, por problemas já bastante conhecido dos brasileiros, como a retração da economia, a adoção de novas tecnologias obrigatórias por leis, mas em um momento de baixo crescimento econômico, baixo nível de industrialização de componentes (alta dependência de importação de insumos), baixa produtividade etc. No entanto, a Mercedes-Benz confia que manterá uma posição de liderança, pois as dificuldades são para todos os fabricantes.

Para ficar uma mensagem de esperança, Karin Rådström lembra que os desafios sempre existiram e os momentos difíceis passam, lembrando que a Mercedes-Benz jamais vai desistir do Brasil.

Ex-Scania assumiu cargo mais alto na Mercedes-Benz Trucks

 

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).