
Por que ter um departamento de pesquisa e desenvolvimento (P&D) se você pode ter vários a baixo custo? Cada vez mais as empresas buscam soluções tecnológicas e inovações nas startups. Para mostrar o que tem feito, a CNH Industrial (grupo que controla diversas marcas, como Iveco, Iveco Bus, Case, New Holland, entre outras) realizou um evento em Piracicaba (SP) para mostrar a parceria com o Pulse Hub de Inovação, da qual é patrocinadora.
O Pulse, uma iniciativa da Raízen, é um ponto de encontro de startups, corporações, investidores, entidades e universidades. É também uma ideia genial: trazer para perto pessoas criativas e clientes para pensar e desenvolver tecnologias que vão resolver diversos problemas da sociedade contemporânea e que podem render bons resultados financeiros. Neste caso, as soluções desejadas são para a crescente demanda de energia, produtos agrícolas e logística, pois esses são os principais campos de interesse da Raízen, uma joint venture entre Cosan e Shell.
A CNH Industrial neste negócio é um investidor e, ao mesmo tempo, um grande parceiro e cliente da Raízen. São interesses que convergem.
Dessa parceria, a CNH Industrial já colhe frutos. É a única empresa privada brasileira entre as Top 10 com mais patentes no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial). As outras nove são universidades.
“O Pulse é um agente de promoção da inovação e propõe um caminho para novos empreendedores e inovadores, além de fazer um importante elo com a cadeia do agronegócio”, afirma Sérgio Soares, diretor de engenharia e desenvolvimento de produtos da CNH Industrial.

O objetivo da CNH Industrial não é encontrar soluções apenas para o setor agrário, mas também de construção e transporte. Segundo Darwin Viegas, diretor de engenharia para o segmento de veículos comerciais, novas soluções de telemetria, serviços conectados e uso de combustíveis alternativos podem sair de dentro do Pulse.
Prevenção contra concorrentes
As startups ganham a atenção do mundo depois de sucessos como Facebook, PayPal, Uber, Airbnb, ClickBus, Nubank etc. As grandes empresas — geralmente engessadas pela burocracia, longos processos e tomadas de decisões demoradas — veem nas startups uma grande oportunidade para trazer inovação e agilidade para dentro de casa, ou, para o mais próximo possível antes do concorrente; ou que o sucesso dela de forma independente torne o preço da inovadora alto demais. Quanto custa hoje comprar Airbnb deve ter sido um dos questionamentos dentro do Grupo Accor.
Como quem está começando a desenvolver uma nova ideia sempre precisam de uma “mãozinha”, as grandes empresas passaram a oferecer essa “mãozinha” e, logicamente, se o projeto for viável técnica e economicamente, ter a preferência na aquisição ou parceria. Assim, como fez a Raízen com o Pulse Hub de Inovação, elas criam as chamadas incubadoras e aceleradoras de startups. Até o Setcesp (Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas de São Paulo e Região) criou o Laboratório Setcesp de Inovação e a CNT (Confederação Nacional do Transporte) o programa Conecta para apoiar startups.
A Mercedes-Benz encontrou na startup Grunner a solução para transformar seus caminhões voltados para o agronegócio em semiautônomos para a colheita de cana-de-açúcar. Segundo Roberto Leoncini, vice-presidente de marketing e vendas da empresa no Brasil, o desenvolvimento do Axor semiautônomo pelas vias tradicionais levaria mais de cinco anos. Com a startup Grunner, foi menos de dois anos. “Eles tinham a solução, a nossa engenharia entendeu, gostou da tecnologia deles e deu aval para a gente utilizar aqui no Brasil. Este tipo de parceria vai se tornar cada vez mais comum e não só olhando para o nosso ecossistema, temos que sair um pouco para fora para enxergar onde tem oportunidades para trazer mais soluções para nossos clientes”, disse.
Essa parceria entre grandes empresas e pessoas que têm boas ideias, criatividade e disposição para muito trabalho, se bem-feita, pode ser um ganha-ganha. Os empreendedores encontram o apoio inicial que precisam e, dando certo o projeto, a empresa que apostou na iniciativa tem uma solução a baixo custo em comparação com a maneira tradicional dos desenvolvimentos das últimas décadas. Vale lembrar que, segundo levantamento da Pieracciani Desenvolvimento de Empresas, cerca de 74% das startups não sobrevivem.
Como selecionar uma startup
A escritora e investidora em startups, Natalie Fratto, em uma palestra no TED (órgão sem fins lucrativos que promove conferências sobre diversos temas), dá dicas de como selecionar uma startup para investir. Ela lembra que, enquanto a maioria dos investidores segue padrões tradicionais para escolher os empreendedores — quociente de inteligência (QI) e quociente emocional (QE) —, ela não ignora esses dois quocientes, mas empenha mais no quociente de adaptabilidade (QA). Natalie explica que o mundo muda em uma velocidade jamais vista e essas mudanças estão mudando nossas relações de trabalho, pessoais, famílias etc. Assim, nos tempos atuais, uma pessoa dificilmente terá sucesso se não tiver um bom nível de QA. Na palestra, ela dá dicas de como avaliar o QA e como desenvolvê-lo. A palestra está disponível gratuitamente no site www.ted.com.
Pulse está com inscrições abertas
Se você tem uma boa ideia para as áreas de logística, agro, indústria, varejo, gestão e produtividade, o Pulse está com inscrições abertas no site www.pulsehub.com.br.
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