Enquanto no Brasil estamos conhecendo os caminhões que atendem a norma Proconve P8, “inspirada na norma Euro 6”, a nova fase da legislação de emissões de poluentes (inclui ruídos), o Velho Continente começa a trabalhar para atender a norma Euro 7. Vamos entender um pouco sobre ela, pois, poderemos vivê-la em terras brasileiras. A IRU (União Internacional de Transporte Rodoviário e tem a NTC & Logística como representante no Brasil), enviou para este jornalista, a seguinte nota:

Com novos padrões de CO₂ para veículos pesados ​​a caminho, os operadores de transporte rodoviário estão ansiosos para ver que seu caminho para a neutralidade de carbono inclui várias opções de descarbonização. Com os veículos pesados ​​a hidrogênio e a bateria elétrica, o motor de combustão tem de continuar a ser uma opção. (No Brasil, os motores, como conhecemos há décadas, conta com opções de biometano, HVO e hidrogênio verde como fontes de combustível utilizando a economia circular, reciclagem e agricultura, acréscimo deste jornalista). A nota completa no artigo abaixo.

Posição dos representantes dos transportes

A IRU apoia os esforços da Comissão Europeia para continuar propondo soluções para reduzir as emissões de poluentes para veículos com base em todas as tecnologias, incluindo o motor de combustão interna.

No entanto, a IRU está preocupada de que o rigor das normas na proposta Euro 7 possa, em alguns casos, exigir que os veículos sejam completamente “reengenhados”, com sérias implicações de custos que são completamente desproporcionais aos benefícios reais.

O Diretor de Advocacia da UE da IRU, Raluca Marian , disse: “se a proposta do Euro 7 não atingir o equilíbrio certo entre o rigor das regras, os custos associados e os benefícios ambientais adicionais, poderá desincentivar e, eventualmente, impedir os fabricantes de desenvolver novas tecnologias ou desencorajar os operadores de comprá-los. Isso não ajudará a colocar veículos mais limpos nas estradas”.

A IRU também é cautelosa quanto à inclusão de pneus e freios no escopo das regras do Euro 7. Apesar da importância de considerar todas as partes do veículo que emitem poluentes, a proposta carece de clareza sobre a interação entre os componentes principais, como o motor, e as partes marginais, como pneus e freios, na classificação de um veículo como Euro 7.

“Poderia um transportador comprar um veículo Euro 7 e, um ano depois, o veículo deixar de ser considerado um veículo Euro 7 por que os pneus usados ​​foram substituídos por pneus de qualidade diferente? Isso significaria que um veículo não pode mais entrar em uma zona urbana de baixa emissão devido ao desgaste de algumas peças?” questionou Raluca Marian.

“As empresas precisam de segurança jurídica para fazer investimentos. Esperamos que as regras do Euro 7 sejam pragmáticas e claras sobre esses aspectos”, acrescentou.

Como nota positiva, o Euro 7 simplifica os procedimentos de teste e melhora a eficiência dos motoristas e operadores de transporte, melhorando a digitalização relacionada ao monitoramento contínuo das emissões. Mas o acesso aos dados do veículo para fins de monitoramento ainda é vago e precisa ser esclarecido na próxima legislação.

Fatos e números

Existem atualmente cerca de 7 milhões de veículos pesados ​​nas estradas da UE, dos quais mais de 96% são movidos a gasóleo. A penetração de tecnologias de combustíveis alternativos é lenta.

No que diz respeito com os veículos comerciais com PBT igual ou superior a 40 toneladas, os veículos movidos a combustíveis alternativos começaram a chegar ao mercado. Encontrar soluções viáveis ​​para melhorar as tecnologias de motores de combustão é fundamental para a descarbonização das frotas de serviço pesado, com veículos elétricos a bateria e células de hidrogênio.

Os números mais recentes do Eurostat mostram que mais de três quartos do total do transporte terrestre de mercadorias da UE são efetuados por estrada, uma taxa que tem aumentado de forma constante nas últimas décadas. 

Conforme a Comissão Europeia, espera-se que a procura de transporte de mercadorias na UE cresça mais de 60% até 2050. Mesmo assumindo que uma parte substancial do frete será ocupada por outros modos de transporte, o que é necessário para lidar com o aumento previsto, a quota e o número de veículos nas estradas terão de permanecer significativos para satisfazer a procura.

Sobre a IRU

Trata-se de uma organização mundial de transporte rodoviário, ajudando a conectar as sociedades com mobilidade e logística seguras, eficientes e verdes. Como a voz de mais de 3,5 milhões de empresas que operam serviços de transporte rodoviário e multimodal em todas as regiões globais, a IRU ajuda a manter o mundo em movimento.

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).