Em meio a maior crise da humanidade causada pela pandemia, o engenheiro Márcio Querichelli assume a responsabilidade pela Iveco na América do Sul. Os executivos das empresas têm papel fundamental neste ano para garantir a continuidade das empresas e os empregos.
Márcio Querichelli se reportará a Gerrit Marx, presidente global para veículos comerciais & especiais, e coordenará as atividades junto a Vilmar Fistarol, presidente da CNH Industrial para a América do Sul.
Gerrit Marx iniciou o processo de criar maior independência na área de veículos para fortalecer as marcas de caminhões e ônibus no mundo, cabendo ao executivo Márcio Querichelli trabalhar pelo mesmo objetivo na América do Sul.
Márcio, que tem 35 anos de experiência e já ocupou cargos de destaque em empresas dos segmentos de ônibus e caminhões, como Daimler Trucks, Fuso e Mercedes-Benz do Brasil, será responsável pelas áreas de vendas e marketing das marcas Iveco na região, coordenando as equipes de pós-vendas, qualidade, engenharia de produto, plataforma e planejamento de demanda.
Marco Borba, executivo de negócios da Iveco para o segmento de caminhões, e Humberto Spinetti, da Iveco Bus, passam a se reportar a Márcio Querichelli, coordenando as suas atividades, respectivamente, com Thomas Hilse, responsável mundial por caminhões, e Stéphane Espinass, ônibus.
“Iniciamos uma nova etapa no desenvolvimento das nossas marcas do segmento de transportes de passageiros e cargas com o intuito de reforçar o foco estratégico nos negócios em toda a região”, afirma Vilmar Fistarol. A gestão das marcas da companhia na América do Sul inclui também os países da América Central e Caribe.
Além da formação como engenheiro industrial mecânico, Márcio Querichelli fez International MBA Executive Global na Fundação Getúlio Vargas, MBA em Administração na FEI e Leadership Program for Senior Executive na IMD Business School.
Sobre a CNH Industrial
CNH Industrial N.V. (NYSE: CNHI /MI: CNHI), uma das líderes globais no setor de bens de capital com experiência industrial reconhecida, tem uma ampla gama de produtos e presença mundial. Cada uma das marcas individuais que pertencem à empresa é uma força internacional de destaque em seu setor específico: Case IH, New Holland Agriculture e Steyr para tratores e máquinas agrícolas; Case Construction Equipment e New Holland Construction para equipamentos de movimentação de terra; Iveco para veículos comerciais; Iveco Bus e Heuliez Bus para ônibus urbanos e rodoviários; Iveco Astra para veículos de pedreira e construção; Magirus para veículos de combate a incêndio; Iveco Defence Vehicles para defesa e proteção civil; e FPT Industrial para motores e transmissões; CNH Industrial Capital para serviços financeiros.
Entrevista exclusiva com Gerrit Marx
Leia abaixo, a entrevista com Gerrit Mar Marx, presidente mundial unidades de veículos do Grupo CNH, feita pelo jornalista italiano Gianenrico Griffini e publicada no Brasil com exclusividade pela TRANSPORTE MUNDIAL na edição 184:
Na posição de presidente de veículos comerciais e especiais da CNH Industrial desde janeiro deste ano, Gerrit Marx tem a missão de direcionar a unidade de negócios que envolve as marcas Iveco, Astra, Iveco Bus, Iveco Defence e Magirus para os desafios impostos pelas sociedades mundo afora. Com formação em engenharia e doutorado em administração pela Universidade de Colônia, na Alemanha, o executivo de passagem por diversas empresas, algumas do setor automotivo, como Daimler AG e Volkswagen AG, consultorias e bancos, Gerrit Marx concedeu a seguinte entrevista para falar sobre a nova estrutura organizacional da CNH Industrial e os destinos da unidade de veículos. Confira:
TRANSPORTE MUNDIAL • Este ano, a CNH Industrial lançou uma nova estrutura organizacional. Você pode explicar como isso funciona?
geRRit Marx • A nova organização simplifica a estrutura, fortalecendo nossos cinco segmentos globais – Agricultura, Construção, Veículos Comerciais e Especiais, Powertrain e Serviços Financeiros. A nova configuração aproxima as empresas do cliente e facilita um processo de tomada de decisão mais rápido. Em nosso caso específico, reagrupar caminhões, ônibus, veículos fora de estrada e pedreiras, juntamente com veículos de combate a incêndios, proteção e defesa civil, tudo sob o mesmo teto, impulsionará as sinergias internas e o fortalecimento da marca.
TM • Quais os benefícios para os clientes da Iveco?
Gerrit • Em primeiro lugar, a nova organização reúne o negócio de veículos comerciais do Grupo Iveco. A organização enxuta também nos dá a flexibilidade para inovar e a velocidade que precisamos para sermos mais eficazes, mais focados em estar perto de nossos clientes e fornecer as soluções de que precisam.
TM • O press release anunciando a nova estrutura diz que a companhia acelerará suas atividades nas áreas de automação, automação de veículos, digitalização de serviços, entre outros. Algumas destas palavras soam bastante novas na linguagem da Iveco. O que significa para o portfólio de produtos Iveco?
Gerrit • Automação, eletrificação de veículos, digitalização de serviços não são novidade para a Iveco. Basta pensar em nosso Daily Electric ou em nossos ônibus líderes de mercado; os serviços TCO2 Live que introduzimos com o Stralis em 2016, que já eram um primeiro exemplo de digitalização de serviço. A nova organização nos permite acelerar nosso progresso nessas megatendências. Ele está focado em oferecer-lhes toda uma gama de serviços habilitados pela digitalização. Estamos prestes a lançar um novo veículo com novos serviços que aproveitam a tecnologia digital para maximizar o tempo de atividade, a produtividade e a eficiência de combustível dos veículos de nossos clientes. E continuaremos a desenvolver e expandir esses novos serviços, que se tornarão uma parte cada vez mais importante do pacote completo que nossos veículos oferecerão aos nossos clientes. A nova organização também nos permitirá continuar a inovar na eletrificação de veículos e acelerar esse processo. A tecnologia de tração elétrica em seu estado atual de desenvolvimento é viável para a mobilidade urbana; tem um papel importante a desempenhar, especialmente em missões de baixa velocidade, com baixa intensidade de energia, e em missões de alto valor, como o transporte de pessoas nos centros das cidades. No entanto, é importante lembrar que a eletricidade é limpa apenas se vier de um processo de geração limpo. Um veículo movido a eletricidade gerada a partir do carvão está apenas movendo as emissões poluentes da cidade para o local da usina. Outra consideração importante é sobre a bateria e sua extração de material, seu custo, seu peso, seu fim de vida, reciclagem e equilíbrio ambiental global. As aplicações de longa distância seguirão a longo prazo, e nos próximos anos veremos uma evolução que transformará a indústria.
TM • Qual o papel que os veículos a gás e a tecnologia LNG (gás natural liquefeito) terão no futuro da Iveco no segmento de longo curso?
Gerrit • Temos um claro roteiro de investimentos para a Iveco consolidar e aumentar nossa posição em cada segmento – veículos comerciais leves, médios e pesados. Estamos liderando o caminho na tecnologia de gás natural e continuaremos a investir para manter essa liderança no mercado de veículos de GNL. No médio prazo, vemos o GNL como a única tração sustentável para o transporte de longo curso que apresenta uma alternativa viável ao diesel do ponto de vista do Custo Total de Propriedade. Nós a vemos como a melhor tecnologia neste segmento tanto para a redução de CO2 que atinge, quanto para as novas políticas europeias de apoio ao uso de gás, como a isenção de pedágio na Alemanha, ou os decretos para promover o uso de biometano a partir de esterco bovino e resíduos agrícolas. A infraestrutura necessária também está se desenvolvendo, criando condições cada vez mais favoráveis para o uso do gás natural: no geral, a rede de distribuição de gás hoje cobre as principais rotas de carga europeias com mais de 300 estações de reabastecimento de gás e até o final de 2019 mais de 500. Também vale a pena considerar as oportunidades do biometano, que pode reduzir as emissões de CO2 do poço a roda em até 95%. A transição de emissões baixas para emissões zero abre a porta para uma abordagem de economia circular baseada na geração de energia a partir de resíduos orgânicos ou agrícolas. De acordo com a NGVA (Associação (Europeia) de Veículos Naturais e Biogás) e a EBA (Associação Europeia de Biogás), o uso de biometano a partir de esterco líquido de animais pode trazer até 182% de redução de CO2 em relação ao combustível convencional.
TM • A UE (União Europeia) estabeleceu metas de redução de CO2 altamente ambiciosas para os caminhões. Isso poderia significar uma rápida absorção de, digamos, veículos elétricos/híbridos. Como esta decisão afeta o desenvolvimento de produtos e a oferta de produtos da Iveco?
Gerrit • As metas estabelecidas pela UE são de fato altamente exigentes, e é muito provável que a eletrificação venha. No entanto, isso não depende apenas dos fabricantes de veículos, mas exige que a infraestrutura esteja em vigor. A infraestrutura de carregamento para veículos elétricos é mais fácil de desenvolver em áreas urbanas – um processo que começou – enquanto a cobertura de rotas regionais e de longa distância seguirá mais adiante no futuro. Na Iveco, continuaremos a trabalhar no desenvolvimento de veículos eletrificados para missões urbanas, onde nossos clientes poderão encontrar a infraestrutura de que precisam. Quanto ao gás natural, o Parlamento e o Conselho da UE reconhecem o papel fundamental do gás renovável no setor dos transportes e apelaram à Comissão Europeia para que desenvolva uma metodologia para aplicar até 2025, a fim de incluir o efeito de redução das emissões de CO2 da bio -CNG e bio-LNG no cálculo das emissões médias da frota. Na Iveco, vemos o gás natural como a solução madura disponível atualmente para alcançar um transporte sustentável e pesado, e continuaremos a investir nessa tecnologia para permitir que nossos clientes operem suas frotas de forma lucrativa, atendendo a essas metas ambiciosas.
TM • O que você espera da introdução dos novos produtos nos próximos meses?
Gerrit • Este ano temos lançamentos importantes, em todas as faixas. Eles são o resultado de investimentos significativos e grandes projetos envolvendo nossas equipes de engenharia e fabricação. Você verá que eles introduzem algumas inovações importantes e esperamos que sejam muito competitivos no mercado, estabelecendo as bases para nosso crescimento futuro. Estamos prestes a lançar o novo Daily. Esta família de produtos tem uma longa história de 40 anos de sucesso e a mais recente chegada será mais competitiva do que nunca. Muito em breve, também daremos boas notícias em nossa linha pesada. A Iveco veio para ficar, competir e vencer nos segmentos em que competimos hoje – de leves a pesados, ônibus e veículos especiais.
TM • Acha que o New Stralis – ou qual for o seu nome – poderá impulsionar os volumes de venda da Iveco? E, digamos, aumentar a participação de mercado para um número de dois dígitos no segmento de pesados?
Gerrit • Sim, absolutamente. O mercado está saindo de um momento difícil e estamos trazendo um produto extremamente competitivo. Investimos pesadamente no Stralis, e a nova gama elevará o nível de economia de combustível, conforto e confiabilidade. A nova organização também terá um papel e nos ajudará a sermos mais agressivos no mercado. Estamos confiantes de que esses fatores juntos nos permitirão aumentar nossos volumes e melhorar nossa participação de mercado.
TM • Você acha que a Iveco tem o tamanho e pegada “certas” em todo o mundo para se manter independente? Você está procurando uma parceria internacional, fusão ou acordo técnico?
Gerrit • A Iveco é o quinto maior fabricante de veículos comerciais da Europa. Estamos no topo do segmento de leves graças ao nosso best-seller, o Daily – não só na Europa, mas também na China – e estamos no topo da faixa média. Além disso, somos líderes em veículos movidos a gás natural, com GNV e especialmente GNL para transporte de longo curso, onde temos uma clara predominância de participação de mercado. Já estamos pensando também no futuro, considerando as células de combustível de hidrogénio, por exemplo. A FPT, fabricante de motores do grupo, apresentou um primeiro protótipo durante o último IAA, em Hannover, montado no nosso chassi. Se nos voltarmos para os ônibus, a nossa gama Intercity está dominando o mercado, e agora temos uma linha elétrica para ônibus urbanos, com a Heuliez Bus. No negócio de especialidade, no ano passado, ganhamos uma proposta importante com o Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, para fornecer a próxima geração de seus Veículos de Combate Anfíbio com a Iveco Defence Vehicles. Olhando para o exterior, já falei sobre a China com o Daily, mas também vemos uma recuperação do mercado na América do Sul, impulsionada principalmente por taxas de empréstimo favoráveis, renovações de frota e aumento de frete para a agricultura. Como Veículos Comerciais e Especiais, temos mais de 20 fábricas em todo o mundo, incluindo joint-ventures, e quase o mesmo número de centros de P & D. Definitivamente, temos o tamanho certo, a pegada certa e – eu acrescentaria – a vantagem tecnológica de permanecermos competitivos no mercado e enfrentar os desafios futuros do setor.