Em um País como o Brasil, que temos uma cidade como São Paulo, com quase 13 milhões de habitantes, e erra da Saudade (MG), com menos de 1 mil habitantes, topografia como plana como Brasília, e, praticamente, sem plano, como Belo Horizonte, é um desafio para os fabricantes de veículos. A Chevrolet, por exemplo, já teve que tirar modelos de linha por não subir ruas da capital mineira. A própria Mercedes-Benz teve que criar a versão do Mercedinha 710 Plus com freio a ar porque a versão com freio a ar dava muito problemas nas ladeiras belorizontinas. 

Assim, mais uma vez, a Mercedes-Benz amplia as opções de relações de eixos dos modelos Accelo 1016 e 1316 com câmbio automatizado para atender as diversidades de aplicações do transporte brasileiro. A novidade é a relação i=3,909 para aplicações mistas. 

Leia abaixo mais sobre o Accelo automatizado:

Mercedes-Benz Accelo 1016 automatizado. Foto: divulgação

A Mercedes-Benz apresentou, pela primeira vez, o modelo Accelo com câmbio automatizado na Fenatran de 2017. A produção e vendas do modelo com o equipamento começaram recentemente (abril de 2019) após longo período de testes e acertos e, assim, o Accelo é o primeiro caminhão leve (versões 815 e 1016) e médio (versão 1316) a ter um câmbio automatizado.

A Volkswagen Caminhões, que também já mostrou o seu VW Delivery V-Tronic também vai oferecer a opção de caixa automatizada em breve, pois não é segredo para ninguém que os caminhões estão em fase final de teste.

O fornecedor da tecnologia para ambas marcas é a Eaton que desenvolveu o câmbio automatizado a partir da caixa manual de seis marchas. Porém, o resultado de desempenho, consumo e funcionalidades em cada marca pode variar em função dos acertos e escolhas de cada engenharia.

No caso do Mercedes-Benz Accelo, em um primeiro teste-drive e ouvindo depoimentos de motoristas e responsáveis pela gestão da frota da Jamef, podemos adiantar que agradou muito, da mesma forma, que a tecnologia já agrada nos caminhões pesados e semipesados.

Alavança do câmbio automatizado do Mercedes-Benz Accelo

Benefícios já comprovados nos pesados e semipesados

O que esperar da transmissão automatizada em um caminhão leve são praticamente os mesmos benefícios já apurados nos caminhões pesados, como os Mercedes-Benz Actros e Axor que são 100% fabricados com o câmbio Powershift de série. O que pode mudar é o ambiente e a escala dos resultados, já que o trânsito urbano requer muito mais trocas de marchas do que o rodoviário.

De qualquer forma, todos os caminhões automatizados, independemente da operação, apresentam redução de consumo (média de 3% no caso do Accelo), prolonga a vida útil da embreagem e todo o restante de trem de força por reduzir significamente os trancos e erros do motorista, aumenta a segurança ao reduzir o estresse do condutor por eliminar a tarefa das trocas de marchas e acionamento do pedal da embreagem. Esses movimentos, em um automatizado, são feitos por sistemas eletro-hidráulicos e software que leva em considerações diversas variáveis. Assim como nos pesados e semipesados, a tecnologia no Accelo também leva em consideração a inclinação da pisa e o peso sobre a carroceria para escolher a marcha mais adequada.

Preço e retorno

O Mercedes-Benz Accelo com o câmbio automatizado custará R$ 5 mil a mais do que a mesma versão com câmbio manual, informa Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas e marketing de caminhões e ônibus da Mercedes-Benz do Brasil.

Um Accelo 1016 manual, versão mais vendida do modelo, tem preço médio de R$ 168.502 segundo a Fipe, portanto, o automatizado deverá custar cerca de R$ 173.502. Porém, na prática, não será bem assim, pois o câmbio automatizado está disponível, por enquanto, apenas para a versão mais completa, com o pacote alto conforto. Veja quadro com os equipamentos por versões abaixo. 

Segundo Michael Oliveira, diretor de opções da Jamef Encomenda Urgentes — transportadora que foi o primeiro cliente a testar a tecnologia e conta com duas unidades em teste na operação dela desde outubro de 2018 —, não há nem como discutir o preço, pois só os benefícios que a transmissão automatizada traz para os motoristas já paga a diferença. Fora isso, há os benefícios muitos claros do custo operacional por quilômetro rodado.

Tecnologia ajuda área de recursos humanos

“Hoje é cada vez mais difícil encontrar motoristas experientes para caminhões urbanos e isso vai facilitar muito a contratação de novos motoristas. Além disso, vai ajudar a reter esses profissionais que, muitas vezes, mudam para caminhões rodoviários por causa do estresse causado pelo trânsito urbano”, comenta.

Atualmente a Jamef conta com 100 caminhões Accelo em sua frota, todos com câmbio manual. Segundo o executivo, daqui em diante, toda a renovação de frota de leves será pelos caminhões com câmbio automatizado, como ocorreu com os pesados nos últimos anos.

Características técnicas da caixa

A Mercedes-Benz lançou (comercialmente) o Accelo este ano por somente considerar o modelo automatizado, agora, pronto para enfrentar as mais diferentes situações severas de aplicações no Brasil, deste uma cidade plana como Brasília até a topografia de Belo Horizonte (MG) ou Rio de Janeiro (RJ), ou de trânsito intenso como São Paulo e outras capitais brasileiras. “Enquanto não estivéssemos certos da confiança do motorista em relação ao veículo, o Accelo não foi para as ruas,” disse Roberto Leoncini.

O câmbio automatizado sem pedal de embreagem é um item opcional para clientes do Accelo, que continuam contando com a versão de câmbio manual. Para o 815 está disponível o modelo Eaton 6106A. Para o 1016 e o 1316 é a versão Eaton 6206A. Estes câmbios de 6 marchas contam com a primeira reduzida de 6,20:1 e última marcha com overdrive 0,78:1. Segundo a Mercedes-Benz, o prolongamento da embreagem no automatizado pode ser até duas vezes mais em comparação com o câmbio manual.

Esse câmbio conta com dois modos de condução: função Eco (mais econômica) e Power (para situações de subidas/serras e ultrapassagens). A tecnologia também tem sistema que reconhece a inclinação da pista e a carga do veículo realizando a troca de marcha de forma mais correta e adequada de acordo com as condições de pista e do veículo. Além disso, vem equipado com auxílio de partida em rampa.

Os modelos leves Accelo 815 (8.300 kg de PBT – peso bruto total) e Accelo 1016 (9.600 kg de PBT) e o médio Accelo 1316 (13.000 kg de PBT) são equipados com o motor OM 924 LA de 4,8 litros, o mesmo utilizado nos semipesados Atego de 17 t.

Nova versão básica 

Em busca dos clientes da Ford, a Mercedes-Benz também apresentou uma nova versão do Accelo, com a volta da cabine curta (as demais são com cabine estendida) e mais básica para ter um preço competitivo como era o Ford Cargo 816, com preço médio de R$ 151.065 para o estoque restante, segundo a Fipe. Roberto Leoncini disse que o preço da nova versão de entrada terá preço em torno do Cargo 816.

 

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).