Estocolmo foi o local escolhido pela Mercedes-Benz para o que a marca chama de Capítulo 1 do lançamento da nova picape Classe X. Jornalistas de todo mundo foram convidados para conhecer o conceito nesta terça-feira (25), pois trata-se da primeira picape produzida pela Mercedes em toda a sua história. O time da Mercedes-Benz do Brasil, da área de vans, participou ativamente da adequação do produto para a América Latina, o que significa que somos um mercado provável.
A picape Mercedes será feita em parceira com a Renault-Nissan. A produção para o mercado europeu, australiano e sul-africano começa no segundo semestre de 2017, na fábrica da Nissan, em Barcelona, Espanha. O Classe X para o mercado latino-americano, o que inclui o Brasil, será produzido na fábrica da Renault-Nissan em Córdoba, Argentina, a partir de 2018.
Segundo a Mercedes-Benz, essa cooperação estratégica entre a Daimler AG e a Renault-Nissan já existe há seis anos. Isso permite fazer lançamentos mais rápidos e ter maior eficiência na redução de custos. Além disso, ambas empresas se beneficiam do uso ideal de capacidade de produção. Vale lembrar que a Nissan é a segunda fabricante de picapes médias globais (modelos com capacidade para uma tonelada de carga) e anunciou que apenas a fábrica de Córdoba teve um valor investido de US$ 600 milhões, para a produção de picapes das marcas Nissan, Renault e Mercedes.
Segundo a Mercedes-Benz, a principal estratégia para se diferenciar de Nissan é ser uma picape premium. Para isso se utiliza de um design inovador, oferece desempenho, conforto e também segurança. A Mercedes-Benz destacou ser a primeira fabricante premium a atuar no segmento global das picapes médias. Mas o intuito não é simplesmente transporte de cargas. Eles imaginam a Classe X sendo utilizada como um veículo familiar e para o estilo de vida urbano.
Na apresentação desta terça, Dieter Zetsche, presidente do Conselho de Administração da Daimler AG e diretor da Mercedes-Benz Automóveis, falou com os jornalistas brasileiros: “Com a Classe X preenchemos uma das últimas lacunas do nosso portfólio, entrando em um segmento em expansão.”
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“Os modelos Mercedes, apesar de produzidos nas fábricas da Renault-Nissan, terão vários aspectos próprios em relação aos modelos daquelas marcas. O interior, por exemplo, é totalmente desenvolvido pela Mercedes, dando uma impressão clara de que trata-se de um produto da marca. Temos ainda todo o visual externo, a segurança e a dirigibilidade própria que refletem a nossa qualidade. Um dos motores será totalmente Mercedes-Benz. O outro será Nissan”, disse Zetsche.
O executivo estava se referindo ao motor V6 diesel, já produzido pela Mercedes, que equipará a versão top de linha. Virá com transmissão automática de 7 marchas. Os outros dois motores que equiparão as versões produzidas na Argentina, também já estão em produção pela Nissan: 4 cilindros a gasolina e a diesel. Haverá para os nossos mercados também a opção de câmbio manual.
Zetsche falou ainda sobre o motivo de a nova Classe X não estar sendo lançada nos Estados Unidos: “Trata-se de um mercado muito competitivo e voltado para as picapes grandes. Como o segmento que mais cresce mundialmente é o de picapes médias, a estratégia mais abrangente seria atender esse mercado. A Mercedes ficará, por enquanto, fora do mercado norte-americano”.
O fato é que o segmento de picapes tem representação significativa em muitos países. No Brasil, a porcentagem de picapes médias está em quase 5% e na Argentina já atinge os 11,6%. No restante dos mercados, cerca de um em cada oito dos veículos licenciados é uma picape, na faixa de uma tonelada.A previsão dada pela empresa germânica é que as picapes médias terão um crescimento mundial de 39% até 2025. Estão comparando esse interesse todo ao mesmo que existiu em relação aos SUVs, uma febre mundial.
O diretor da Mercedes-Benz Vans, Volker Mornhinweg, complementou: “Nós estamos abrindo e transformando o segmento das picapes de médio porte, oferecendo uma picape versátil, com motor seis cilindros, tração integral permanente, além de outros recursos para atrairmos novos clientes, que nunca tinham pensado em uma picape”.
O que vimos nesta terça em Estocolmo foram duas versões do Concept X-Class. Uma é a mais elegante e urbana, a Stylish Explorer, tem um design marcante, até agressivo, com uma frente que representa, segundo o fabricante, uma evolução dos SUVs da marca. A clássica saia dianteira dos sport-utilities e as caixas de rodas sobressaídas oferecem um efeito de largura e dão mais estabilidade para rodar na estrada. A grade do radiador com a estrela no centro lembra os mais sóbrios coupés da Mercedes. As rodas de liga-leve com 22 polegadas ajudam a elevar a distância em relação ao solo. Os estribos são acoplados à carroceria.
O outro Concept mostrado foi a versão Powerful Adventurer, impressionante pelo seu tamanho e robustez, realmente voltado para o uso em todo o tipo de terreno. Mas sem perder o conforto, o estilo e os demais recursos que a Mercedes chama de “virtudes básicas desta categoria de veículos”.
Falando mais sobre questões técnicas, o motor V6 diesel será conjugado com uma tração permanente nas quatro rodas (4MATIC). Esse sistema de tração eletrônica combina com uma caixa de transferência com redução fora de estrada e dois bloqueios de diferencial. Sob condições extremos de uso off-road, o diferencial das rodas traseiras e o diferencial longitudinal podem ser bloqueados, possibilitando ultrapassar qualquer obstáculo ou encarar subidas íngremes com toda segurança.
Segundo a Mercedes-Benz, o potente motor e um robusto quadro do chassi (do tipo escada) permitem levar uma carga útil superior a 1,1 tonelada e tracionar até 3,5 toneladas. Como exemplo, a empresa destaca que essa força é suficiente para transportar cerca de quatro metros cúbicos de lenha na caçamba ou levar um veleiro a reboque. Ao mesmo tempo, o chassi adota bitolas grandes, com um eixo traseiro de cinco braços com molas helicoidais, em vez do feixe semielíptico, mais comum entre as picapes médias. Essa tecnologia garante mais conforto em todo o tipo de uso, no off-road ou na estrada.
Como se vê, o intuito da Mercedes com esta picape é o mais amplo possível, atendendo o uso urbano, na estrada ou na lama. Entre os sistemas de segurança, haverá câmeras e sensores para ajudar o motorista a se movimentar, tendo uma visão ampla do que ocorre ao redor. Os faróis serão totalmente em LEDs, garantindo a melhor iluminação. A conectividade também será outro ponto de destaque, segundo a empresa, com direito a tudo que existe de mais moderno.
A Mercedes identificou cinco grupos de clientes para o Classe X, de acordo com a característica de cada país. Um deles é o das famílias de maior poder aquisitivo, com crianças, que necessitam de espaço e conforto. Outro grupo é o de pessoas aventureiras, que gostam de praticar esportes e de encarar estradas de todo o tipo, carregando os seus esquis ou transportando seu jet-ski. O terceiro grupo seria o de pessoas modernas, que se identificam com o segmento premium: usariam a picape como um veículo diferenciado. O quarto grupo é mais voltado para o trabalho: empresas prestadoras de serviços ou profissionais, como construtores. O quinto grupo utilizaria a picape também no campo, em plantações ou na criação de gado.
Que venha a nova Classe X! Ainda vai demorar para chegar ao Brasil, mas, até lá, quem sabe a crise terá acabado e a nova situação econômica permitirá que mais pessoas adquiram esse produto exclusivo.
Viagem a convite da Mercedes-Benz