Conforme dados de emplacamentos de caminhões do Denatran, a DAF emplacou 240 caminhões em 2014, primeiro ano completo quando a marca começou a vender o XF no Brasil. De lá até 2021, para considerar ano completo, ela cresceu 2.233% após emplacar 5.600 caminhões no ano passado. De 2014 até hoje vivemos muitas crises políticas e econômicas e a DAF foi a única marca que só registrou crescimento ano após ano. Para entender o crescimento dela é preciso estudar a história dela e do Grupo Paccar. Podemos entender que ela está subindo degrau por degrau no Brasil, reduzindo ao máximo os erros de outras marcas e investindo nos acertos. Precisamos entender também a divisão de peças de reposição TRP.

O volume de vendas da DAF não é igual ao de marcas que estão há mais de 60 anos. Por outra visão, é sinalizador para uma marca que faz apenas 11 anos no Brasil. É importante analisar desde o processo de produção dos caminhões, o portfólio de modelos que cresce gradualmente (sem pressa) e o cuidado com a rede de concessionários e pós vendas. 

Como a mudança começou

Aliás, falando em pós-vendas, o Grupo Paccar (dono da DAF) trouxe para o Brasil o conceito de peças originais sem ser tão caras como as genuínas. Qual a diferença dos dois conceitos? O que é peça original? É feita pelo mesmo fabricante da peça que vai para a linha de montagem na fábrica e vendida no mercado de reposição. O que é peça genuína? É igual à peça original, mas na embalagem, em vez do nome do fabricante da peça (fornecedor terceirizado), vai o nome do fabricante do caminhão com a garantia de instalação e durabilidade assumida pela marca do veículo. 

Como a DAF quebrou este ciclo virtuoso? O Grupo Paccar lançou no Brasil a divisão Paccar Parts que teve a missão de lançar as peças TRP. Assim, as concessionárias da marca passaram a vender peças originais (não genuínas), analogicamente, iguais irmãos gêmeos idênticos, feitos pelos mesmos pais e assumidos pela paternidade genuína. A Paccar Parts foi além, o que mudou o mercado de reposição de peças no Brasil. Como o mesmo fornecedor dela é o mesmo dos concorrentes, em diversos tipos de peças, ela oferece peças para caminhões de outras marcas. Assim, o dono de um caminhão DAF que tinha modelos de outras marcas, pôde comprar sapatas de freios, filtros etc. da marca TRP nas concessionárias DAF.

Ficou melhor para o transportador

O que aconteceu depois disso? Todas as marcas realizaram o mesmo. Mercedes-Benz, Volkswagen, DAF e Iveco possuem peças originais (iguais às genuínas) para os caminhões da própria marca e para as outras marcas, inclusive, para marcas que deixaram o Brasil, como a Ford Caminhões. O que o comprador deve ficar atento, além do preço, é com relação à garantia, considerando que ela pode variar se a peça foi instalada em uma concessionária autorizada, oficina própria ou terceirizada. Pode existir diferença entre a peça genuína e original? Pode, mas, se comprovado, é má-fé e desonestidade, pois todas as marcas prometem que as peças são idênticas. O resultado disso é favorável para o transportador, pois a oferta de peças por marca, praticamente, duplicou.  

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).