Os caminhões autônomos já são testados em diversos países desenvolvidos e por diversas marcas de caminhões e automóveis já faz alguns anos. Porém, a comercialização para uso em rodovias e ruas nas cidades ainda depende de muitos testes, melhorias em infraestrutura das vias públicas e da telecomunicação. Por outro lado, sabe-se que o uso deles em ambientes controlados ou fechados é viável e que poderá ser feito em pouco tempo.
O que não imaginávamos é que isso fosse ocorrer de forma tão rápida e, mais precisamente, no Brasil. A estrela que ficará conhecida como o primeiro caminhão autônomo desenvolvido no Brasil e pronto para comercialização é o Volvo VM. Ele foi apresentado no final de maio e deverá ser lançado comercialmente em breve.
O modelo já trabalha em testes nas lavouras da Usina Santa Teresinha, em Maringá (PR). Conhecemos testes em mineradoras e outros ambientes, mas nunca demonstrado como algo comercialmente viável como a Volvo está fazendo.
O desenvolvimento do Volvo VM para o setor sucroalcooleiro vem ocorrendo há dois anos por engenheiros da marca em Curitiba (PR), com colaboração de especialistas da Volvo na Suécia e com uso tecnologias já disponíveis globalmente no Grupo Volvo. “O VM Autônomo é dotado de tecnologias inéditas no Brasil”, garante Gilberto Ribas, vice-presidente de engenharia do Grupo Volvo América Latina.
O principal objetivo no desenvolvimento do Volvo VM para este segmento é reduzir praticamente a zero as perdas de produtividade provocadas pelo pisoteamento de soqueiras (brotos) de cana durante a colheita. A preservação dos brotos é fundamental para as futuras colheitas. Com o uso de caminhões convencionais, as perdas chegam até 12% da produção anual de cana-de-açúcar.
O Volvo VM roda autonomamente pelas lavouras com uma precisão de 2,5 centímetros na direção, uma exatidão que não seria conseguido pelo motorista, principalmente em manobras de ré. O papel do condutor é dirigir o caminhão até o início da linha na lavoura, encontrar a rota a ser seguida, e depois retirá-lo da plantação para fazer o transbordo nos veículos de transporte que levarão a carga até a usina de açúcar.
Como funciona
Tecnologias utilizadas pela Volvo Trucks, Volvo Bus, Volvo Equipamentos de Construção e Volvo Penta permitiram a precisão necessária ao VM Autônomo para o agronegócio. Depois do mapa digital do canavial ser inserido no computador de bordo do caminhão, a solução Volvo reconhece precisamente as linhas na plantação, evitando o pisoteamento dos brotos de cana.
O caminhão base para a implantação da tecnologia de precisão é o fora de estrada VM 270 6×4 com pneus de alta flutuação, que a Volvo já havia desenvolvido para a Usina Santa Teresinha e apresentado por TRANSPORTE MUNDIAL na edição 145, em agosto de 2015.
A partir deste VM, foram incorporados um sistema por duas antenas de GPS de alta precisão (GNSS/RTK), parte do sistema VDS (Volvo Dynamic Steering — uma avançada direção elétrica e precisa), dois giroscópios de alta sensibilidade e um display posicionado no interior da cabine que funciona como uma interface homem-máquina.
Integram aos sistemas a tecnologia Co-Pilot da Volvo Construction Equipment, e também dispositivos da Volvo Penta (divisão de motores marítimos e industriais) e da Volvo Bus, respectivamente para o posicionamento do caminhão nos mapas e para a integração na arquitetura eletrônica do veículo.
O VM Autônomo utiliza a tecnologia RTK (Real Time Kinematics) para geolocalização. Usando unidades de medição de inércia, os chamados giroscópios, o sistema identifica detalhadamente a inclinação e o deslocamento do veículo, tanto da cabine como do chassi, bem como seu movimento relativo à angulação do terreno. O controle lateral do VM é extremamente preciso, justamente para que os pneus não passem por cima dos brotos de cana.
“Somos reconhecidos mundialmente por soluções de transporte inovadoras. Este é mais um caminhão que vai revolucionar o transporte no agronegócio brasileiro, um dos mais competitivos do mundo”, conclui Wilson Lirmann, presidente do Grupo Volvo América Latina.