Volvo M 270 6×4 substitui o trator na usina

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As usinas produtoras de açúcar e álcool que não forem eficientes no quesito produtividade estão destinadas à falência. Isso porque elas não conseguem estipular o preço de seus produtos por produzirem para mercados cujos preços são regidos pelo mercado internacional (no caso do açúcar) e pelo governo (no caso do etanol). Assim, cabe a elas serem eficientes em produvidade para produzir mais gastando menos. 

 


A Usina Santa Teresinha, de Maringá (PR), em busca de ganhar maior eficiência na colheita da cana-de-açúcar, resolveu experimentar o uso do caminhão chassi rígido Volvo VM 270 6×4 no lugar do trator que geralmente acompanha a colheitadeira no campo e transporta a carga até um caminhão rodoviário de maior capacidade (Volvo FM), operação chamada de colheita e transbordo.

As vantagens da troca do trator pelo caminhão, segundo Paulo Meneguetti, está na maior agilidade do caminhão, na facilidade de manutenção e na maior utilização do veículo. A Santa Teresinha possui 11 unidades, sendo dez no Paraná e uma no Mato Grosso do Sul, e a transferência do veículo entre as unidades e fazendas, por ser um emplacado, pode ser rodando, dispensando o uso de caminhão-plataforma, o que ocorre no caso do trator. Além disso, na entressafra, os caminhões podem realizar outras atividades. Estudos iniciais apontam uma redução de 35% no consumo de combustível e 8% nos custos com manutenção a favor do Volvo VM. Em termos de preço de aquisição, o Volvo VM custa algo similar ao trator Valtra 180, cerca de R$ 250 mil.   

Porém, o Volvo VM, mesmo sendo um modelo off-road, apresentava alguns problemas dentro dessa operação. No caso dos caminhões de uma usina, na época da colheita eles trabalham 24 horas por dia, sete dias por semana e devem parar apenas para troca de motorista e abastecimento. Por isso, as paradas para manutenção devem ser minimizadas ao máximo. Por isso, a usina, que possui uma frota de mais de mil caminhões, sendo 932 da marca Volvo, chamou a engenharia da fabricante para trabalharem em parceria para que os Volvo de transbordo pudessem ser aperfeiçados para essa operação.

Da parceria entre as engenharias da Usina Santa Teresinha e da Volvo do Brasil nasceu essa nova versão do VM 270 6×4 canaveiro, com diversas melhorias para atender a esse tipo de operação. “O resultado está sendo bastante satisfatório e já compramos 62 unidades dessa nova versão”, diz Meneguetti. Segundo Francisco Mendonça, gerente da linha VM, outras usinas do Paraná e de São Paulo também já compraram algumas unidades desse novo VM canavieiro.
 
O QUE MUDA
Além de várias proteções contra poeira e resíduos da colheira da cana, para catalisador, injetor de ureia, válvulas pneumáticas, chave geral, o radiador do ar-condicionado foi realocado para a traseira da cabine. Ainda dentro desse objetivo, a suspensão foi elevada em mais 30 mm, e a traseira, em 20 mm. “Com essa modificação, reduzimos a probabilidade de ocorrência de problemas na parte de baixo do caminhão”, explica Ricardo Tomassi, engenheiro da Volvo. 

Uma das alterações, que foi importantíssima para esse tipo de trabalho, foi a adoção de um bloqueio automático das rodas, o qual transfere o torque do motor para a roda que não estiver patinando. De fábrica, o VM já contava com o bloqueio de diferencial para garantir saídas mais suaves de terrenos acidentados e escorregadios.

As modificações feitas envolveram 45 profissionais, 6.500 horas de trabalho, o desenvolvimento de 35 novas peças e oito fornecedores. O modelo objeto para o desenvolvimento dessa versão especial para transbordo foi o VM 270 6×4 rígido, nas distâncias de entre-eixos 3.650 mm e 4.800 mm. O câmbio pode ser o I-Shift AT2612D de 12 marchas (o mais recomendado e já preferido em 76% das compras desse modelo) ou manual Eaton F1109LL de 10 velocidades. 


Já as adaptações de rodas e pneus especiais para esse tipo de operação são feitas na concessionária Volvo e na própria usina. As rodas e pneus originais do caminhão, geralmente, são aproveitados em outros modelos da frota da usina ou depois que o caminhão passa a fazer trabalhos fora da calheita.  

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).