A Volvo e a Senatran ((Secretária Nacional do Trânsito) vão iniciar estudos de campo para a regulamentação de até duas toneladas a mais de peso sobre o eixo dianteiro dos caminhões pesados movidos a bateria. Atualmente a legislação permite peso máximo de seis toneladas para os caminhões movidos a diesel.
O objetivo é que o peso legal seja ao menos de mais duas toneladas para não haver redução da carga líquida transportada. Os caminhões da linha FM que a Volvo está trazendo da Suécia usam até seis baterias com peso de 500kg cada uma. O peso do motor diesel que deixa de existir no caminhão elétrico da Volvo pesa em média entre 800 e 1.000kg.
Os estudos técnicos acontecerão em rota pré-estabelecida pela Senatran, órgão do Ministério dos Transportes responsável pela legislação e coordenação do Sistema Nacional de Trânsito, entre outras atribuições.
Serão utilizados 10m caminhões Volvo FM elétricos pesados nas configurações 4×2 e 6×2. Aos olhos da atual legislação de trânsito, os caminhões elétricos adquiridos por transportadores estavam até agora rodando em regime de “testes”.
A partir do início dos estudos propostos pela Senatran, considerados a segunda fase do processo para a regulamentação dos caminhões elétricos pesados, os veículos passam a operar em regime “experimental”. Na prática nada muda até sair a regulamentação.
Expectativa é ter definição até início de 2025
De acordo com o Adrualdo Catão, secretário Nacional de Trânsito, a expectativa é acelerar o processo para que no início de 2025 já se tenha tudo definido. “As rotas pré-estabelecidas vão possibilitar o monitoramento dos caminhões. A Volvo participa do estudo como parceira no projeto”, disse o secretário.
“É importante enfatizar que se trata de um estudo em que as avaliações serão feitas pelos técnicos da Senatran. Há também um instituto que trabalha junto com a Volvo fazendo o estudo”, acrescentou.
A assinatura da segunda fase do processo de regulamentação do aumento de peso sobre o eixo dianteiro aconteceu nesta terça-feira 09/04 em Brasília.
Questão é o eixo dianteiro
“Nessa etapa, o PBT não é nosso foco. A questão fundamental agora é a carga no eixo dianteiro por conta das baterias”. destacou Wilson Lirmann presidente do Grupo Volvo na América Latina. O executivo lembrou da possibilidade de ter menos baterias no caminhão em certos tipos de operação e o caminhão elétrico trabalhar com 6 toneladas no eixo dianteiro. Porém, porém enfatizou a importância em se ter 2 toneladas a mais como já existe na legislação europeia para caminhões elétricos.
Lirmann lembrou ainda da diversificação de matriz energética no futuro e que não há como fugir disso. “Não vemos o caminhão elétrico como solução única. Ele será uma parcela importante para compor uma matriz de energia limpa no futuro. Por isso, a Volvo investe também em combustão interna com combustíveis renováveis como HVO, biodiesel, biogás e inclusive o hidrogênio em motor de combustão interna. Todos irão fazer parte de uma matriz enérgica”, relaciona.
Autonomia e pesos
Os caminhões Volvo FM elétricos podem alcançar autonomia de 300 quilômetros com o pack de seis baterias. Marco Lindenberg, gerente de eletromobilidade da Volvo, explica que cada bateria pesa 500 quilos e o FM pode ter no máximo seis unidades.
“É claro que quando se fala de autonomia é como falar do consumo de um caminhão a diesel, porque tudo depende principalmente da carga e da topografia”, acrescenta Marco Milderberg.
No caso de um cavalo mecânico 4×2 atrelado a um semirreboque de três eixos juntos, das 41,5 toneladas de PBTC da composição a carga líquida seria de cerca 22 toneladas. Na versão 6×2, com um semirreboque com dois eixos espaçados, o PBTC chega a 43 toneladas. O PBTC máximo do FM elétrico é para 44 toneladas.
Elétricos vocacionais
Ainda de acordo com ele a Volvo terá no Brasil também FM vocacionais com chassi rígido para coleta de lixo, distribuição de bebidas etc. O caminhão para coleta de lixo entrará em testes em algumas prefeituras do Brasil. Os carregadores são de parceiros da Volvo que faz a indicação conforme as características da operação do cliente.
O Volvo FM tem caixa I-Shift e o motor a diesel é substituído por três motores elétricos que juntos somam 660cv. Mas essa potência não é entregue ao motorista durante todo o tempo. Marco Milderberg conta que o caminhão está sempre monitorando a carga transportada, o tipo de topografia enfrentada e se há necessidaade de usar toda a potência dos motores. “Se o caminhão estiver descarregado, mesmo que o motorista pise fundo no acelerador, essa potência não é entregue, pois ele age de acordo com a necessidade”, finaliza.