Volvo e Senatran estudam aumento de peso sobre o eixo dianteiro

244

A Volvo e a Senatran ((Secretária Nacional do Trânsito) vão iniciar estudos de campo para a regulamentação de até duas toneladas a mais de peso sobre o eixo dianteiro dos caminhões pesados movidos a bateria. Atualmente a legislação permite peso máximo de  seis toneladas para os caminhões movidos a diesel.

3
Dois Volvo FM elétricos, 4×2 e 6×2 foram levados para o evento de assinatura dos estudos para regulamentação de peso do eixo dianteiro

O objetivo é que o peso legal seja ao menos de mais duas toneladas para não haver redução da carga líquida transportada. Os caminhões da linha FM que a Volvo está trazendo da Suécia usam até seis baterias com peso de 500kg cada uma. O peso do motor diesel que deixa de existir no caminhão elétrico da Volvo pesa em média entre 800 e 1.000kg.

Os estudos técnicos acontecerão em rota pré-estabelecida pela Senatran, órgão do Ministério dos Transportes responsável pela legislação e coordenação do Sistema Nacional de Trânsito, entre outras atribuições.

Serão utilizados 10m caminhões Volvo FM elétricos pesados nas configurações 4×2 e 6×2. Aos olhos da atual legislação de trânsito, os caminhões elétricos adquiridos por transportadores estavam até agora rodando em regime de “testes”.

WhatsApp Image 2024 04 10 at 21.23.13
Adualdo Catão, Secretário da Senatran, e Wilson Lirmann, presidente do Grupo Volvo na América Latina

A partir do início dos estudos propostos pela Senatran, considerados a segunda fase do processo para a regulamentação dos caminhões elétricos pesados, os veículos passam a operar em regime “experimental”. Na prática nada muda até sair a regulamentação.

Expectativa é ter definição até início de 2025

De acordo com o Adrualdo Catão, secretário Nacional de Trânsito, a expectativa é acelerar o processo para que no início de 2025 já se tenha tudo definido. “As rotas pré-estabelecidas vão possibilitar o monitoramento dos caminhões. A Volvo participa do estudo como parceira no projeto”, disse o secretário.

“É importante enfatizar que se trata de um estudo em que as avaliações serão feitas pelos técnicos da Senatran. Há também um instituto que trabalha junto com a Volvo fazendo o estudo”, acrescentou.

A assinatura da segunda fase do processo de regulamentação do aumento de peso sobre o eixo dianteiro aconteceu nesta terça-feira 09/04 em Brasília. 

Questão é o eixo dianteiro

“Nessa etapa, o PBT não é nosso foco. A questão fundamental agora é a carga no eixo dianteiro por conta das baterias”. destacou Wilson Lirmann presidente do Grupo Volvo na América Latina. O executivo lembrou da possibilidade de ter menos baterias no caminhão em certos tipos de operação e o caminhão elétrico trabalhar com 6 toneladas no eixo dianteiro. Porém, porém enfatizou a importância em se ter 2 toneladas a mais como já existe na legislação europeia para caminhões elétricos. 

Lirmann lembrou ainda da diversificação de matriz energética no futuro e que não há como fugir disso. “Não vemos o caminhão elétrico como solução única. Ele será uma parcela importante para compor uma matriz de energia limpa no futuro. Por isso, a Volvo investe também em combustão interna com combustíveis renováveis como HVO, biodiesel, biogás e inclusive o hidrogênio em motor de combustão interna. Todos irão fazer parte de uma matriz enérgica”, relaciona.

Autonomia e pesos

Os caminhões Volvo FM elétricos podem alcançar autonomia de 300 quilômetros com o pack de seis baterias. Marco Lindenberg, gerente de eletromobilidade da Volvo, explica que cada bateria pesa 500 quilos e o FM pode ter no máximo seis unidades.

“É claro que quando se fala de autonomia é como falar do consumo de um caminhão a diesel, porque tudo depende principalmente da carga e da topografia”, acrescenta Marco Milderberg.

No caso de um cavalo mecânico 4×2 atrelado a um semirreboque de três eixos juntos, das 41,5 toneladas de PBTC  da composição a carga líquida seria de cerca 22 toneladas. Na versão 6×2, com um semirreboque com dois eixos espaçados, o PBTC chega a 43 toneladas. O PBTC máximo do FM elétrico é para 44 toneladas.

Elétricos vocacionais

Ainda de acordo com ele a Volvo terá no Brasil também FM vocacionais com chassi rígido para coleta de lixo, distribuição de bebidas etc. O caminhão para coleta de lixo entrará em testes em algumas prefeituras do Brasil. Os  carregadores são de parceiros da Volvo que faz a indicação conforme as características da operação do cliente.

O Volvo FM tem caixa I-Shift e o motor a diesel é substituído por três motores elétricos que juntos somam 660cv. Mas essa potência não é entregue ao motorista durante todo o tempo. Marco Milderberg conta que o caminhão está sempre monitorando a carga transportada, o tipo de topografia enfrentada e se há necessidaade de usar toda a potência dos motores.  “Se o caminhão estiver descarregado, mesmo que o motorista pise fundo no acelerador, essa potência não é entregue, pois ele age de acordo com a necessidade”, finaliza.