Por Elza Lúcia Panzan, presidente da FuMTran e gestora do Museu Brasileiro do Transporte.
O cenário não é otimista. O setor de transportes começou este ano com um quadro complexo. Alta do diesel, investimentos praticamente suspensos para o setor ferroviário, portos ainda distantes da condição ideal para um bom fluxo de cargas. Toda a infraestrutura do País se ressente da falta de planejamento e ações efetivas nesse setor. A tão falada e aguardada diversificação não deve acontecer por enquanto.
Para o setor rodoviário, a alta do diesel impacta negativamente e eleva o custo fixo de transportadoras e caminhoneiros autônomos. Quem consegue completar um caminhão, tem maior produtividade. Mas em tempos bicudos, lotar um caminhão não é tarefa das mais fáceis. A remuneração é sacrificada. Em paralelo, os embargadores querem redução de custos. Com uma oferta de serviços grande, alguns se sujeitam a rodar no limite da receita. Uma conta que na verdade não fecha e vai trazer prejuízos para muitos. Não me surpreenderá se 2015 for um ano de quebra para algumas transportadoras.
O sacrifício vai ter braço longo. Deve atingir a todos igualmente: transportes de cargas, de passageiros, aéreos. Toda a cadeia do transporte será desafiada a administrar o caixa com cuidados redobrados e controles rígidos. Com a indústria também sucateada e sem apresentar melhores desempenhos, o fluxo econômico trava. Estamos sim em plena recessão.
Sobra o quê? A vontade de querer vencer. Quem conseguiu nos últimos anos adotar uma boa gestão, trabalhar sem se endividar, ajustar suas margens a uma realidade adversa terá mais chances de planejar algum crescimento para 2016. Este ano é de sobreviver. Os investimentos serão tímidos para a maioria do empresariado, que ainda observa os movimentos do governo quanto ao ajuste fiscal e outras regulamentações.
Se minha caminhada tem sido de perseverança para conquistar patrocinadores para a construção de um empreendimento cultural tão expressivo quanto o Museu Brasileiro do Transporte, este ano, terei que concentrar ainda mais esforços e insistir na luta. Com tantas dificuldades para gerir um negócio, as verbas para patrocínio também ficam relegadas a um segundo plano.
Criatividade e fé serão meus aliados nessa busca. Gerar informação e promover ações de cunho educativo, levando o museu a atuar como um instrumento de promoção do conhecimento, mesmo antes de estar pronto, será um dos trabalhos que pretendo realizar este ano. Com uma equipe multidisciplinar, vamos todos nos dedicar para o fechamento de parcerias que possam resultar em projetos criativos, interativos e voltados a crianças e adolescentes, com conteúdo de valor e elementos atrativos.
Momentos difíceis nos desafiam a ser melhores. Nos forçam a ir além da rotina, buscar alternativas e superar as adversidades para que possamos converter em oportunidades o que seria um entrave. Não será fácil, mas a caminhada já começou. E estamos com muita vontade de chegar ao nosso destino.