Os chassis de ônibus elétricos ocuparam lugar de destaque durante a Lat.Bus Transpúblico, Feira LatinoAmericana do Transporte, realizada em São Paulo entre os dias 06 e 08 de agosto. Todas as principais montadoras do País em atividade apresentaram novos produtos para o transporte urbano de passageiros sem emissão de CO2.
BZRT, O BIARTICULADO ELÉTRICO DA VOLVO
A Volvo apresentou como novidade o chassi elétrico BZRT (Bus Rapid Transit) de alta capacidade, nas versões articulado e biarticulado. O novo produto será produzido na unidade industrial da montadora, em Curitiba/PR para o mercado brasileiro e exportação para países da América Latina.
Volvo elétrico biarticulado O BZRT é um chassi de piso alto e baixo projetado para carrocerias de 28 metros e pode transportar até 250 passageiros. Segundo a Volvo, é o ônibus biarticulado elétrico mais longo do mercado, um produto para revolucionar o sistema BRT, conforme definiu a montadora.
“Um BRT como este é capaz de transportar a mesma quantidade de passageiros que um sistema de metrô, mas com custos de implantação e operação sensivelmente menores”, afirma André Marques, presidente da Volvo Buses América Latina.
O lançamento traz as mesmas características técnicas dos chassis articulados e biarticulados da Volvo movidos com motor a combustão. Isso é, o mesmo quadro de chassi, eixos e suspensão. A transmissão é baseada na Volvo I-Shift e no chassi elétrico é preparada para somente duas velocidades. e os componentes elétricos são posicionados mecânicos sob o piso.
O veículo é movimentado por dois motores elétricos de 200 kW cada um, 200kW o equivalente a 540 cv de potência, ambos posicionados na parte central do chassi. Desta forma a distribuição de peso é mais uniforme, além de poder receber carrocerias com salão totalmente livre para os passageiros.
Dependendo da demanda de cada cidade, o chassi BZRT pode operar com 6 ou 8 baterias. A autonomia do veículo é de 250 quilômetros.
Segundo a Volvo, o tempo de recarga das baterias varia entre 2 e 4 horas, dependendo do tipo e potência da estação de carregamento. O gerente de engenharia de vendas da Volvo, Gilcarlo Prosdócimo, acrescenta que o BZRT poderá ter ainda opção de carregador no teto da carroceria, para recargas rápidas em terminais BRT.
Por fim, na opinião de Alexandre Selski, diretor de eletromobilidade Ônibus da Volvo na América Latina, o chassi BZRT é uma perfeita conciliação entre a base mecânica já consolidada nos veículos diesel com a mais moderna tecnologia de ônibus elétricos da marca.
ELÉTRICO ARTICULADO MERCEDES-BENZ
Um dos destaques da Mercedes-Benz para o transporte de passageiros livre de emissões é o chassi articulado elétrico EO500UA. Segundo a montadora, o produto está sendo desenvolvido no Brasil para receber carroceria de 18 metros e capacidade para o transporte de 120 passageiros.
O chassi EO500UA pode acomodar até 7 baterias, sendo 5 no carro dianteiro e 2 no carro traseiro. São baterias de última geração e dependendo da operação, a autonomia do veículo pode alcançar até 300 quilômetros. A previsão para esse chassi elétrico articulado entrar em operação no Brasil é 2026. O produto também será exportado para a América Latina.
O EO500UA será o segundo chassi de ônibus elétrico da Mercedes-Benz no mercado brasileiro, que já produz o chassi EO500U 4×2, Padron para carrocerias de 13.2 metros de comprimento e o transporte de 80 passageiros.
Esse veículo já opera na cidade de São Paulo e começará também em Curitiba/PR, Belo Horizonte/MG e Rio de Janeiro/RJ. Acrescentou que até final de 2024 serão entregues 250 unidades do modelo.
O EO500U está homologado para operar também no Chile. No final de novembro de 2023, uma comitiva do governo do chileno visitou a fábrica da Mercedes-Benz para conhecer a linha de produção e o ônibus elétrico eO500U.
A expectativa da Mercedes-Benz homologar o ônibus elétrico da marca também no México, conforme disse o CEO da Mercedes-Benz do Brasil e América Latina, Achim Puchert.
Urbano automatizado
Durante a Lat.Bus a Mercedes-Benz também apresentou o chassi OF 1621 com transmissão automatizada. Esse produto já operava no transporte urbano com transmissão mecânica.
Com entre eixos de 5.950 mm e PBT de 16,5 toneladas, pode receber carroçarias de até 12,5 metros de comprimento e transportar 48 passageiros. O motor do OF 1621 OM 924 LA do OF 162, o mesmo do OF 1721 de 208 cv a 2.200 rpm e torque máximo de 780 Nm na faixa 1.200 a 1.600 rpm.
ELÉTRICO DA VOLKSWAGEN
O e-Volksbus 22L, ônibus elétrico da Volkswagen Caminhões e Ônibus apresentado na Lat.Bus 2024, começou a ser testado pela montadora há um ano. É o primeiro elétrico para ônibus da marca e foi desenvolvido na fábrica em Resende com a tecnologia do caminhão e-Delivery.
O chassi e-Volksbus pode receber carrocerias de até 13,2 metros de comprimento PBT de 22 toneladas e capacidade para transportar 82 pessoas. A plataforma do e-Volksbus tem como base o chassi modular da versão a diesel. A eletrificação, por sua vez, mantém a mesma base da plataforma modular e-Delivery
A acessibilidade ao veículo segue o conceito “low entry”, com piso baixo na parte central e dianteira e conta também com sistema de ajoelhamento, de elevação e de agachamento, que facilitam e agilizam o embarque e desembarque de passageiros. A suspensão é pneumática nos eixos dianteiro e traseiro.
Outros itens do e-Volksbus são o ar-condicionado inteligente integrado ao sistema de controle eletrônico do chassi. O e-Volksbus L22 é alimentado por 12 de baterias de íons de Lítio Ferro Fostato (LFP), localizadas no teto e na traseira.
Segundo a fabricante, essa configuração proporciona uma autonomia de até 250 km, com 385 kW/h, com uma única carga de até três horas. As baterias são instaladas no teto do veículo e a VWCO irá disponibilizar como opcional oito packs de baterias, porém para autonomia menor.
A performance e o consumo energético são otimizados por sistemas de gerenciamento térmico independentes que asseguram a equalização térmica dos packs de bateria. O motor elétrico entrega 280 kW (381cv) e torque máximo de 2.300 Nm.
Fretamento e rodoviário
Também na Lat.Bus 2024 a VWCO lançou o chassi 18.320 piso alto para fretamento e operações rodoviárias. É o primeiro produto da marca para o segmento. O motor, instalado na parte traseira é o MAN D08 com potência de 320 cv e a transmissão automática tem 8 velocidades.
Outra novidade da fabricante é o consórcio para ônibus. O produto, administrado pela Maggi é inédito para ônibus encarroçado.
iVECO APRESENTA ÔNIBUS ELÉTRICO E A GÁS
Dentro de sua estratégia de oferecer veículos focados na mobilidade sustentável, a Iveco Bus apresentou na Lat.Bus diferentes alternativas, como o chassi elétrico e a gás para ônibus urbanos. O objetivo é também expandir o portifólio de produtos e crescer fora da Europa, com tecnologia e foco no custo total de propriedade do veículo (TCO).
Identificado como 17-E BEV (Battery Electric Vehicle), o chassi elétrico apresentado pela fabricante tem tração 4×2 para aplicação urbana com carroceiras de 9,6 a 12 metros de comprimento. Inicialmente o novo produto será disponibilizado apenas com piso normal e suspensão metálica.
Chassi a gás
Apresentado pela Iveco na Fenatran de 2022, o chassi Bus 17-210 GP é produzido na planta da Iveco Bus em Córdoba, na Argentina. O motor é gás é o N60 CNG, de 210 cv e 760 Nm de torque, fornecido pela FPT Industrial e pode ser alimentado a gás natural ou biometano.
O uso do gás natural chega a reduzir em até 90% o dióxido de nitrogênio (NO2) e de 10% de dióxido carbono (CO2). Abastecido com biometano a emissão de CO2 pode ser até 95% inferior.
Segundo a Iveco, com opção para até 9 cilindros para armazenamento de gás, o ônibus 17-210 G atinge autonomia de até 350 quilômetros. O tempo de abastecimento pode ser realizado em cerca de 20 minutos.
Segundo Danilo Fetzner, Vice-Presidente da Iveco Bus na América Latina, o gás é uma solução para cidades que não podem ter ou pagar entre três e quatro vezes mais pelo ônibus elétrico.
O executivo afirmou ainda que o chassi 17-210 G é preparado para receber carrocerias de todos os parceiros da Iveco.
Chassi Iveco elétrico
As baterias do chassi elétrico da Iveco são instaladas entre as longarinas do chassi. Segundo a Iveco Bus, as baterias instaladas no exercem influência competitiva no valor final do veículo, porque não é necessário reforçar toda a estrutura da carroceria. O 17-E BEV é o mesmo do ônibus modelo da marca movido a diesel.
Com pack de quatro baterias, a autonomia chega a 120 quilômetros; com oito 250 quilômetros. A montadora considera nos dois casos o veículo operando em condições regulares. O tempo de carregamento varia de acordo com a potência do carregador.
Motor elétrico
O motor elétrico também é instalado entre as longarinas do chassi. Ainda segundo a fabricante, desse modo há mais espaço para as portas de embarque e desembarque durante o processo de encarroçamento.
O chassi 17-E BEV se encontra ainda em fase de desenvolvimento e passará por testes de validação antes de chegar ao mercado. Outro produto elétrico da marca apresentado na Lat.Bus 2024 é o eDaily Minibus.
Outros veículos da marca movidos a bateria lançados recentemente no Brasil são o eDaily furgão 42S com capacidade 9m³ e duas versões do chassi-cabine: a 42S e a 72C, este segundo com rodado duplo no eixo traseiro. A Iveco reforça que se trata do início da jornada de eletrificação da marca na América Latina.
ÔNIBUS ELÉTRICO SCANIA
A Scania deu destaque às suas soluções de vendas para ônibus a diesel, do crescimento das vendas da marca (152%), enquanto o mercado cresceu 61%, bem como a participação da marca de 11% em chassis acima de 300cv.
No entanto, a fabricante iniciou na Lat.Bus as vendas do primeiro ônibus elétrico no Brasil, com o chassi K 230E B4x2LB 4×2. Inicialmente o produto será disponibilizado com piso normal. Segundo a empresa, a autonomia é de 250 a 300 quilômetros em topografia regular e com o ar-condicionado ligado.
O chassi K 230E B4x2LB é o mesmo da Scania que roda na Europa. O motor elétrico gera 230Kw (equivalente a 312 cv) e torque de 2.200Nm. A empresa informou que boa parte dos componentes do novo veículo virão da Suécia.
A lista de itens importados inclui motor elétrico e câmbio de duas velocidades, além das baterias. Estas são produzidas em parceria entre a Scania e a empresa Northvolt, na região Norte da Suécia.
Baterias diferentes
O diretor de Desenvolvimento de Negócios da Scania Operações Comerciais Brasil, Marcelo Gallao, conta que o chassi K 230E B4x2LB terá baterias diferentes da LFP (lítio-ferro-fosfato), a mais comum do mercado.
De acordo com ele, o chassi elétrico K 230E B4x2LB usará baterias NMC (lítio-níquel-manganês-cobalto). “Essas baterias dispõem de uma maior densidade de carga. Isso significa menos peso total do veículo e, consequentemente, mais capacidade para transportar passageiros”, afirma.
O projeto da Scania conta também com o desenvolvimento de fornecedores no Brasil. O chassi é o mais robusto da marca, transporta 83 passageiros e chega preparado para receber carrocerias de todos os fabricantes.
A arquitetura Eletrônica do veículo tem sensores de assistência ao condutor capazes de emitir alertas de colisão, pressão dos pneus, câmera traseira de ré com alerta de colisão etc. Apesar da Scania ter iniciado as vendas do seu ônibus elétrico durante a Lat.Bus 2024, as entregas começarão apenas no segundo semestre de 2025.