Os usados que faziam a cabeça dos motoristas em 2010

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Em 2010, o mercado de usados perdia cada vez mais espaço para os novos. Seguindo a série Baú da TRANSPORTE MUNDIAL, veja quais são quais os motivos que contribuiram para isso na época:

É difícil pontuar ou justificar em poucas palavras quais são os fatores que formam o sucesso ou o fracasso de um caminhão. De olho em alguns números do mercado, a Revista Transporte Mundial resolveu fazer uma homenagem aos caminhões que ainda fazim um tremendo sucesso nas revendas da época.

Um modelo que apareceu em todas as entrevistas ou bancos de dados pesquisados é o Mercedes-Benz L1620. Equipado com terceiro eixo, de fábrica, o caminhão é indicado para o transporte rodoviário de médias e longas distâncias nas mais variadas aplicações. O modelo da marca alemã é bastante solicitado pelo transportador de carga própria e pelo autônomo que faz entregas de várias localidades até as centrais de abastecimento nos grandes centros urbanos. O ano de fabricação mais procurado, de acordo com dados da Assovesp (Associação dos Revendedores de Veículos Automotores no Estado de São Paulo), é o produzido em 2007. 

Outro modelo da marca alemã que estava em alta no mercado de usados era o L1313, um veículo voltado para o segmento de transporte rodoviário que começou a ser produzido em 1970, sendo substituído só em 1987 com o lançamento do L1314. Segundo os dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), havia mais de 48 mil unidades do modelo rodando pelo Brasil em 2010.


Apesar da procura pelo L1620, os caminhões de cabines bicudas estão sumindo até nas revendas, mas ainda têm seu valor. Segundo Manuel Dinis, proprietário da HM Caminhões, de São Paulo, as empresas não estão mais comprando modelos avançados. “Outro ponto crucial do caminhão da Mercedes é o alto índice de roubo em São Paulo. Por isso, ele é mais aceito nas regiões interioranas”, acrescenta Dinis. Os bicudões oferecem maior estabilidade, mas se você pegar o volume ocupado pelo motor e transformá-lo em carga, rende um belo dinheiro na hora do cálculo do frete. “Os modelos bicudos acabam entrando nas aplicações agrícolas ou autônomas, as empresas hoje buscam apenas caminhões mais novos”, conclui Dinis. 

José Hugo da Silva, motorista autônomo, conta que os Mercedes-Benz antigos (L1313 e L1113) são bem procurados, e há muitas financeiras que ainda financiam a compra deles, algo que não acontece com os modelos mais antigos de outras marcas. O pecado é que os Mercedes antigos já não servem mais para atender a rapidez da logística atual. “Os caminhões da Mercedes-Benz L1313 e L1113 são bastante utilizados nas cidades e nas estradas do interior”, ressalta da Silva.

Em 2010, no segmento dos leves, entre os mais procurados estão dois modelo da fabricante alemã, o 710, e o Volkswagen 8.150, ambos ainda produzidos na época. Os veículos da VW fabricados em 2008 tiveram uma valorização, no início de 2010, de 1,72%. 

De acordo com o ranking de emplacamentos da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), o 710 tinha 5.800 unidades emplacadas no acumulado do ano de 2010, participação de 21,66% no segmento de leves, de janeiro a outubro. Já o veículo da Volkswagen tinha 15,9% de participação e um acumulado de 4.258 unidades. 

Se no segmento dos leves quem se sobressaia era o modelo da Mercedes, na categoria dos médios quem estava em alta no mercado de usados era o Volkswagen 13.130. O caminhão que começou a ser produzido em 1981 também é considerado o marco de entrada da fabricante alemã no mercado dos caminhões, tanto é que chegou a existir uma versão a álcool dele na época do seu lançamento. 


Outro modelo da marca alemã em alta no mercado de usados era o Volkswagen 23.210.  Lançado em 2002, esse VW saía de fábrica com terceiro eixo, sendo ideal para aqueles que buscam um veículo com alta capacidade de carga. As aplicações mais comuns do modelo são: urbanas e rodoviárias. 

Durante a apuração dessa reportagem, não faltaram os modelos da Scania 113 H 360 (cavalo) e o L111, que foi carinhosamente batizado de Scania Jacaré. Lançado em 1976, o modelo famoso por sua tonalidade laranja tinha um motor de 203 cv de potência e estava disponível em três versões: LS, com dois eixos traseiros, sendo um motriz e outro de apoio; LT, com dois eixos traseiros motrizes; e L, na versão 4×2. No Brasil, o modelo L 111 teve 9.745 unidades emplacadas, entre 1976 e 1981.
 


Na família Volvo, os modelos mais procurados nas revendas eram os FH 12 380, NH 12 380 e o NL 10 340. O Volvo FH12 é voltado ao transporte pesado em longas distâncias. O FH 12 380, por exemplo, foi o primeiro caminhão pesado importado a ser lançado no Brasil, com motor dotado de injeção eletrônica, computador de bordo e monitoramento eletrônico de diversas outras funções vitais do veículo. Como equipamentos o FH oferece: computador de bordo, ar-condicionado, airbarg, freios ABS, faróis de milha e neblina, espelho retrovisor com desembaçador, trava manual nas portas, entre outros itens. Em 2006, a Volvo incorporou na linha FH a tração 6×4. Até 2005, a marca sueca só comercializava modelos com tração 4×2. 

Já os NH se destacam por serem configurados em cabine avançada. Quando usam a configuração 4×2, são voltados para aplicações rodoviárias de longa distância. Já quando a tração 6×4 entra na jogada, os modelos NH se voltam para aplicações fora de estrada e canteiros de obras. 

Renato Barrio, da revenda Carga Pesada, contou à TM que os caminhões bicudos não estão mais tão em alta no mercado, assim como disse Dinis. A procura hoje é pelos modelos de “cara chata”, frente reta, que otimizam espaço e carga ao mesmo tempo. Outro detalhe apontado por ele é o financiamento, “está mais difícil a liberação do dinheiro para caminhões mais antigos, e a prestação acaba sendo equivalente a de um modelo mais velho, se comparado com a de um de menor ano de uso”, acrescenta ele. 

Para fechar o disputado segmento dos pesados, dominado até pouco tempo pelas quatro fabricantes mais tradicionais, valia o destaque para o Stralis HD 570, que em 2008 comercializou mais de 3 mil unidades de acordo com os números da Fenabrave. A mesma marca italiana aparece em destaque na categoria dos semileves com os Iveco Daily (5516 e 3514). A liderança nesse segmento ficava por conta da Sprinter e do F-350.