Pneus competitivos

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Especial pneus

Especial pneus

Alguns dados da indústria nacional podem causar noites mal dormidas. Para a de pneumáticos, eles assustam, principalmente os relacionados ao crescimento da importação.

De acordo com a Anip (Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos), só nesse primeiro trimestre de 2014, houve um aumento de 72,8% em relação ao ano passado. Só o segmento de carga subiu para 27%. O motivo do crescimento passa bem longe da questão da qualidade: fica por conta dos preços praticados, principalmente pelos fabricantes chineses (eles estão presentes em 62% do total de pneus que entra no país).

Para Alberto Mayer, presidente da Anip, os entraves enfrentados pelos nacionais são a excessiva tributação e a burocracia imposta pelo governo federal. “Devido aos custos logísticos, tributários e burocráticos e aos encargos cobrados da mão de obra, somados à preocupação com o descarte dos inservíveis, os fabricantes têm um acréscimo nos gastos de cerca de R$ 100 milhões por ano. Enquanto muitos importadores não cumprem com essa obrigação, o que lhes traz mais uma vantagem competitiva”, observa.

Essa questão do baixo preço, ainda é supervalorizada pelo mercado interno brasileiro. E com esse pensamento, aspectos importantes como segurança, durabilidade e garantia muitas vezes são deixados de lado.

“As marcas que investem no Brasil obedecem a todos os parâmetros estabelecidos pelas montadoras e por órgãos de governo, o que nem sempre acontece com os importados”, defende Mayer. 

Quando pensamos que esses pneus também são desenvolvidos para que tenham mais capacidade de reformas, aí o custo baixa ainda mais, e, pensando em uma frota, é muito vantajoso. Segundo a ABR (Associação Brasileira do Segmento de Reforma de Pneus), estima-se que com as reformas aconteça uma redução de gastos de 73%. Para o setor no geral, são R$ 7 bilhões de economia por ano.

Dados

Mesmo com a alta nas importações, a produção nacional de pneus aumentou nesse primeiro trimestre, comparado a 2013 no mesmo período: passou de 16,44 para 18,06 milhões. Para o pneu de carga, o aumento foi de 7,5%, para fora de estrada 20,6% e para o agrícola, 8,3%.

Fiscalização e preservação

Uma medida que vai alavancar a produção nacional e promover a “seleção natural” entre produtos sem qualidade e aqueles com tecnologias voltadas à preservação ambiental e redução dos gastos, são os chamados “selos verde” para pneus, como aqueles já utilizados em geladeiras e máquinas de lavar, que indicam menor consumo de energia. No Brasil, começará a ser utilizada a partir de 2016. O “selo verde” indica que o pneu tem a capacidade de gastar menos combustível e, consequentemente, emitir menos CO2.

Para Paulo Garbelotto, gerente comercial e de marketing do Grupo Solvay (que desde 2011 subsidia a Rhodia), que atua na implantação de soluções sustentáveis e fornece material para as principais fabricantes nacionais, as legislações estão cada vez mais rígidas em outros países.

“Para exportar, será necessário ser ecoeficiente. Nos Estados Unidos, por exemplo, foi implantado o programa  SmartWay Transport, em que transportes devem emitir menos CO2”, afirma. Segundo Garbelotto, na Solvay, até o ano que vem, as bandas para recapagem devem estar adaptadas para esse conceito.

A Vipal, uma das maiores fabricantes mundiais de produtos para reformas de pneus, desenvolveu especialmente para os Estados Unidos, a banda de rodagem VL 130 Eco, adaptada para esse programa.  O produto foi validado pela agência EPA (Environmental Protection Agency) e é o único da América Latina a passar por esse crivo.

De acordo com Eduardo Sacco, gerente de marketing da Vipal, o produto tem particularidades como baixa resistência ao rolamento, os sulcos não retêm pedras, libera menos calor, com isso, a carcaça fica menos desgastada e há possibilidades de mais reformas.  “Infelizmente, o produto foi disponibilizado apenas para as estradas dos Estados Unidos. Devido às condições das nossas rodovias, não é possível ter performance aqui. Nos testes em ônibus escolares, na Califórnia, houve economia de até 10% de combustível”, relata.

Na Solvay, o investimento na pesquisa de aprimoramento da sílica de alta dispersabilidade, a HDS (Highly Dipersible sílica) foi o que garantiu a oferta de produtos que diminuem a emissão de CO2, que passou a ser utilizada na década de 1990 e atualmente está bastante difundida no setor.

“A HDS entrou como ótima alternativa, aumenta em 25% a resistência ao rolamento, 10% de aderência ao piso e 7% na redução do consumo de combustível”, conta o gerente comercial da empresa. “Quando o pneu toca o solo, ocorre uma deformação, que deverá ser recuperada com a necessidade de energia proveniente do combustível, caso contrário, o veículo vai se movimentar dando ‘socos’, e não vai haver maciez no movimento. Com o uso dessa sílica, a recuperação é mais rápida e, consequentemente, a necessidade de combustível é menor”, explica Garbelotto.

Inicialmente utilizada apenas em veículos de passeio, os 7% de economia de combustível passaram a chamar a atenção dos frotistas também, já que esse é o maior gasto do transporte. Atualmente a composição de um pneu tem 50% de borracha, 30% de negro de fumo e sílica e 20% de outros compostos (óleos, enxofres). “Com o aprimoramento das pesquisas, acreditamos que, em breve, 90% dos pneus serão fabricados com fontes renováveis”, diz.

A empresa venezuelana Dobermann há 55 anos desenvolve materiais para reformas e câmaras de ar e agora está ampliando sua atuação no Brasil e produzindo bandas de rodagem no Rio Grande do Sul. Porém, o grande destaque da empresa está no envelope chamado Ecolope, com 20% a menos de compostos derivados do petróleo. 

“No processo de fabricação utilizamos três cores diferentes. Após o processo pela autoclave, descansamos o material por seis horas para diminuir sua temperatura, e são feitos três ciclos dessa forma. Com esse descanso respeitado, aumentamos a vida útil do material”, explica Fernando De Filippo, diretor da Dobermann.

Com maior vida útil, economiza-se com trocas, preserva-se matérias-primas e há menos resíduos ao meio ambiente.

“E todo o nosso material que sobra, ou está inservível, é destinado a uma empresa que o reaproveita em campos esportivos, assoalhos, construção e na indústria fashion, para malas, carteiras, porta-documentos, entre outros acessórios”, conclui.

De volta com outra forma

O processo de reutilização de pneumáticos é a alternativa mais viável para a redução do impacto ambiental e ao combate à dengue. O processo começa com o “descarte de inservíveis” – , aqueles pneus que não conseguem mais ser reformados – e finaliza com uma nova forma de uso ao produto.

A Reciclanip, entidade ligada à Anip, desde 2007, se associou às principais marcas para esse descarte. E é responsável por coletar e destinar de forma ambientalmente correta. Em 2013 foram 404 000 toneladas nesse processo (quantidade equivalente a 81 milhões de unidades do formato para carros de passeio), e nesse trimestre de 2014 já foram 109 000 toneladas.

O projeto segue o modelo de outros já implantados em vários países, como a Aliapur (França), Signus (Espanha) e ValorPneu (Portugal). A diferença é que o consumidor paga um valor a mais no produto (Ecovalor) para garantir a destinação correta. Já no Brasil, na Reciclanip, os fabricantes bancam todo o processo.

Até o final do ano, há previsão de investimento de R$ 99 milhões para logística e para a destinação correta.
Atualmente são ao todo 824 pontos de coleta em todo o país e 70 caminhões disponíveis para essa função diariamente, durante todo o ano. “Com esses números dá para notar que a reciclagem e o descarte adequado dos pneus já está bastante difundidos”, avalia César Faccio, coordenador geral da Reciclanip.

Entre as marcas associadas estão a Goodyear, Bridgestone, Pirelli, Michelin, Dunlop, Continental, entre outras. Ao comprar um pneu novo, o antigo em estado inservível pode ser deixado na loja, que deve garantir o encaminhamento deste até o ponto de coleta na cidade.

Serviços diferenciados e tecnologia

A Transporte Mundial ouviu algumas marcas sobre quais são seus destaques para esse ano. O menor gasto de combustível, produtos ecoeficientes e os serviços de reconstrução e de “retaguarda” são os principais motes.

Vipal

O Programa RQG (Reforma Qualificada e Garantida) é um serviço disponível em toda rede autorizada da empresa e dá garantia da carcaça até a terceira reforma, para as principais marcas de pneus.
O benefício só deixa de valer em casos de acidente ou mau uso.

Além disso, a empresa criou “retaguardas” para o frotista. O Protrans (Programa de Orientação ao Transportador) oferece uma série de treinamentos, acompanhamento e orientação de gestores para desenvolver o uso adequado do pneu e, assim, aumentar sua vida útil. A UniVipal, uma universidade corporativa da marca, também é um difusor de conhecimento sobre reforma de pneumáticos.

Goodyear

O aplicativo gratuito “Calculadora Goodyear”, voltado a IPads e iPhones, envia informações detalhadas a todos os clientes de todo o seu portfólio – incluindo tecnologia de cada um dos produtos, endereços de assistência técnica e comparativos de performance. Essa é a maneira mais acessível de encontrar todas as informações dos produtos e serviços da marca.

Bridgestone

A Bridgestone/ Firestone, que também é detentora da marca Bandag, criou o BTS (Bandag Truck Service), oficinas voltadas especialmente para a manutenção e reformas de pneus de caminhões e ônibus. O novo modelo de negócios foi lançado em 2013 e já soma 238 pontos no país. (incluindo lojas e pontos de reacapagem).
Todo o serviço é padronizado, a mão de obra é qualificada e há  autopeças dos principais fabricantes do segmento. É possível fazer alinhamento, balanceamento, suspensão, lubrificação, elétrica e encontrar acessórios. Os transportadores autônomos saem ganhando, pois centralizam toda a revisão em apenas um lugar.

Pirelli

O serviço de reconstrução Novateck continua sendo um dos destaques da empresa que inclui bandas de rodagem, garantia até a terceira reforma e oferece tecnologia com maior capacidade de manter a carcaça original. O serviço está disponível em todo país na rede credenciada. Como retaguarda, disponibiliza o Fleet Check, software em que é possível avaliar a pressão e a profundidade da banda de rodagem, com isso avaliar a calibragem do pneu, que quando não está de acordo causa resistência ao rolamento, baixa a capacidade de frenagem e até aumento o gasto de combustível.Já o Cyber Fleet™ também monitora temperatura, além da pressão, e está disponível para os fora de estrada.

Pneus e Bandas

Goodyear

A marca disponibiliza bandas pré-curadas em todos os modelos da linha, dessa forma, mantém as características do produto original para as recapagens. Os destaques de 2014 são:

Carga
G686 MSS PLUS (eixos direcionais e livres ou de tração moderada) e G 677 MSD Plus (eixos de tração): voltados para terra ou asfalto (transporte canavieiro, transporte de lixo, de madeira e para betoneiras de concreto). Suporta até 15 toneladas a mais e possui carcaças mais resistentes que permitem mais recapagens.
Disponíveis nas medidas: 295/80R 22.5, 275/80R 22.5, 10.00R20, 11.00R22, 11R22.5 e 12R22.5

G665: transporta até 3,5 toneladas a mais. É indicado para serviços severos, em caminhões, ônibus, curtas e médias distâncias, em estradas sinuosas e com muitas subidas e descidas.
Disponíveis nas medidas: 275/80 R22.5, 295/80 R 22.5, 10.00 R20 , 11.00R22 e 215/75R 17.5

Fora de Estrada
G677 OTR: transporta até 6 mil toneladas a mais, indicada para serviços fora de estrada, como transporte de minérios ou rocha em mineradoras.
Disponíveis nas medidas: 11.00R22 e 295/80 R22.5

Rodoviário
G657 e G687 FuelMax: São pares e permitem a economia de até 4 mil litros de combustível por veículo, é indicado para caminhões e ônibus em longas distâncias.
Disponíveis nas medidas: 295/80R 22.5

G658 (desgaste mais lento e uniforme) e G667 (melhor tração em pisos secos e molhados e autolimpeza): direcionado para caminhões e ônibus, para curtas e médias distâncias. Permite maior estabilidade em curvas e durabilidade.
Disponíveis nas medidas: 10.00R20, 11.00R22, 275/80 R22.5, 295/80 R22.5, 11R 22.5 e 12R 22.5

Bridgestone

Carga
R268: Indicado para todos os eixos e voltado para o asfalto, possui maior resistência ao desgaste irregular devido ao ombro ter barras sólidas e planas.  Sulcos em zigue-zague, para tração e frenagem.
Disponível nas medidas: 295/80 R22.5, 275/80 R22.5, 11.00 R22 e 10.00 R20

MT29: foi lançada a banda correspondente BT29z, com a tecnologia Bandag. Indicada para a posição de tração, dessa forma, consegue melhor desempenho quilométrico. Indicados para longas distâncias.
Disponíveis nas medidas: 295/80 R22.5, 275/80 R22.5, 11.00 R22 e 10.00 R20.

 Firestone
FS400: 30% melhor em performance devido a tecnologia de compostos que facilitam a rolagem.
Disponível nas medidas: 295/80R 22.5 152/148M

Pirelli
Linha 01 Séries: desenvolvido para diversas especificações.  Apresenta maior durabilidade, redução de temperatura de rodagem e resistência ao rolamento. Oferece aproximadamente 2% de redução no consumo de combustível e é capaz de gerar até três vidas úteis para a carcaça.
Disponíveis nas medidas : FH01 230, FR01 240/250, TR01 260, MC01 240, FG01 240/245/255, TG01 240/250/255 e o TQ01 265

Linha FR85 Amaranto: gera economia, aderência ao piso e resistência a picotamentos e é indicado para eixos de direção e livres. Indicadores que alertam sobre irregularidades oferecem mais segurança, estabilidade e economia.
Possui sulcos com paredes reversas, que facilitam o escoamento de água e mantêm a aderência, além de ter maior espessura e ser mais robustos.Com isso, a carcaça mantém-se mais protegida, com menos retenção de pedras e oferece proteção às cinturas. Por conta dos ombros arredondados, tem mais resistência ao arraste lateral, o que evita quebra.
Disponível nas medidas: 235/75 R17.5 132/130M

Bandas

Bridgestone
BRR2B: Lançada esse ano e desenvolvida para transporte rodoviário.
Os ombros são arredondados e protegem mais a carcaça. Os quatro sulcos longitudinais geram maior poder de frenagem e aderência ao piso molhado, dessa forma, oferece maior desempenho quilométrico.

BRMS: indicada para caminhões e implementos rodoviários, para o eixo livre e possui boa tração, ejeção de pedras e evita a retenção de resíduos.
É resistente contra picotamentos no fundo da escultura e possui ranhuras laterais nos ombros que reduzem a temperatura da operação.

BTL – (SA2): indicado para o segmento rodoviário e utilização no eixo livre. Alto poder de frenagem, maior aderência no piso molhado, menor geração de calor e melhor aproveitamento da carcaça.

Vipal
DVUM3: indicada para carga e transporte urbano. Rende 15% por km devido à relação dos compostos de borracha e seu desenho. Ela possui maior área de contato com o asfalto e isso lhe dá mais aderência. Os sulcos são projetados para gerar menos desgaste e também para dissipar mais calor.

Para reformas

Vipal
Manchões RA (Radial Aramida): componente importante que restitui a carcaça no local em que foi danificada. É construído com lonas de aramida, o que o torna até cinco vezes mais resistente que o aço e é mais leve e flexível.

Remendo Eco: materiais para conserto de câmaras de ar, produzido com matérias-primas de fontes renováveis como borracha natural, plastificantes de origem vegetal e sílica de casca de arroz  (tudo isso chega a 90% da composição do material).