Em 2012, a MAN anunciou que entraria no mercado de quase 10 t de PBT, muito em voga em razão dos atributos físicos que caminhões desse segmento costumam ter. Era um momento de transição do setor de transporte de operações urbanas, que precisava de veí-culos pequenos, mas com maior capacidade de carga. Os caminhões dessa categoria são apropriados para atender à legislação VUC (Veículo Urbano de Carga), por isso, na época de seu lançamento, o Delivery 10.160 4×2 saiu de fábrica com a versão de entre-eixos de 3 300 mm, que permanece em seu catálogo até hoje. Além disso, o modelo possui versões de 3 900 mm e 4 300 mm. Motivos que o tornaram indicado para aplicações como coleta, distribuição e serviços, seja em trânsito urbano ou em terrenos irregulares na zona rural.
O caminhão tem PBT (Peso Bruto Total) de 9 700 kg, PBTC de 11 000 kg, e uma capacidade de carga útil de 6 250 kg com entre-eixos de 4 300 mm. Por isso, vai bem no baú, implemento tipo carga seca, frigorífico e plataforma autossocorro. O motor é produzido pela Cummins, o ISF de 3.8 litros. É um propulsor de 4 cilindros em linha, que desenvolve 160 cv de potência a 2 600 rpm e 61,2 mkgf de 1 300 a 1 700 rpm de torque. Graças a essa ampla faixa de rotação, é possível reduzir o número de troca de marchas em percursos mais planos. O sistema de injeção é o common rail, o mais usado pela maioria dos fabricantes de motores, e o turbo é de duplo estágio (já bastante comum também). Já para conseguir atender à legislação ambiental, ele utiliza o sistema SCR (Redução Catalítica Seletiva), em que há a necessidade do uso do Arla 32.
Para diferenciar seus caminhões que atendem às demandas da P7, a MAN Latin America adotou o conceito Advantech nos seus produtos da linha Volkswagen, que, além das melhorias de motor, trouxe novidades para a cabine.
Vale lembrar que o Delivery não figura entre os mais modernos quando o assunto é design externo da cabine. Nesse quesito, a marca deixa a desejar em relação aos seus concorrentes, pois a estrutura desse habitáculo é dos anos 1980. Foi em 2005 que a fabricante fez um facelift que incluiu a grade frontal renovada, no tom cinza com o símbolo da marca destacado à frente, novo quebra-sol externo com o para-choque preto, e novas opções de cores, também inclusas no portfólio.
O propulsor do VW 10.160 trabalha sem problemas com a transmissão de 5 velocidades da ZF, a S5-420 HD, todas sincronizadas. A relação de redução é de 4,30:1 – adequada para as principais aplicações nas quais esse caminhão é mais utilizado –, no entanto, a MAN dispõe da opção 4,56:1. O sistema de freio é a tambor nas quatro rodas, preferência nesse segmento devido à manutenção mais baixa, mas que para segurança e atender a obrigatoriedade da lei, conta com ABS e EBD (item que ajuda maximizar a frenagem sem perder o controle do veículo). Os freios a disco são mais eficientes em termos de segurança, mas não são oferecidos nem como opcional.
A bordo pode-se dizer que o espaço é generoso, ainda mais por se tratar de um caminhão de pequenas proporções. O motorista conta com a opção do banco pneumático, e como nesse perfil de atividade é comum levar pelo menos mais um ajudante, a MAN disponibiliza de série um banco mais largo, que permite levar mais duas pessoas, já que tem encostos de cabeça independentes. O painel é simples, reto, e com dois porta-copos centrais localizados na parte superior. Entre os bancos há um bom espaço para acomodar objetos, além da caixa de transmissão. E o porta-luvas conta com espaços demarcados, assim os condutores podem organizar seus objetos. Todo o material utilizado no acabamento dos bancos e da cabine é de fácil limpeza.
OUTRAS VARIAÇÕES
Tempos depois ao lançamento do Delivery 10.160 4×2, a MAN percebeu que esse caminhão tinha potencial para atender a outros segmentos do transporte, desde que recebesse algumas alterações de fábrica. Foi quando apresentou o Delivery 10.160 Plus com 3º eixo, novidade que atraiu principalmente o segmento de bebida e no qual a MAN tem o maior faturamento com a venda dessa versão, pois outros segmentos que consomem o 6×2 são tanque e botijão de gás.
Isso porque nessa versão, cujo PBT é de 13 000 kg e PBTC de 13 700 kg, é possível transportar seis paletes altos de bebida.
Uma terceira variação do modelo tem chamado a atenção de quem atua na compactação de resíduos e báscula nos centros urbanos. Trata-se do Delivery 10.160 Plus 4×2, com PBT de 9 700 kg e PBTC de 13 700 kg. Tanto a versão Plus 4×2 como a 6×2 têm em comum a transmissão de 6 velocidades, a ZF 6S 1000 TO sincronizada, e os reforços nas longarinas e na embreagem de 395 mm. O entre-eixo é de 2 850 mm. Esses reforços atendem ao perfil de operação, sobretudo do 4×2 Plus na coleta de resíduos. Praticamente 80% das vendas é direcionada ao modelo 4×2 convencional. A versão 6×2 responde por cerca de 15% e o restante do volume fica a cargo do modelo 4×2 Plus.
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OS CONCORRENTES LEVES
No mercado de 10 t, os números de venda do Delivery em 2014, na versão 4×2, são 3 711 unidades. Ele não figura entre o mais vendido na categoria, perdendo para o Mercedes-Benz Accelo 1016, que no ano passado emplacou 3 910 unidades. Neste ano, de janeiro a maio, a briga ainda se mantém. O Accelo já teve 1 025 unidades emplacadas, enquanto o representante da MAN comercializou 970 unidades.
Contudo, um veículo que tem ameaçado esse segmento do Delivery 10.160 4×2 nem pertence à mesma categoria, quando o assunto é PBT. Trata-se do Ford Cargo 1119 4×2. O modelo é oriundo de uma supersacada da Ford de desenvolver um produto que, graças aos atributos físicos, não se enquadra como VUC (devido às dimensões de 7 007 mm ou 7 407 mm, dependendo da versão), mas atende a operações urbanas e rodoviárias de curtas distâncias, mas com PBT de 10 510 kg – o que o classifica com o caminhão médio. Esse modelo, se comparado aos representantes da VW e da MB, ocupa a terceira posição em vendas, dentro da categoria 10 t, com 854 unidades emplacadas de janeiro a maio deste ano. Confira o perfil dos modelos mais competitivos nesse segmento.
Accelo 1016
O representante da Mercedes é o maior concorrente do Delivery 10.160. O modelo, na versão de entre-eixos de 4,4 m, permite o uso de carrocerias com comprimento de 6,6 m (4×2) ou 8,2 m (6×2). Além disso, o Accelo 1016 com entre-eixos de 3 100 mm permite a utilização de carroceria de caminhões VUC de 4,5 m de comprimento, sem necessidade de qualquer retrabalho pelo implementador. Com isso é possível transportar grandes volumes e elevada capacidade de carga útil. Vale ressaltar que sua carga líquida é de 6 060 kg. O modelo ainda tem as opções de entre-eixos de 3 700 mm 4 400 mm.
Ford Cargo 1119
Apesar de ser classificado como caminhão médio, já que seu PBT é de 10.510 kg, o modelo vem atendendo às demandas das operações urbanas, com exceção do VUC (já que possui comprimento total entre 7 007 mm e 7 407 mm, dependendo da versão). No entanto, essa sacada da Ford incomoda a concorrência, uma vez que em vendas o Cargo 1119 tem ganhado boa participação de mercado, possui preço equivalente aos seus competidores e com o ponto forte de possuir uma capacidade de carga útil de 7 164 kg.
Iveco Vertis 90V16
O Iveco Vertis 90V16 possui PBT de 9 300 kg e as versões de entre-eixos de 3 330 mm, 3 690 mm e 4 455 mm. Mas a Iveco chama a atenção para o motor desse modelo, que segundo a engenharia da marca está mais econômico. O modelo é equipado com motor NEF 4, da FPT Industrial, com potência de 177 cv (maior potência entre os seus competidores da categoria de caminhões leves) e 52 mkgf a 1 250 rpm. Como opcionais pode equipar rádio com CD Player MP3, segundo tanque de combustível, ar-condicionado, entre outros.