Uma grande empresa como a JSL tem diversas vantagens, entre elas, porte para realizar investimentos para atender as exigências de clientes que precisam dar uma resposta sobre sustentabilidade para a sociedade mundial. É o caso, agora, da parceria com a Volkswagen do Brasil (a fabricante de automóveis).  

Nesse contexto, a JSL escolheu a única opção no Brasil de caminhão pesado movido a gás da Scania, o R 410, para transportar peças entre Piracicaba (SP) e a fábrica de São Bernardo do Campo (SP). 

GNV x Biometano

O Scania R 410 utiliza um dos motores mais modernos para utilização tanto de GNV (Gás Natural Veicular) de fonte fóssil, como com biometano, gás produzido de resíduos orgânicos, fonte de energia mais limpa e renovável. A própria Volkswagen do Brasil está substituindo o GNV pelo biometano nas fábricas de São Bernardo do Campo e Taubaté, em São Paulo (leia mais sobre esta substituição no final deste texto).

Diferentemente do Rio de Janeiro, São Paulo está muito atrasado nos investimentos para a produção de biogás, base para produção do gás biometano. Como ainda não há postos de biometano no estado mais rico do País, a JSL trabalha com a perspectiva de redução de apenas 15% das emissões. Na medida que puder utilizar o biometano, pode ser misturado com o GNV no tanque, o benefício ambiental cresce. Quando conseguir utilizar 100% de gás biometano, a redução pode chegar a 95%.   

Além da redução das emissões em cerca de 95%, o biometano pode gerar novas indústrias de reciclagem de lixos orgânicos e criar centenas de novos empregos.  

Segundo a Abiogás, o Brasil, atualmente, tem potencial para ser o maior produtor de biometano do mundo e para substituir 45% do diesel pela energia renovável e brasileira.  

“Na JSL adotamos diferentes medidas de modo a mitigar os impactos de nossas emissões. Para aumentar a eficiência na operação da Volkswagen, um dos nossos primeiros clientes, priorizaremos combustíveis alternativos por caminhões 100% a gás. A iniciativa é a ponta de lança de um novo modelo operacional que alia otimização logística e redução na emissão de dióxido de carbono e de outros gases do efeito estufa”, destaca Eduardo Pereira, diretor comercial da JSL. 

 “O Grupo Volkswagen tem a meta de ser neutro em carbono até 2050, a partir de sua estratégia Way To Zero, e a Volkswagen do Brasil adota uma série de medidas para colaborar com esse objetivo. Ter o primeiro caminhão a gás com nosso parceiro JSL nos permite avançar um passo importante na descarbonização da cadeia de suprimentos e logística de produção”, diz Miguel Sanches, vice-presidente de Operações da Volkswagen do Brasil e Região SAM.  

JSL VW

Como será a troca do gás fóssil pelo renovável

A substituição do gás não renovável (gás fóssil) pelo biogás (fonte do biometano) ocorrerá a partir de abril de 2023 na fábrica de Taubaté, e de março de 2024, na fábrica de São Bernardo do Campo. No total, serão mais de 50 mil m3 diários de biogás, fornecidos pela Raízen, utilizados principalmente no processo produtivo da pintura das carrocerias de ambas as unidades, representando uma redução de mais de 90% nas emissões de CO2 se comparado com a alternativa fóssil. Com o uso do biometano, a VW deixará de emitir cerca de 19 mil toneladas de CO2 de origem fóssil por ano.

“Estamos acelerando a descarbonização aqui no Brasil. Somos pioneiros em adotar na geração a substituição de gás natural de origem fóssil por biometano já a partir do ano que vem. Esse movimento vai ao encontro de nosso objetivo global ‘Way To Zero’ e também contribui para o compromisso atrelado à nossa dívida ESG de reduzirmos as emissões de gás carbônico em nossas operações até 2024. Além disso, é importante lembrar que o biometano é proveniente do aproveitamento da utilização dos resíduos da produção de açúcar e etanol a partir da cana-de-açúcar para a produção de energia renovável, com menor pegada de carbono”, pontua Pablo Di Si, Chairman Executivo da Volkswagen América Latina. 

O montante contratado corresponde à aproximadamente 65% do volume utilizado nas duas fábricas — Taubaté e Anchieta. A redução, a partir da aquisição do biometano, permite transferir aproximadamente 30% das emissões fósseis das duas unidades em emissões biogênicas.

A Raízen, por meio da Raízen Geo Biogás S.A., sua Joint Venture com a Geo Energética, irá construir sua segunda planta de biogás, com inauguração prevista em 2023, a primeira dedicada à produção de gás natural renovável (Biometano). Com investimento aproximado de R$ 300 milhões, a planta anexa ao Bioparque Costa Pinto localizado em Piracicaba (SP) terá capacidade de produção de 26 milhões de m³ de gás natural renovável por ano, o suficiente para abastecer aproximadamente 200 mil clientes residenciais.

A produção do gás natural renovável será feita a partir de vinhaça e torta de filtro, resíduos da operação agroindustrial do Bioparque Costa Pinto, localizado em Piracicaba/SP. O Bioparque possui, além de estrutura para produção de açúcar e etanol, uma planta de Etanol de Segunda Geração (E2G) e uma usina solar. O E2G é um processo que permite a produção de etanol a partir de biomassa (bagaço) que também gera vinhaça como resíduo, que será destinado à nova planta de Biometano, permitindo uma redução ainda maior na intensidade de carbono do produto.

O Brasil tem potencial maior, mas é na Europa que o gás biometano cresce como substituto do petróleo

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).