Cargo 1119: o médio com qualidades de um leve

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Na edição 132 da revista, trouxemos nossas impressões a bordo do Ford Cargo 1119. Confira reportagem da época na série Báu da TRANSPORTE MUNDIAL:


Com PBT (Peso Bruto Total) de 10 510 kg, pelas regras da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), o Cargo 1119 é um caminhão médio. Contudo, o modelo é a nova aposta da Ford para concorrer com os leves.


A justificatica, segundo Flavio Costa, da engenharia de marketing da Ford Caminhões, é simples, o Cargo 1119 foi desenvolvido com o objetivo de atender e suprir uma demanda do mercado por veículos capazes de carregar maior densidade dentro da distribuição urbana.

Com relação ao seu PBT superior, o executivo explica que o Cargo 1119 possui atributos de um caminhão leve, mesmo com o PBT da categorai de médio. “A ideia é ter maior aproveitamento do produto, sem perder as características. São 7 164 kg de carga útil”, comenta Flavio Costa.


“É uma evolução natural do segmento. Se voltarmos ao passado, essa era uma categoria de caminhões com 7 t de PBT em média, e com o tempo foi evoluindo para 8 t, 9 t e, num período de três anos, os concorrentes lançaram modelos com quase 10 t de PBT. A Ford viu como oportunidade lançar esse modelo de 10,5 t, porém, com as mesmas características de um caminhão leve, com a plataforma de carga mais baixa e cabine menor”, conclui o engenheiro.

O Cargo 1119 chegou para completar a linha de caminhões leves da Ford, hoje formada por ele e pelo Cargo 816. Nos próximos meses, a Ford projeta lançar a F-4000 para completar a gama, neste caso, no segmento de semileves.
O 1119 é destinado para as aplicações urbanas e interurbanas de curtas distâncias, sendo indicado para uso com baú isotérmico, baú frigorífico, carga seca, guincho, plataforma e bebidas, por exemplo. Por ser um caminhão de dimensões compactas, além da vantagem de ter 700 kg a mais de capacidade de carga, ele pode entrar com mais mercadorias em ruas estreitas, comuns nas grandes capitais, tornando-se uma opção bastante competitiva, se levar em conta as inúmeras atividades em que ele pode ser aplicado.


O novo Cargo é ofertado em uma única configuração 4×2, mas a engenharia da Ford não descarta a possibilidade de desenvolver, esse modelo configurado 6×2, com 3º eixo de fábrica, já que conta com o Mod Center, seu próprio centro de modificações de caminhões do Brasil, instalado na própria fábrica. Seus principais concorrentes, MB Accelo 1016 e VW 10.160 já possuem versões com 3º eixo configurado pelo fabricante.

MECÂNICA EFICIENTE
O caminhão 1119 tem como predicado o motor Cummins ISB 4.5, de 4 cilindros em linha, com potência de 189 cv a 2 300 rpm e torque de 61,2 mkgf, de 1 100 a 2 100 rpm. Em épocas de economia, essa ampliada faixa de torque permite que o motorista possa permanecer na faixa verde, mesmo em uma situação de pista mais íngreme, com o caminhão carregado — o que resulta num consumo amigável.  

Para atender a norma de redução de emissão de poluentes, a Proconve P7, equivalente à Euro 5, a Ford optou por utilizar a tecnologia SCR (Redução Catalítica Seletiva) de pós-tratamento dos gases de escape, com uso do Arla 32. 
Esse motor trabalha em conjunto com a caixa Eaton FSO-4505, mecânica, de 5 velocidades. Trata-se de uma caixa robusta, cujas trocas são macias, como as de um carro de passeio — ideal para veículos com perfil da aplicação como a do Cargo 1119.


Entre outros detalhes técnicos que fazem a diferença no Cargo 1119 em relação aos concorrentes está o sistema de suspensão com eixo rígido em aço forjado, com barra estabilizadora e feixe de molas parabólicas na parte dianteira, e semielíptica na traseira que, neste caso, o ideial seria que fossem parabólicas também, melhores para cargas mais sensíveis, como eletrônicos. O chassi possui as mesmas longarinas da linha dos caminhões médios da marca, o que se traduz em mais reforço. Dispõe de duas opções de entre-eixos: 3 900 mm e 4 300 mm.

TODOS A BORDO
A linha Ford Cargo costuma ser espartana, porém, robusta. Só que nesse novo Cargo, a Ford surpreendeu, pois o veículo conta com alguns agrados que, mesmo opcionais, já fazem a diferença no dia a dia nas cidades, como o ar-condicionado, por exemplo. 


Novidade para o novo cluster do painel, muito mais moderno e mais iluminado. O painel, confeccionado em um plástico mais rígido para ser mais durável é de fácil limpeza. Ponto positivo para o interior da cabine. Por se tratar de um veículo adequado para operações urbanas, cujo motorista normalmente trabalha com acompanhante, o espaço é adequado. No entanto, a Ford optou por fazer o banco duplo do lado do passageiro, com isso, se forem dois acompanhantes mais corpulentos, o espaço ficará comprometido.

A postura de condução é agradável, e a alavanca do câmbio está ao alcance das mãos. A visibilidade é muito boa graças à ampla área envidraçada e à posição dos retrovisores.