Freightliner: da indústria bélica aos trucks diferenciados

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Na série Baú da TRANSPORTE MUNDIAL, você confere a trajetória da Freightliner, uma das fabricantes norte-americanas mais admiradas do mercado, destaque da edição 94 da revista. Confira!


Hoje, a Freightliner, que pertence ao grupo DTNA (Daimler Trucks North America), é a maior fabricante de caminhões norte-americana. Dessa união de empresas criada em 2007 sob o guarda-chuva da Freightliner LLC estão integradas as companhias Western Star, Thomas Built Buses, Freightliner Custom Chassis (antes pertencente à Oshkosh) e a Detroit Diesel (motores). De 1996 a 2005, fez parte desse conglomerado de companhias a American LeFrance, fabricante americana de veículos para serviços de bombeiros.


A fundação da Freightliner data dos anos 1930, ocasião em que a importante empresa de transportes Consolidated Freighways, com o objetivo de paliar a falta de produtos adequados às necessidades de seu negócio, começou a produzir seus próprios caminhões a partir das cinzas da prestigiosa, porém arruinada, Fageols.

As primeiras unidades de veículos da Freightliner começaram a ser produzidas nas instalações da Fageols, em Salt Lake City, Utah. Pouco depois da Segunda Guerra Mundial, precisamente em 1949, que a Freightliner se mudou para suas atuais instalações, em Portland, Oregon.


As primeiras unidades produzidas foram para uso próprio da Consolidated Freighways. Contudo, houve produção excedente, surgindo a necessidade de comercializar os caminhões. A companhia Hyster foi a primeira cliente da Freightliner, e o feito foi de tamanha magnitude na história norte-americana de veículos comerciais que esta primeira unidade encontra-se atualmente exposta no Smithsoniam Museum, Washington.

A ascensão da Freightliner começou ao término da Segunda Guerra. Entre 1939 e 1945 todos os esforços das fabricantes de caminhões em território estadunidense eram voltados a produzir modelos de veículos que atendessem à indústria bélica, e com a Freightliner não foi diferente. Ao final da grande Guerra, graças a seus esforços em atender às demandas do mercado, foi que a Freightliner consolidou-se, e então precisou incrementar sua capacidade de produção para fazer frente ao aumento da demanda de caminhões e a necessidade de produtos diferenciados que atendessem às mais diversas modalidades do transporte.

Em 1949, quando a fabricante americana mudou-se para Portland, a produção da grife praticamente triplicou e, com os holofotes todos em sua direção, não demorou muito para acontecer a primeira joint venture. Em 1951, a marca começou suas negociações com a White Motor, as quais deram lugar à marca White Freightliner. 

Com essa união, o objetivo das marcas era aproveitar suas capacidades de produção e comercialização. De um lado, a Freightliner tinha uma capacidade produtiva bem instalada; de outro, a White Motor mantinha diversos pontos de venda e uma rede de pós-venda bem estruturada. 

Esse acordo com a White durou até meados de 1974, coincidindo com a aparição do primeiro modelo convencional da Freightliner, que surgia como uma alternativa aos convencionais “cabover” – estrelas da fabricante desde os primórdios. Mas vale ressaltar que antes da década de 1960, a produção da Freightliner cresceu a um ritmo tão abrupto que houve necessidade de a marca inaugurar mais plantas, a de Burnaby (que mais tarde, no início dos anos 1980, foi substituída pela fábrica de St. Thomas), Indianapolis, Chino e North Basin.

Em 1979, se somariam as fábricas de Mount Holly e Gastonia, ambas cidades localizadas na Carolina do Norte, EUA. Em 1981, o Grupo Daimler-Benz mostrou seu objetivo de desembarcar em terras norte-americanas, e para isso decidiu adquirir a marca Freightliner. Como primeira medida, fechou as plantas de Indianapolis e Chino. Depois desse período deu lugar ao consórcio Freigh­­tliner LLC, que posteriormente viria a servir de base para a criação da Daimler Trucks North America, em 2007.

Em 1995, houve a aquisição da Oshkosh (hoje Freightliner Custom Chassis), e a partir daí começaram outras aquisições, American LeFrance (1996); a divisão de caminhões da Ford (1997), que posteriormente foi rebatizada como Sterling; Thomas Built Buses (1998); e Western Star e Detroit Diesel (2000).

Com a presença da Daimler, as novas gerações de produtos da marca Freightliner compartilham dos mesmos componentes do coirmão vendido do outro lado do Atlântico, o Actros. Os componentes são vendidos sob a filosofia mundial da marca, denominada BlueTec.

PURA TRADIÇÃO
A Freightliner produziu o seu primeiro caminhão “convencional” em 1974, abandonando a produção “cabover” que marcou suas origens, na década de 1930.

Em 2001, apresentou o Coronado, um convencional que surgiu com o objetivo de dar um toque de modernidade aos amantes de caminhões com um gosto mais tradicional. Mas em 2009 a estratégia da Daimler Trucks North America mudou de rumo. Ela encerrou a produção do Coronado Série Classic, dando lugar ao Novo Coronado, trazendo outra estética com característica mais tradicional e traços mais aerodinâmicos, além de  maior espaço interno. Isso rendeu versões para os segmentos rodoviário e off-road.


AERODINAMISMO
Como aconteceu com todas as fabricantes de origem norte-americana no início do século 21, o incremento de custos derivados da crescente no combustível, junto com normas ambientais EPA, obrigou a Freightliner a realizar uma aposta em favor do menor consumo de óleo diesel, feito que passou a agregar os modelos de longa distância rodoviária da marca. Com isso, a empresa reduziu o peso de tara dos modelos com o objetivo de ampliar a carga útil. O fruto dessa estratégia foi, inicialmente, as séries Century Class, Columbia e Cascadia – esta oferece diversos tipos de habitáculos e alternativas motrizes Detroit Diesel DD15 e Cummins ISX15. Em seguida, aplicou a mesma ação com outros modelos.