No dia em que se comemora a mulher é bom lembrar que o setor de transporte rodoviário de carga ainda tem muito para evoluir com relação à infraestrutura para permitir, assim, a entrada de mais caminhoneiras no segmento, sobretudo num momento em que empresários estão abrindo mais espaços em suas transportadoras para o sexo feminino.
Compartilha da mesma opinião, o empresário João Bessa, fundador da TransJordano, empresa de destaque quando a operação é transporte de combustível, tendo entre os principais clientes a Raízen, por exemplo.
De um tempo pra cá, a empresa passou a contratar mulheres por perceber que são comprometidas e disciplinadas, cuidam melhor do equipamento, alcançam boas médias de consumo de combustível e também trazem informações do que acontece fora da empresa, contribuindo para a evolução da tarefa e a relação com o cliente/embarcador.
Para se ter ideia, a TransJordano mensalmente entrega uma remuneração com base em segurança e produtividade para os motoristas que alcançarem os objetivos estipulados pela transportadora. Essa remuneração de R$ 1.000 é um bônus ao salário. E todos os meses as poucas mulheres da empresa – 5 dentre, aproximadamente, 280 motoristas – são contempladas. Há mais duas novas motoristas recém-chegadas que estão em treinamento. E, recentemente, com a compra de 300 caminhões Mercedes-Benz Actros 2651 MegaSpace Segurança, que chegarão como ampliação da frota até os próximos 18 meses, a companhia pretende abrir cerca de 360 novos postos de trabalho e preencher boa parte deles com motoristas mulheres.
Porém, Bessa reconhece que há desafios e eles são com relação à infraestrutura. Nas instalações da empresa, seja na matriz em Paulínia e nas filiais há um comprometimento em atender às necessidades das mulheres nesse sentido.
Bessa até solicitou à Mercedes-Benz que pensassem na possibilidade de colocar um banheiro no Actros no lugar do banco do passageiro – uma vez que é extremamente proibido levar carona.
“Desde quando eu comecei a trabalhar, tudo o que eu aprendi foi com os motoristas. Por isso, entendo às necessidades da categoria, em especial das mulheres. O que compete à TransJordano atendemos”, ressalta Bessa.
Compartilha da mesma opinião Alice Mara Presser, motorista da Transjordano há poucos meses, mas com 13 anos de experiência, inclusive com rotas no Mercosul no currículo.
A condutora conta que já se deparou com situações como falta de banheiro com chuveiro para mulheres e muitos deles ainda sem condições de higiene. “Por se tratar de uma carga perigosa não podemos ficar parando toda a hora para escolher pontos de parada, já temos às rotas estabelecidas, então vemos que existe uma carência muito grande e falta de atenção às mulheres, nesse sentido. Eu espero que isso mude, porque está aumentando o quadro de motoristas mulheres na empresa.”