Com exceção de DAF e Scania, todos os demais fabricantes de caminhões brasileiros trocaram os tacógrafos analógicos por modelos digitais. O equipamento, analógico ou digital, é obrigatório por lei conforme resoluções 14/98, 87/99 e 92/99 do Inmetro para veículos de carga com PBT (Peso Bruto Total) a partir de 4.536 kg e de passageiros classe M2 (micro-ônibus).

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O objetivo da lei é obrigar os veículos comerciais a terem um sistema confiável de registro de dados, principalmente velocidade e tempo ao volante, para a fiscalização das polícias de trânsito e demandas judiciais.

A marca que mais recentemente fez a troca, colocando o digital como equipamento de série, foi a Mercedes-Benz, para os modelos Accelo, Atego, Atron 1635, Axor e Actros. Os veículos da linha Sprinter continuam com o tacógrafo analógico de série nas versões que precisam ter o equipado por lei e opcional nas demais. A Scania e DAF informaram que estão no processo de certificação do tacógrafo digital para os seus caminhões, ainda sem data para implementação.

O tacógrafo digital oferece diversas vantagens sobre o analógico e foi lançado no Brasil em 2012. A Agrale foi a primeira marca a lançar o tipo digital em 2013, mas mantém o analógico como item opcional, caso o cliente o prefira.

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Segundo Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas, marketing e pós-vendas da Mercedes-Benz, a demora em lançar o equipamento digital nos caminhões da marca foi por causa de pesquisas junto aos clientes que apontavam a preferência pelo analógico. Devido a isso, a marca da estrela também continua fornecendo a versão analógica como equipamento opcional (veja quadro nesta reportagem sobre a posição de todas as marcas).

Digital vs. analógico

Conforme Julio Gatti, diretor de negócios tacógrafo, telemetria e serviços para veículos comerciais da Continental (um dos maiores fabricantes de tacógrafo do mundo), a preferência pelo analógico vem do motorista e se explica por duas razões. A principal é o costume de uso do modelo antigo por muitos anos e resistência ao novo. A outra razão é a possibilidade de fraude no sistema analógico e a impossibilidade de se fazer o mesmo com o digital.

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No tacógrafo analógico, as informações ficam armazenadas em discos e podem ser facilmente rasuradas ou ter o seu registro alterado com apenas o uso de um clipe de papel. No digital, as informações ficam guardadas em memória interna do aparelho de sete dias (segundo a segundo) e que podem ser baixadas em computador ou ser transmitidas de forma criptografada de hora em hora por meio de sinal de celular.

Gatti enumera as diversas vantagens do tacógrafo digital sobre o analógico, principalmente, para frotistas, pois traz significativa redução de custo operacional, como fim dos gastos com os discos e o trabalho oneroso de armazenar os discos por até cinco anos, tempo aconselhável em caso de futuras discussões trabalhistas. Em caso de acidentes, há obrigatoriedade de guardar os discos por um ano.

Além disso, o aparelho precisa de limpeza a cada dois anos por causa da cera existente no disco e que vai acumulando na agulha do aparelho. A Mercedes-Benz estima que esta redução de custo de manunteção possa chegar até 25%.

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No caso do digital, há três formas de acessar as informações. Por meio de impressão em uma fita de papel, geralmente, só quando há solicitação por parte da fiscalização. Outra maneira é por transferência dos dados para um computador (por meio de pen drive) quando o caminhão chega à sede da empresa. A terceira forma é por meio de sinal de celular de hora em hora, por exemplo. Para isso, é preciso ser instalado em outro equipado que faz o envio dos dados e de um serviço de nuvem oferecido pela Continental, chamado de VDO On Board, e por alguns fabricantes de caminhões que já oferecem serviços de telemetria.

Gatti considera o modo via nuvem o mais seguro, pois permite guardar os dados por até cinco anos em um local seguro e também contar com assessoria para análise de dados classificados por motorista e por veículos. Os dados em nuvem permitem o dono do caminhão acessá-los de qualquer computador, eliminando também gastos com infraestrutura de TI.

Outra vantagem do digital é que a identificação do motorista é feita por botões no painel frontal do próprio aparelho e tem capacidade para identificar até 50 motoristas. A quantidade de informações armazenadas também é maior no digital. São velocidade do caminhão, distância percorrida, rotação do motor, velocidade máxima, status do veículo (parado ou em movimento), código do motorista, número da CNH, início e fim da condução e dados do veículo, como chassi e placa.

Tacógrafo com telemetria

Com o serviço de análise de dados, a empresa pode avaliar o desempenho de motoristas ao volante. O executivo da Continental informa que o custo para armazenagem em nuvem, análise de dados e geração de relatórios, já com impostos, parte de R$ 25 por veículo e chega no máximo a R$ 90, variando o valor conforme a complexidade, com mais dados pelo VDO On Board, como análises de frenagens e acelerações após instalação também de um equipamento de telemetria. BVDR compapel2 seminterrogação low res 2

“Com todos esses dados, é possível o frotista alcançar uma redução de custos significativa com combustível e manutenção, além de melhorar a eficiência da frota”, garante Julio Gatti.

Ambos tipos de tacógrafos atendem a legislação em vigor. Porém, há uma solicitação por parte dos órgãos de fiscalização (polícias rodoviárias) e de trânsito para que o tacógrafo analógico seja retirado de produção. Isso significa que todos os fabricantes de veículos comerciais seriam obrigados colocar o tipo digital em todos os veículos a partir do momento da alteração da lei. Na prática, isso já está acontecendo e o que ocorreria mesmo seria apenas a retirada do tacógrafo analógico como equipamento opcional.

Linha do tempo
O primeiro tacógrafo analógico foi lançado em 1947 na Europa e em 1958 no Brasil. Este modelo tinha o disco colocado dentro do velocímetro do veículo. Em 1995, na Europa, ele evoluiu para ser independente do velocímetro e passou a ser um aparelho a parte com mostrador digital, porém, ainda analógico. Este modelo MTCO 1390 chegou ao Brasil 2001 e ainda é o mais comum por aqui. O tacógrafo digital chegou na Europa em 2006 e no Brasil em 2012. A instalação dele como equipamento pelas fabricantes de caminhões, ônibus e vans vem sendo feita de forma gradativa.

Prêmio Transporte Responsável

Os embarcadores valorizam cada vez mais as transportadoras que buscam reduzir ao máximo o impacto ambiental e a zerar o número de acidentes envolvendo os veículos de suas frotas. Por isso, é muito importante compartilhar resultados e incentivar o conhecimento sobre o tema. Foi com esta premissa que o Prêmio Transporte Responsável chega agora à 7ª edição para continuar difundindo o trabalho de responsabilidade social e sustentabilidade das transportadoras. As empresas do segmento, em crescente profissionalização, podem participar das categorias Ranking de Transportadoras de Cargas em Geral, Ranking de Transportadoras de Cargas Perigosas e Concurso de Cases Transporte e Valorização do Motorista. Os embarcadores também podem participar do Concurso de cases. 
É fácil, gratuito e todos os frotistas brasileiros podem participar. Leia o regulamento no site http://intranet.fabet.com.br/premio/ e faça a inscrição de sua empresa.

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Marcos Villela
Jornalista técnico e repórter especial no site e na revista Transporte Mundial. Além de caminhões, é apaixonado por motocicletas e economia! Foi coordenador de comunicação na TV Globo, assessor de imprensa na então Fiat Automóveis, hoje FCA, e editor-adjunto do Caderno de Veículos do Jornal Hoje Em Dia e O Debate, ambos de Belo Horizonte (MG).