Geralmente, em edições comemorativas, é comum elaborar retrospectivas sobre o tempo de existência da revista, como já fizemos também. Nesta edição de número 150 e que será comemorativa da entrada no 15º ano da TRANSPORTE MUNDIAL, resolvemos olhar para os próximos 15 anos. Enviamos para vários profissionais do setor de transporte (indústria, transportadores e entidades) perguntas para saber qual a visão deles sobre o futuro do setor de transporte rodoviário de cargas. As respostas, muito interessantes, recebidas até o fechamento desta edição, você confere a seguir. As respostas enviadas após o fechamento, publicaremos em nosso site: www.transportemundial.com.br.
VOLVO
Solange Fusco, diretora de comunicação corporativa do Grupo Volvo América Latina, diz que o transporte rodoviário de cargas, nos próximos 15 anos, vai estar cada vez mais alinhado às demandas do planeta, especialmente no que diz respeito às questões ambientais, como a redução de emissões e o uso de combustíveis alternativos.
“Olhando para os últimos 15 anos, e todo o desenvolvimento e evolução tecnológica nos veículos Volvo, podemos vislumbrar que os veículos estarão cada vez mais conectados e equipados com tecnologias ainda mais avançadas. Eles oferecerão soluções que façam frente às novas demandas da sociedade, num momento em que se discute a quarta revolução industrial, que combinará fatores como a internet das coisas ou big data”.
Para isso, é importante que haja investimentos em infraestrutura para acompanhar os que a indústria de transportes e também o transportador brasileiro têm feito nos últimos anos, além da excelência em tecnologias e desenvolvimento de competências.
Segundo Solange, a revista TRANSPORTE MUNDIAL trouxe um novo olhar para o setor de transporte de cargas brasileiro, endossada pela qualidade editorial e pela credibilidade de um grupo de mídia global. “O Marcos Villela, a Andréa Ramos, bem como a Isabel Reis e todo o corpo de editores e jornalistas, são incansáveis em levar informações que ajudam o transportador a fazer suas escolhas”. Mais do que isso, são altamente engajados em temas relevantes para o futuro da indústria de transportes, como sustentabilidade, inovação e segurança no trânsito. Parabéns a toda a equipe editorial pelos 15 anos de grande contribuição ao setor”.
MAN/VW
Para Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas, marketing e pós-vendas da MAN Latin America, o transporte rodoviário de cargas nos próximos 15 anos será cada vez mais feito sob medida, envolvendo cada vez mais todos os elos que formam essa cadeia, entre frotistas, autônomos, operadores logísticos, responsáveis pelo investimento e manutenção dos modais pelo país. “Haverá cada vez mais conscientização do papel de todos na eficiência operacional, na segurança das estradas e no respeito ao meio ambiente. Embora tenhamos muito a evoluir, já temos indicadores positivos que nos colocam como um país que tem know-how em transporte”, enfatiza.
Para isso ser alcançado, é preciso que o poder público assuma junto aos cidadãos a responsabilidade de estruturar o setor como o Brasil necessita. “Temos apenas 10% de nossas estradas pavimentadas, e a maior parte delas requer cuidados. Portos e aeroportos estão sobrecarregados e as hidrovias ainda são disseminadas. O setor de veículos comerciais só tem a ganhar com a integração de modais renovados e eficientes”. Outro ponto importante, para Alouche, é o estímulo à renovação de frota, cujos benefícios são largamente conhecidos. Essa carência não poderá ser ignorada por muito mais tempo.
Na opinião do executivo a revista TRANSPORTE MUNDIAL, como mídia impressa e digital, mundial já é uma das principais publicações especializadas do Brasil, seguindo o exemplo de sucesso de outras publicações da editora Motorpress em todo o mundo. Além de atender a assinantes e leitores de banca da edição impressa, está disponível online. “Estamos felizes que os 15 anos de TRANSPORTE MUNDIAL ocorram em 2016, quando também comemoramos os 35 anos da MAN Latin America e os 20 anos da nossa fábrica em Resende (RJ)”, lembra Ricardo. Alouche.
SCANIA
Mathias Carlbaum, diretor-geral da Scania no Brasil, acredita que haverá uma mudança na atual divisão de atuação e representatividade dos modais nos próximos 15 anos. “Os investimentos em portos, aeroportos, ferrovias, transportes fluvial e de cabotagem, se concretizados, podem diminuir a transferência de carga por rodovias em longas distâncias. Com isso, o TRC será mais regional”, fundamenta. Nessa hipótese, a soja do Centro-Oeste descerá em menor volume para o Sudeste por caminhão. Vai seguir pelos novos portos do Norte e Nordeste, que serão construídos ou atingirão sua plenitude. Assim, o mix de produtos exigirá mais caminhões para pequenas e médias jornadas. Por outro lado, com as crescentes projeções de recordes de safra, poderá haver um impacto positivo em volumes.
“Acredito numa harmonia entre todos os modais, aproveitando o melhor de cada um e trazendo mais eficiência e produtividade. Imagino um transporte rodoviário usando muito a conectividade. Os processos e a cadeia produtiva estarão totalmente conectados, também buscando maior eficiência”. O caminhão, por sua vez, será acompanhado em tempo real e receberá informações como a melhor rota, a topografia do trajeto e até um contato da fabricante agendando manutenção na concessionária mais próxima. O transportador terá maior previsibilidade nesse cenário, pois além de conhecer o tempo exato da viagem, programando melhor seus estoques, terá o controle preciso das manutenções com a extração ainda mais avançada de dados do percurso e desempenho do veículo. Esses dados coletados vão contribuir para a melhor gestão da operação. Os clientes serão os grandes beneficiados e estarão ainda mais apoiados nas vantagens dos serviços na rede de concessionárias. A manutenção será cada vez mais personalizada.
“Uma nova geração de caminhões muito mais eficientes, ainda mais corretamente especificados, menos poluentes, ajudará a diminuir as ineficiências atuais de toda a cadeia do transporte, e estarão no mercado em 15 anos. Esses fatores trarão um valioso ganho para a sustentabilidade.” O apelo pelo tema vai aumentar, e uma boa notícia é que o mercado terá combustíveis alternativos numa escala maior. Nos próximos anos, o transportador que oferecer soluções alinhadas às necessidades do meio ambiente vai conseguir melhores contratos de longo prazo.
“Uma iniciativa lançada agora, na qual acredito, terá grande impacto no fim da próxima década: é o leasing operacional com opção de compra. Essa modalidade trará uma mudança na cultura de propriedade, que é muito forte no Brasil. O leasing e outras soluções financeiras farão com que o transporte seja mais personalizado, com veículos específicos para tipos de aplicação e determinado período de contrato”, detalha. É um processo que vai desencadear maior concentração de grupos operadores no setor, que não terão necessariamente frota própria, pois poderão sublocar pequenos e médios transportadores ou alugar veículos para atender à demanda. O Brasil estará mais próximo da Europa, nesse sentido.
“Vejo com tudo isso várias oportunidades para as fabricantes de veículos comerciais, pois o transportador estará ainda mais focado em seu negócio, que é otimizar a logística e promover melhorias em seus processos. Enquanto o fabricante, além de oferecer produtos altamente eficientes, será um parceiro ainda mais relevante no atendimento de todas essas necessidades”.
Para isso ser alcançado, Carlbaum acredita que o principal é tirar do papel os investimentos públicos e privados em infraestrutura para todos os modais de que o Brasil necessita há décadas. “É preciso que o governo tenha isso como prioridade, para pôr em prática essas ações de forma planejada. A melhoria das estradas brasileiras é algo urgente. Apenas essa ação tornará o TRC mais eficiente e rentável”.
Outro ponto crucial, para ele, é um programa de renovação de frota. “O sucateamento de caminhões tende a ser cada vez maior.” Não há como pensar no futuro do TRC sem um projeto consistente de renovação de frota. Caminhões com tecnologias mais modernas oferecem soluções para tornar a logística e o consumo mais eficientes, portanto alinhados ao conceito de sustentabilidade. “Daqui a 15 anos não será admissível termos uma frota rodoviária com idade média de 17 anos, como é hoje”.
A indústria de veículos comerciais vem fazendo sua parte e confirma sua vocação para desenvolver produtos específicos para tipos variados de aplicações e movidos a combustíveis alternativos. Mas, para dar continuidade a esse avanço, são necessárias melhores condições para o negócio. “Cito algumas soluções para isso: ICMS, pedágio e remuneração diferenciados para os proprietários. Na outra ponta, condições mais atrativas para a indústria e seus fornecedores. Em contrapartida, enquanto a cadeia do transporte não olhar para a sustentabilidade como um diferencial competitivo, não haverá mudança”, sentencia Carlbaum.
“Não podemos nos esquecer do motorista.” Para ele, é preciso continuar havendo investimentos em formação e treinamento, e pela valorização da profissão para atrair novos condutores. “Sendo bastante otimista com o futuro, os operadores do transporte de cargas vão dar o maior salto de profissionalização da história”, acredita.
Segundo o executivo, a TRANSPORTE MUNDIAL deve manter sua posição como um importante agente multiplicador de notícias, conceitos e boas práticas em toda a cadeia do transporte. “Se me permitem uma proposta, eu gostaria de ver mais mesas de debates entre os líderes da nossa cadeia com o intuito de transformar o TRC e fomentar sua crescente profissionalização. Vejo a revista como catalisadora dessas mudanças desejadas, pois a TM atinge toda a cadeia e forma opiniões. Aproveito para agradecer à equipe pelo apoio ao nosso importante mercado, que movimenta o Brasil. Os cumprimentos da Scania pelos 15 anos de história.”
O Especial 15 anos é composto por três partes, não deixe de conferir as próximas no site.