Veja as cinco razões para valorizar o caminhoneiro

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Uma das principais queixas dos motoristas de caminhão é a falta de reconhecimento da profissão. Mas por que é tão importante valorizar o caminhoneiro? A resposta é simples. Sem eles todos os serviços deixariam de funcionar com eficiência. Dessa forma, em pouco tempo o caos se instalaria no País.

Provas para isso não faltam. A greve realizada no País, em maio de 2018, é um exemplo. Em outras palavras, os 10 dias de paralisação desestabilizaram o abastecimento de produtos. Como consequência, deixaram os brasileiros sem combustível. E inseguros em relação a eficiência de alguns serviços básicos, como o de saúde, por exemplo..

Outro exemplo mais recente foi a pandemia da Covid-19. Com a chegada do novo coronavírus, o caminhoneiro mostrou mais uma vez a sua importância. Ou seja, mesmo diante de todos os riscos os profissionais não pararam. Por esse motivo, o Brasil se manteve abastecido. E os serviços essenciais funcionaram.

Porém, apesar do papel fundamental para a movimentação da economia brasileira, o motorista enfrenta muitos problemas em sua rotina de trabalho. Como os perigos na estrada. Além de permanecer dias longe de casa.

De modo geral, não raramente o motorista de caminhão é apontado como um tipo de “vilão da estrada”. Aquele que usa drogas, ingere bebidas alcoólicas, provoca acidentes. E contribui para o congestionamento nas grandes cidades. Entretanto, pouca gente se lembra que todo tipo de mercadoria chega aos seus destinos por caminhão.

Motivos para valorizar o caminhoneiro

Circulação de mercadorias

caminhao

Dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT), de 2017, mostram que o modal rodoviário corresponde a 60% da matriz do transporte de cargas no Brasil. Assim, trata-se de uma categoria formada por profissionais que têm, em média, 18 anos de profissão. E mais de 44 anos de idade.

Contudo, essa é a primeira grande razão para valorizar os caminhoneiros. Afinal, os veículos pesados são parte fundamental na logística eficiente de circulação de todo tipo de mercadoria no País. Sem os caminhões o Brasil teria dificuldade de manter abastecido os hospitais, mercados, farmácias, aeroportos e posto de combustível. Assim como o escoamento de tudo o que é produzido.

Abastecimento do País

coronavirus

Ademais, nos tempos de pandemia onde a ordem era “ficar em casa” para evitar o contágio e salvar vidas, os motoristas de caminhão mostram mais uma vez a sua importância. Mesmo diante de todo esse cenário, os motoristas enfrentaram muitos desafios. Por exemplo, falta de locais para se alimentarem e estacionarem os caminhões com segurança. Assim como falta de disponibilidade de kits de proteção como álcool em gel e máscaras. E, ainda assim,, eles não pararam. E garantiram o abastecimento do País durante todo o período pandêmico.

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Cenário desfavorável

estradas

Ademais, para manter a logística eficiente no País, o caminhoneiro lida com diversos fatores de insegurança na profissão. O primeiro deles é a falta de locais seguros para estacionar o veículo e descansar após uma longa jornada de trabalho. Isso ocorre porque são poucas as rodovias que oferecem espaços adequados para os motoristas pernoitarem. Ou seja, a maioria dos postos de serviços disponibilizam poucas vagas. E muitas vezes cobram para permitir que o caminhão fique estacionado.

Outro fator significativo é a condição precária das rodovias do País, conforme Pesquisa CNT de Rodovias. Nesta edição, foram avaliados 107.161 km. O que corresponde a toda a malha federal pavimentada. Assim como os principais trechos estaduais, também pavimentados. Todavia, desse total, 57% dos trechos avaliados apresentaram estado geral com classificação regular, ruim ou péssima. Em outras palavras, essa situação está associada a problemas no pavimento, na geometria da via ou na sinalização.

Falta de incentivo

frota

Do mesmo modo, dados divulgados pela Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), mostram que o Brasil tem uma frota estimada em 1.746.124 veículos de cargas. Ou seja, a pesquisa é com base no Registro Nacional de Transporte Rodoviário de Carga (RNTRC).

Seja como for, desse total, 648.751 unidades, cuja idade média é de 16 anos, estão nas mãos de autônomos. Ainda de acordo com o levantamento, quando se trata da idade média da frota das empresas, o número cai para 9,5 anos.

Mudanças na legislação, como o fim da carta frete, ajudaram a tirar esses profissionais da informalidade. Porém, entraves como os juros praticados pelo mercado, instabilidade da atividade e preços dos veículos ainda desencorajam os pequenos transportadores a se arriscarem em um financiamento. Dessa forma, entra ano e sai ano e a frota em poder dos autônomos fica cada vez mais velha. Do mesmo modo, carente de renovação.

Como resultado, prejudica a eficiência do trabalho do caminhoneiro. Além de aumentar os custos com manutenção. Do mesmo modo, o combustível se torna o maior custo para os profissionais do volante.

Longe de casa

Acidente Aviso

A rotina da profissão já fez muitos motoristas perderem momentos importantes da vida da família. É comum em conversas nas estradas o motorista o caminhoneiro se queixar de não estar presente em datas importantes. Como formatura, aniversário, almoço do dia dos Pais. Ou mesmo no Natal e Ano Novo.

Esse é um dos motivos que faz a tarefa de trabalhar como motorista de caminhão estar longe de ser fácil. Afinal, adiciona-se aos dias longe da família e amigos, a falta de conforto como o do lar. Mesmo porque os caminhões mais antigos não oferecem o mesmo nível de conforto dos modelos mais atuais.

Seja como for, carreteiros veteranos contam que no passado, enfrentar a saudade era ainda mais difícil. Isso porque a comunicação dependia de telefones públicos. O que não eram encontrados em todos os locais de parada.

Mesmo a tecnologia encurtar a distância através dos telefones móveis e aplicativos, a rotina quase solitária reforça a ideia de que ingressar na profissão a cada dia parece menos convidativa. É necessário ter mais que aptidão. Mas também paixão pelo que faz. Do mesmo modo, consciência das dificuldades para não desistir da atividade na primeira viagem.